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Nacional
Segunda - 13 de Junho de 2011 às 08:05

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Álvaro Recoba, em 2002, atuava pela Inter de Milão e tinha um contrato fantástico: com 6 milhões de euros por ano, livre de impostos, ostentava o rótulo de jogador mais bem pago do planeta. O dinheiro, entretanto, não mudou os princípios de seu pai, Raúl Recoba. Com 64 anos, ele trabalha como um simples taxista, em Montevidéu, a capital do Uruguai. Em conversa com o Terra na noite de domingo, seu Raúl se mostrou antenado à decisão da Copa Libertadores, que ocorre na próxima quarta-feira no Estádio Centenário, entre Peñarol e Santos.

"Há um jogador que pode fazer a diferença neste jogo. É Neymar. De qualquer forma, ele vai fazer um gol ou dar um passe perfeito. Alguns lances de perigo para o Santos ele garante, então você não pode marcá-lo individualmente", acredita Raúl, que prefere não dar palpites e conhece bem a equipe brasileira. "Também tem o Paulo Henrique Ganso, o amigo do Neymar. É muito bom jogador, mas soube que está machucado", acrescenta. De fato, o camisa 10 só deve atuar na finalíssima, em 22 de junho, no Pacaembu.

O bom nível de informação sobre futebol que Raúl apresenta tem justificativa desde o berço: filho de um fervoroso torcedor do Peñarol, ele foi assim batizado para homenagear Raúl Schiaffino, um dos mais populares jogadores uruguaios na década de 40 e irmão mais velho do mítico Juan Alberto Schiaffino, protagonista do Maracanazo em 1950. "Fui obrigado a torcer para o Peñarol", conta Raúl, que chegou a ser sócio do rival santista na decisão da Libertadores 2011.

Mais tarde, o futebol faria o coração do velho Raúl adotar novos caminhos, já que Álvaro Recoba, seu filho, se tornou ídolo do Nacional, o maior adversário do Peñarol. Nessa altura, aos 21 anos do filho, a família Recoba havia deixado para trás o passado de origens humildes no bairro Curva de Maroñas, também em Montevidéu, onde ele deu seus primeiros passos pelo Danubio.

Campeão uruguaio e melhor jogador do país em 1997, Álvaro Recoba foi vendido para a Inter de Milão. Raúl mudou de time: "até hoje torço pelo Nacional", conta ele, satisfeito. Afinal, neste domingo, seu clube do coração bateu o Defensor Sporting e levantou a taça doméstica pela 43ª vez. O filho, com 35 anos, retornou no último ano para o futebol do Uruguai e defende o Danubio mais uma vez. Na Europa, passou pela Inter, Venezia, Torino e Panionios, da Grécia.

Longe de ter se tornado um jogador de classe mundial, como seu talento sugeria, Recoba pode se mirar na simplicidade de seu pai. "Trabalho apenas aos sábados e domingos, mas só porque gosto. Não preciso do dinheiro. As pessoas me perguntam o porquê disso, mas acho que preciso dar exemplos para meus filhos. Faço meu trabalho com prazer", conta o simpático e hospitaleiro taxista, que habitualmente trabalha no Aeroporto Carrasco, o principal do país.

Quando estava no auge da forma, Álvaro Recoba presenteou o pai com toda uma frota de táxis de Montevidéu. Rico, Raúl se sente mais confortável dando bons exemplos com seu trabalho - voluntariamente, ele também é o tesoureiro do Estádio Centenário, por exemplo. Tem um restaurante, onde sua mulher e filha também trabalham, e pretende realizar um sonho: "quero ver meu filho novamente pelo Nacional".





Fonte: Terra

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