Vocês podem estar fartos da overdose de realeza depois do casamento de William e Kate, mas as cabeças coroadas não largam do nosso pé. Quem desembarca hoje em São Paulo é a princesa Marie Christine de Kent, casada com Michael of Kent, primo da Rainha Elizabeth II. Vem lançar, pela editora brasileira Ambientes e Costumes, seu livro Coroadas em Terras Distantes, sobre a vida de oito princesas que deixaram seus países de origem para reinar no exterior.
A obra foi lançada em 1986, mas nem por isso datou. Traz a trajetória das rainhas Maria Antonieta da França e Maria Carolina de Napóles (que, detalhe, eram irmãs) e das imperatrizes Eugênia da França, Vitória da Alemanha, Catarina II da Rússia e a penúltima imperatriz de todas as Rússias, Maria Feodorovna, que, aliás, tem uma afilhada de batismo no Rio, queridos - a bailarina russa Tatiana Leskova, que em seu apê em Ipanema possui o certificado de batismo...
Marie Christine também aborda no livro a vida da primeira imperatriz do Brasil, Dona Leopoldina, sobre cujo túmulo, no Monumento do Ipiranga, em São Paulo, a autora depositará flores. A próxima parada será o Rio, onde faz noite de autógrafos no Iate Clube. Também está prevista uma pequena palestra no Museu Imperial de Petrópolis, a convite do diretor Maurício Ferreira.
A princesa tem laços tão fortes com o Brasil e será homenageada com diversos jantares em casa de amigos locais, como o polêmico investidor financeiro Nagi Nahas, que lhe abre as portas de seu palacete, em São Paulo, neste sábado (7). Ela mesma é uma figura controversa nos corredores reais ingleses; o Príncipe de Kent teve de abrir mão de seu lugar na sucessão de Elizabeth II para desposar a católica Marie Christine - na Inglaterra, herdeiros do trono são potenciais chefes da Igreja Anglicana, portanto não podem ser casar com católicos.
Os Kent são pais de Lady Gabriella de Windsor, que vez por outra desembarca no Rio para escrever matérias de turismo para publicações europeias e fazer trabalho voluntário em comunidades carentes da cidade - o último foi na obra de Yvone Bezerra de Mello. A família estava entre os 1900 convidados da Abadia de Westminster, no casamento do ano, mas, ao contrário da noiva, Marie Christine é nobre até o último fio de cabelo - nasceu baronesa von Reibnitz, na República Tcheca, de mãe condessa austro-húngara e pai barão.
Quando os pais se separaram, ela se mudou para a Austrália com a mãe, que abriu um salão de beleza. Já grandinha - e como é grande, alta, loura e bonita -, foi para África reencontrar o pai e de lá partiu para Londres, onde fez curso no Victoria and Albert Museum e trabalhou como designer de interiores. Lá se casou com o banqueiro Thomas Troubridge, de quem se divorciou para cair nos braços de seu príncipe, em 1983 - uma trajetória digna de biografia.
Dona de um humor ácido, Marie Christine nem sempre teve lá as melhores relações com a família real, sobretudo depois que disse numa entrevista que ela era a pessoa que mais tinha sangue real nas veias do que qualquer pessoa a ser casar com um membro da realeza inglesa desde o Príncipe Philip, marido da Rainha Elizabeth. Também é uma adoradora de gatos num ambiente em que o cão é o melhor amigo das Altezas.
Em outra ocasião foi flagrada por um repórter disfarçado de comprador de sua casa, que registrou comentários da princesa sobre a finada Diana, chamando-a de "desagradável" e "amarga". Também foi acusada de fazer ofensas racistas num restaurante em Nova York, das quais se defendeu com indignação. Tanto o marido como ela - que, além dos livros, dá palestras sobre História no mundo todo - trabalham duro para manter o padrão altamente aristocrático. E ninguém como os Kent sabe aproveitar a vida e cultivar amigos por onde passa.
Quem conhece o Palácio do Grão-Pará de Petrópolis provavelmente já viu um retrato do casal em rica moldura de prata, presente da visita que fizeram em 1987 ao Príncipe Pedro Gastão de Orleans e Bragança, costume típico da nobreza europeia.
Dona Leopoldina, cujo desembarque serve de capa para a edição brasileira do livro, foi a primeira mulher a governar o Brasil, mesmo que só na ausência de D. Pedro I, como no episódio em que desatou nossos laços com Portugal antes de o marido dar o famoso Grito do Ipiranga. Talvez seja esse o real motivo pelo qual o Consulado Português do Rio recusou o Palácio São Clemente para o lançamento.

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