Forças de Gaddafi deixam porto de Misrata em chamas

O porto de Misrata, cidade rebelde líbia cercada pelas forças governistas, ficou em chamas neste domingo, após violentos bombardeios das forças leais ao ditador Muammar Gaddafi. Testemunhas citadas pelas agências de notícias disseram que ao menos dois morreram nos bombardeios.

O porto é essencial para o abastecimento de Misrata, cercada há dois meses pelas tropas do governo e que teve todos os acessos terrestres cortados. Ela já tinha sido atingida por foguetes na manhã de domingo, por volta das 06h15 (1h15 em Brasília), sem grandes estragos e vítimas.

Pouco antes das 18h00 (13h de Brasília), dezenas de foguetes atingiram a cidade e destruíram a entrada principal, patrulhada por combatentes rebeldes. O ataque deixou ao menos dois mortos, segundo moradores de Misrata e jornalistas ocidentais no país.

O ataque das forças pró-Gaddafi foi retomado por volta das 18h40 (13h40 de Brasília), com violentas explosões que podiam ser ouvidas à distância.

Durante a tarde, a partir das 14h00 (09h de Brasília), os soldados leais a Gaddafi bombardearam as imediações do aeroporto, onde os principais combates foram travados nos últimos dias.

Centenas de refugiados africanos que aguardavam sua retirada estavam muito próximos do porto, em um campo improvisado. Não há informações se algum dos ataques atingiu o local.

Embarcações com ajuda humanitária, incluindo um navio da OIM (Organização Internacional para as Migrações), deviam embarcar cerca de 900 refugiados, que esperam desde sábado (30) a autorização da Otan para entrar na área.

ARMAS

A Líbia disse neste domingo que atacou o porto de Misrata, principal ponto de comunicação dos rebeldes com o mundo, para impedir que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) entregue armas aos rebeldes.

"A Otan tentou romper o bloqueio imposto pelas Forças Armadas líbias no porto de Misrata. A Aliança tentou também entregar armas e suprimentos às gangues de criminosos usando vários veleiros. Mas ela foi bombardeada, o que a forçou a fugir para o mar", disse a TV estatal.

O regime líbio já ameaçara na sexta-feira (29) atacar qualquer embarcação que entrasse no porto de Misrata, advertindo que a ajuda destinada à cidade deverá ser enviada "por via terrestre e sob a supervisão do Exército".

Um porta-voz rebelde disse que as forças de Gaddafi atacaram com foguetes Grad, impedindo um navio de ajuda humanitária de desembarcar sua carga.