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Nacional
Segunda - 28 de Março de 2011 às 15:20

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A poddle branca Ivy passeia tranquilamente entre os carros no galpão da Blindarte, em Alphaville. Ela é a fiel escudeira de Paulo Pin, 65, pai de David Pin, 33, o fundador da empresa que blinda carros de luxo. Apesar do assunto ser segurança, o clima é de descontração.

Ali trabalham também a mãe, a irmã e um tio de David. Durante seis dias da semana, a família cumpre uma rotina puxada. A missão: manter a posição atual da empresa. Ao lado da G5, Guardian e Master, a Blindarte está entre as maiores no setor de blindados no país.

Os números sobre esse tipo de carro no Brasil são poucos e começaram a ser coletados a partir de 1995 pela Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), que reúne 70% das empresas e fabricantes.

Naquele ano, foram blindados cerca de 400 carros e, em 2009, o dado mais atual, 6.926 unidades. Para este ano, estima-se um crescimento de 10% no setor.

David montou a Blindarte quando o negócio engatinhava no país, em 1997. "Fui fazer intercâmbio nos Estados Unidos e voltei com isso na cabeça, pois a família que me hospedou lá trabalhava na indústria bélica", conta.

A viagem para o exterior foi fundamental na mudança de rumo. David sonhava em ser ator. Chegou a participar das gravações da novela "Direito de Nascer", do SBT (que não foi ao ar).

Entrou para a faculdade de engenharia civil e ficou alguns meses aprendendo o ofício da blindagem na fábrica de um amigo. Aos 19 anos, para começar o negócio, pediu dinheiro emprestado do pai, que na época trabalhava com construção civil. Recebeu R$ 50 mil como investimento inicial.

No começo, pegava os carros dos amigos e o boca a boca fez a clientela crescer. Hoje, recebe o valor do investimento a cada blindagem que faz. São cerca de 40 veículos por mês. Se for um conversível, o preço sobe para R$ 80 mil.

O processo é controlado pelo Exército e o cliente tem de apresentar diversos documentos, entre eles atestado de antecedentes criminais da Justiça Federal, Estadual e Militar. Se for aprovado, a blindagem é autorizada.

"Assim evita-se que os carros sejam usados para o crime", diz Christian Conde, presidente da Abrablin.

Ele não fala em faturamento nem de salário. David é discreto, não ostenta joias, nem roupas de grife no trabalho. Na garagem, ele tem uma Mercedes-Benz SL conversível (blindada, é claro) e um Smart. O que para ele também é parte do negócio. "Compro e vendo, por isso troco muito de carro", diz David.

Estados que mais blindam

1º São Paulo: 66%
2º Rio de Janeiro: 22%
3º Minas Gerais: 5%

Preços: R$ 50 mil a R$ 80 mil

Carros blindados por mês no país: 500

Modelos mais blindados no 1º semestre de 2009

1º Corolla (Toyota)
2º Captiva (General Motors)
3º Vera Cruz (Hyundai)

Produção anual no país
1995 - 388
2000 - 3.601
2009 - 6.926
2010 - 3.432 (primeiro semestre)

Fonte: Associação Brasileira de Blindagem

A blindagem em etapas

1 - O carro é coberto por um plástico para não arranhar. Depois desmontado por inteiro. Toda a parte elétrica é desconectada. As peças são colocadas em sacos e etiquetadas

2 - A parte interna do carro é toda forrada por uma manta fibrosa à prova de balas. Áreas menores, como o entorno das portas, são protegidas por uma placa de aço

3 - Os vidros blindados são colocados. Eles têm cerca de 19mm e são feitos de policarbonatos (compostos plásticos). Devido ao peso, é preciso colocar um amortecedor hidráulico para que ele possa subir e descer

4 - Os bancos são os últimos a ficar no lugar. Com toda a estrutura de blindagem, o carro ganha cerca de 200 kg.






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