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Policia MT
Quinta - 24 de Março de 2011 às 15:43

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MidiaNews/Reprodução
Em abril de 2010, Abinoão (destaque) chegou a ser levado ao PSM, mas morreu; Shirley quer Justiça
Em abril de 2010, Abinoão (destaque) chegou a ser levado ao PSM, mas morreu; Shirley quer Justiça

A viúva do soldado Abinoão Soares de Oliveira, Shirley Tibúrcio, classificou, nesta quinta-feira (24), em entrevista ao MidiaNews, como "uma lástima" a decisão do juiz José Arimatéia Neves Costa, de negar o pedido de prisão feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra sete militares denunciados pela morte do militar de Alagoas.

Por telefone, de Brasília, onde mora atualmente, Shirley revelou que a negativa da prisão entristeceu a família, mas que a decisão da Justiça não acabou com a esperança de que os acusados sejam punidos. "A família fica abalada, mas, na verdade, já esperávamos que eles [militares denunciados] não fossem presos agora. São muitos os acusados. Mas, acreditamos que a justiça será feita", disse.

A viúva disse que acompanha o caso de perto e que não vai descansar até que a Justiça seja feita. "Eu estou sempre de olho no processo, acompanho tudo de perto. Os acusados podem saber de uma coisa: vou ser uma pedra no caminho dos assassinos do meu marido. Não vou descansar até que a punição seja feita", desabafou.

Shirley Tibúrcio disse acreditar que a negativa do juiz Arimatéia para negar o pedido de prisão pode ter sido causada pelo corporativismo presente nas esferas judiciais. "Sei que nesse meio o corporativismo é grande. Eu acredito no MPE e agradeço aos policiais que levaram a investigação adiante", disse.

De acordo com a viúva, além da situação emocional, a situação financeira da família também passa por dificuldades. "Meus filhos e eu estamos vivendo em Brasília, com uma pensão de R$ 1,4 mil, que o Estado paga. Até hoje, as indenizações não foram pagas. Nem a do Estado de Alagoas,  nem a da Força Nacional, para a qual Abinoão estava prestando serviço", revelou.

Shirley explicou que os processos sobre as indenizações correm em  separado. A Força Nacional terá que a pagar uma indenização de R$ 100 mil para a família do soldado. Ele era soldado da Polícia Militar de Maceió, mas prestava serviço para a Força, na época em que foi morto.

Cabe ao Estado de Alagoas pagar uma indenização no valor de R$ 45 mil para a família. "Ligaram da Força Nacional, na terça-feira (22), e falaram que a indenização já foi liberada. Só que, até agora, não recebi nada. A indenização de Alagoas, não sabemos quando sairá. A última informação que tive é de que o Estado não tem verba para pagar os R$ 45 mil, quantia que foi estipulada pela Justiça", disse.

Entenda o caso

A denúncia contra os sete militares foi feita pelo MPE, pelos promotores Vinícius Gahyva Martins e Ana Cristina Bardusco, responsáveis pela ação. Outros 22 militares também foram denunciados. Abionão morreu durante um treinamento do Bope, tropa de elite da Polícia Militar, no ano passado.

Tiveram a prisão preventiva negada os tenentes Carlos Evane da Silva, Heverton Mourett de Oliveira, Arnaldo Ferreira da Silva Neto, Dulcésio Barros Oliveira, Ernesto Xavier de Lima Júnior, o major Aluisio Metelo Júnior e o capitão Ricardo Tomas da Silva.

Para justificar a negativa da prisão preventiva, o juiz Arimatéria argumentou que a gravidade do crime, por si só, sem outros elementos, não fundamenta a prisão preventiva. Afirmou ainda que a grande repercussão do caso na imprensa nem o "clamor social decorrente do crime" também não justificam a prisão dos acusados.

Na denúncia, o promotor Vinícius Gahyva alega que as prisões preventivas são necessárias para a "manutenção da ordem pública e conveniência da instrução criminal", pois acredita que os acusados podem atrapalhar o andamento processual, caso continuem em liberdade.

O MPE informou, por meio de assessoria, que não vai recorrer da decisão do juiz, a fim de promover mais rapidez no andamento do processo.

A morte do soldado

O soldado Abinoão Soares morreu no dia 24 de abril de 2010, durante um treinamento na região do Lago de Manso, a 20 km de Cuiabá. Na época, foram instaurados dois inquéritos, sendo um civil e um militar, para apurar as responsabilidades sobre a morte.

Dos 29 denunciados pelo MPE, 17 são acusados por tortura e tortura seguida de morte, sendo que os outros 12 militares respondem por torturas diversas.

As investigações mostraram que, nos três primeiros dias do curso, ocorreram práticas constantes de tortura, com "métodos repugnáveis", com o objetivo de agredir participantes selecionados pelos agressores.






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