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Opinião
Segunda - 03 de Abril de 2017 às 07:30
Por: Eduardo Gomes

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Guerreiros arrasam uma aldeia e matam seus moradores. Um menino sobrevive e com sua lança olha para o comandante do ataque. Esse debocha de sua atitude: - Com essa lancinha você pode enfrentar minha tropa? O pequeno responde: - Não, mas deixo claro de que lado estou. Este texto sobre a valentia de um curumim traduz a pirogravura que vi num restaurante à beira da Cuiabá-Santarém, em Novo Progresso (PA).

Na terça-feira, 31 de março de 1964 as Forças Armadas depuseram o presidente Jango Goulart. A tomada do poder ocorreu sem derramamento de sangue e com o povo nas ruas aplaudindo a ação militar.

Com a vacância da Presidência e cumprindo a Constituição o Congresso elegeu o marechal Castelo Branco presidente. Começava ali um ciclo de governo que se arrastaria até 1985 com generais se revezando no poder.

Os militares tentavam evitar a continuidade da corrupção, que não foi a principal razão para derrubar Jango. O presidente caiu porque optou pelo comunismo num período em que o mundo se dividia em dois blocos: um liderado pelos Estados Unidos e outro pela União Soviética.

O bipartidarismo com a Arena governista e o MDB de oposição foi criado pelos militares. Quase todos os políticos mato-grossenses ou foram arenistas ou são filhos de seus ex-militantes. Mato Grosso fez opção pelo poder e, além disso, importou figuras ligadas a ele e que mais tarde seriam notáveis. Aqui na Terra de Rondon, com o fim do movimento de 1964 houve debandada para os partidos comunistas e assemelhados.

Com a redemocratização a história do período anterior passou a ser escrita com o fígado pelos esquerdistas. Os textos sepultam os avanços sociais, o desenvolvimento econômico, o sistemático combate ao crime organizado e o colarinho branco. Quem ousa questionar a distorção histórica tromba com a suspeitíssima ordem institucional vigente.

Longe da grandeza expressada pela pirogravura no Pará e sem buscar analogia a ela, mas ao meu modo também empunho lança diante do opressor. Na minha sala de trabalho em casa tenho na parede o único diploma que conquistei em 66 anos. Trata-se da minha diplomação enquanto vereador na minha pequena cidade mineira de Alpercata, pela generosidade de seu povo, que em 1972 – quando já estava com os dois pés em Mato Grosso – me elegeu pela Arena. O documento leva a chancela do saudoso juiz Joaquim de Assis Martins Costa, da 54ª Zona Eleitoral de Minas e um dos vultos mais respeitados da magistratura mineira.

Na terceira idade, com minha fraqueza, erros, limitações, pobreza de peão de redação, sem amparo de instituições, sem filiação partidária e sem sobrenome nobre, pouco posso fazer para que o país se reencontre. Mas o Diploma de Vereador pela Arena na parede mostra que na minha juventude participei da construção de um novo Brasil verdadeiramente para os brasileiros. Transcorridos 53 anos de 31 de março de 1964 ergo um brinde àquela data nesta terra ora sem rumo, sem ordem, mergulhada em mamatas institucionais, solapada pelo politicamente correto e que precisa se reencontrar, ser passada a limpo antes que seja tarde demais.

Eduardo Gomes de Andrade é jornalista

eduardogomes.ega@gmail.com



Autor

Eduardo Gomes
eduardogomes.ega@gmail.com http://www.mtaquionline.com.br/

É Jornalista em Cuiabá

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