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Opinião
Sexta - 16 de Abril de 2021 às 06:38
Por: Karin Krause Boneti

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Já percebeu como temos a tendência de falar sobre herpes em voz baixa – como se ter herpes fosse um sinal de vergonha? Quando se trata de herpes recorrente (ou de repetição), por vezes, cresce ainda mais a tentativa de controlar e/ou esconder a doença. Contudo, essa infecção viral, apesar de contagiosa, é uma das mais comuns do mundo e pode ser tratada.

Conforme explica a médica dermatologista Karin Krause Boneti, antes de tudo, é preciso entender que existem oito subgrupos de infecções pelo herpes vírus humano (HHVs): vírus do herpes simples (HSV ou HHV-1 e HSV ou HHV-2), Varicela-Zoster (VZV ou HHV-3), Epstein-Barr (EBV ou HHV-4), citomegalovírus (CMV ou HHV-5) e, por fim, mais três vírus recém-descobertos, mas sem muitas especificações cientificamente comprovadas (HHV - 6, 7 e 8).

“O HHV-1 é o herpes labial e o HHV-2 é o genital, porém tanto o tipo 1 quanto o tipo 2 podem afetar a região labial e genital. Já o HHV-3 nós conhecemos como varicela (‘catapora’) e costumamos pegar na primeira infância. Contudo, o vírus fica latente no trajeto de um nervo. Na fase adulta, quando se tem baixa de imunidade, pode reativar e se manifestar como Zoster – é o popular ‘cobreiro’. O HHV-4 está ligado à mononucleose infecciosa e HHV-5 ao citamegalovírus”.

ENTENDA MELHOR

De acordo com dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3,7 bilhões de pessoas com menos de 50 anos têm herpes tipo 1 no mundo – ou seja, cerca de 66,6% da população mundial de 0 a 49 anos. Enquanto que 491,5 milhões de pessoas apresentaram infecção por HSV-2, o equivalente a 13,2% da população mundial de 15 a 49 anos.

“Agora, se pensarmos de forma ampla, em todos os tipos de herpes, cerca de 90% da população possui o vírus. A questão é que somente entre 10-15% dos indivíduos manifestam sintomas. Isto, por conta da falta de uma resposta imunológica ao vírus. Sendo assim, a grande maioria das pessoas acaba tendo episódios de herpes em períodos de baixa de imunidade – como estresse emocional ou após queimadura solar no verão”.

A médica dermatologista pondera que um episódio recorrente costuma ser mais brando do que o surto inicial. “Os sintomas podem incluir bolhas ou feridas; formigamento ou coceira perto do local; e surtos de várias pequenas bolhas que crescem juntas e podem ser vermelhas e inflamadas. Formigamento ou calor no local ou próximo a ele costumam ser um sinal de alerta de que um episódio está prestes a ocorrer daqui um ou dois dias”.

FIQUE ATENTO

Segundo a médica dermatologista, certos alimentos contribuem para o surgimento dos episódios enquanto outros auxiliam na prevenção das crises. “Evite abacaxi, chocolate e os ‘nuts’ (castanha, amendoim e nozes), que são alimentos ricos em arginina – aminoácido que compõe a parede da cápsula do vírus. Eles desencadeiam o herpes tipo 1 e 2. Em contrapartida, alimentos ricos em L-lisina (como carne, leite e derivados) ajudam a evitar o surgimento do herpes, pois esse aminoácido tem uma estrutura semelhante ao da arginina e quando o vírus o utiliza acaba formando uma cápsula defeituosa”.

Karin ressalta que o diagnóstico e tratamento de herpes recorrente deve ser feito por um profissional. “Infelizmente, ainda não há cura. No entanto, o profissional examinará o caso e recomendará o melhor tratamento. Em pacientes com herpes de repetição (ou seja, mais de três episódios anuais), existe indicação de terapia de supressão viral com a combinação de medicamentos antivirais (aciclovir) com o aminoácido L-lisina por seis meses. Isso ajuda a manter o paciente sem episódios por cerca de três anos”.

Karin Krause Boneti é médica dermatologista.



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