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Opinião
Segunda - 02 de Agosto de 2021 às 10:46
Por: Roberto de Barros Freire

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Bolsonaro já sabe que irá perder as próximas eleições. A cada dia mais pessoas abandonam o barco furado do presidente. Muitos dos seus eleitores tomaram consciência do atraso que ele representa e dos males que pratica no país, e não pretendem votar novamente nele. Educação, saúde, meio ambiente, direitos humanos e até mesmo a economia estão de mal para pior, afora a CPI, um calcanhar de Aquiles que tem revelado a corrupção que ocorre solta no seu governo.

Diante desses fatos, ele vem articulando um golpe, tentando anular as eleições, invalidá-las ou mesmo impedi-las que ocorra. Para tanto propaga insistentemente a mentira de que as urnas eletrônicas podem ser fraudadas, coisa que nunca ocorreu desde 1996 no seu surgimento, e que é necessário o voto impresso para que as urnas possam ser auditável. O fato é que essa ideia de que, sem voto impresso, não podemos ter eleições ou não vamos ter eleições confiáveis, na verdade, esconde uma intenção subjacente de melar o processo eleitoral. O voto impresso sim é que pode dar instrumento para uma narrativa que tentará colocar em xeque os resultados. Ora, contrariamente ao que Bolsonaro alega de forma mentirosa, as urnas eletrônicas são auditáveis, e não faltam provas para mostrar que elas são confiáveis e invioláveis.

O presidente revelou-se desesperado diante da perda de popularidade que vem sofrendo e por ser alvo de denúncias de suspeitas de irregularidades e corrupção na compra de vacinas

O presidente revelou-se desesperado diante da perda de popularidade que vem sofrendo e por ser alvo de denúncias de suspeitas de irregularidades e corrupção na compra de vacinas. No espetáculo burlesco de sua live semanal, as únicas provas apresentadas por Jair Bolsonaro sobre a fragilidade das urnas eletrônicas foram de que o presidente é dado a paranoias e teorias da conspiração. O máximo que conseguiu é deixar a sociedade perplexa com o nível das bizarrices apresentadas. Prova é que temos um presidente louco e mentiroso, pegando informações que já foram refutadas até mesmo pela polícia federal.

O país em uma situação terrível e o mandatário simplesmente questionando voto em urna eletrônica. Total desgoverno e que revela que infelizmente o presidente não tem nenhum projeto para resolver os problemas graves em que estamos vivenciando, e assim procura inimigos imaginários para não enfrentar os verdadeiros problemas.

E desconsiderando que o voto eletrônico é sim auditável, quer inverter o ônus da prova; ao invés de provar que as urnas são violáveis, quer que provemos o que já foi provado, que elas são seguras, invioláveis, auditáveis. Em suma, Bolsonaro espalha novas mentiras sobre a atuação do Congresso na aprovação do fundo eleitoral, acusa integrantes do Supremo de conspiração e volta a divulgar informações falsas para tumultuar a realização das próximas eleições.

As acusações do presidente demonstram que sua preocupação, ao exigir o voto impresso, está mais em gerar desconfiança no processo eleitoral do que em melhorar a segurança das urnas efetivamente. Acuado pelos levantamentos eleitorais, Bolsonaro passou a fazer declarações golpistas que colocam em dúvida a realização do pleito do próximo ano. Afirmando que existe no país uma demanda por legitimidade e transparência nas eleições, e que as pessoas querem o voto impresso, o presidente repete a mentira de que a contagem das eleições hoje seria secreta e de que quer uma apuração pública, algo que não faz sentido, pois atualmente o processo de totalização dos votos já pode ser auditado, inclusive com um registro impresso, que é o boletim da urna.

Na verdade, tirando Bolsonaro e os bolsonaristas, ninguém quer o voto impresso, um custo a mais e que amplia antes a insegurança eleitoral. Esperemos que o congresso, que não se caracteriza pelo bom senso, haja visto o fundo eleitoral aprovado pelo mesmo, não caia na tolice de aprovar essa excrescência bolsonaristas do voto impresso.

Roberto de Barros Freire é professor do Departamento de Filosofia/UFMT



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