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Opinião
Segunda - 18 de Março de 2024 às 00:10
Por: Marcelo Augusto Portocarrero

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Estou me adaptando. É difícil, mas a gente tem que se conformar com o que é possível e esquecer o que aos poucos não conseguiremos mais fazer.

Então, a partir de um certo momento, aquele impossível de ser determinado, passou a ser importante medir o passo pelo novo tamanho das pernas, que parecem estar encolhendo.

Isso sem falar da dificuldade de carregar as coisas mais pesadas por depender da força dos braços, razão pela qual também passou a ser preciso deixa-las para os outros.

Depois vem a falha na memória, mas não em razão dela estar faltando e sim porque está cada vez mais difícil acompanhar tudo o que está acontecendo ao redor.


Do passado a gente lembra bem, basta fazer um esforçozinho que a memória funciona, mesmo que no tranco. De qualquer forma seguimos adiante, tentando pelo menos entender o que os outros dizem.

Enquanto isso, o tempo e a vida vão passando como se os dias não fossem tão importantes. Parece que tudo está ficando mais rápido, tanto que os anos estão passando tão apressados quanto um arco-íris em dia de chuva de verão.

Como dizia meu pai, o tempo vai passando e a gente vai ficando … ficando … ficando cada vez mais sozinhos, mesmo que na companhia de outras pessoas.

Então, é ora de começar a administrar o tempo da mesma forma que ele insiste em nos controlar, tal qual o carcereiro do corredor de onde não há possibilidade de volta para os sentenciados.

É complicado…, aliás essa é a resposta que a gente costumava ouvir quando era criança ao perguntar a um adulto o que significava aquilo que ele estava falando.

Pois é, depois de uma certa idade a gente descobre que tudo fica mais complicado. O segredo talvez esteja em saber reduzir paulatinamente o ritmo, desacelerar aos poucos e – de vez em quando – até dar um ou outro passo para trás de modo a poder continuar tocando a vida, agora bem mais devagar.

Querendo chegar ao infinito e ir além, como diz Buzz Ligthtyear, o astronauta, personagem de Toy Story, a gente vai precisar manter a resiliência, coisa que também costuma ir se esvaindo com a idade. Isto tudo sem falar da necessidade ainda maior de contar com a paciência dos outros, sejam eles a esposa, o marido, filhos, amigos ou cuidadores.

O importante mesmo é seguir em frente. Só não pode levar tombo, ter pneumonia nem diarreia, situações que dependem mais de nós que dos outros. De resto, seja o que Deus quiser…

Marcelo Augusto Portocarrero é engenheiro civil.



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