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Opinião
Terça - 31 de Maio de 2011 às 14:31
Por: Lourembergue Alves

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É grande a importância de um partido político no jogo político-eleitoral. Bem mais para a democracia.

Até mesmo pelo seu papel de também servir de intermediário entre os governantes e os governados. Isso obriga cada uma das siglas existentes sempre a ter como norte o seu programa, estatuto e as teses que defende. Tripé de realce da sua própria identidade. Tanto que é através desta RG partidária que se pode diferenciar uma agremiação da outra. Ainda que seja comum o enganar-se. Aliás, durante muito tempo se enganou com o PT, ou este enganou a todos. Pois vendia uma imagem completamente distinta da que se pode visualizar no atual álbum de fotografias político-partidário.

Desgarrado das trincheiras da sociedade. Mais preso aos caprichos de determinados chefetes. Daí o pragmatismo exacerbado e o ostracismo como instrumento para afugentar os adversários. 
 
Situações bastante presente nas táticas dos governos petistas. Sempre a esconderem os feitos das administrações Itamar Franco e FHC. Feitos que lhes garantiram passar incólume pela recente crise mundial. Apesar dos estragos por essa mesma crise na Europa e nos Estados Unidos. 
 
Curiosamente, essas mesmas táticas são utilizadas igualmente nas brigas internas, entre um grupo e outro de petistas. Nenhuma querela é mais emblemática que a ocorrida em Mato Grosso, envolvendo a turma da professora Serys Marly e a do professor Carlos Abicalil. Antiga, porém mais aguda por ocasião das eleições de 2010, quando a senadora pleiteava candidatar-se a reeleição. Barrada que fora pelo então deputado federal, que também almejava disputar a senatoria.  Uma prévia – equivocadamente aceita pela professora – não diminuíram os ânimos. Ao contrário. Os reascenderam mais e mais. Pois Serys, de acordo com o noticiário, pedira votos para os adversários do seu colega de partido, e este, obviamente, quase não a mencionava como candidata à Câmara Federal. 
 
Apurados os votos das urnas, contataram-se as derrotas de ambos. Restavam a eles, agora, recolherem os cacos, e, juntos, repensarem o partido no Estado. Tarefas dos verdadeiros líderes. Acontece, no entanto, o que se teve foi um prolongamento da luta interna, com a Comissão de Ética do PT a pedir a expulsão da Serys por “infidelidade partidária”. Pedido que foi analisado pela Executiva Estadual (30), cuja maioria composta de gente do Carlos Abicalil. O resultado esperado, porém, foi substituído pela suspensão da ex-senadora por um ano. Penalidade que a retira do páreo de 2012, pela prefeitura de Cuiabá. 
 
Embora haja uma porção de siglas querendo a professora em suas fileiras. Siglas que vão do PSOL até o PCdoB, passando pelo PMDB e PSD. Estes dois últimos carecem de nomes fortes na disputa da Capital mato-grossense – o maior colégio eleitoral do Estado. 
 
Quadro elucidativo. Pois traz à luz a relevância de Serys para o cenário político-regional. “Bem maior”, no dizer de um missivista, “que o próprio PT”. Pois ela “tem um brilho próprio”. Reconhecido, inclusive, pelos petistas históricos – atualmente sem voz e sem vez dentro da agremiação. 
 
Diante disso, esta coluna se atreve a dizer que o melhor para a professora e ex-senadora seria a saída do partido, a despeito dos seus vinte anos de filiação. História partidária que, por si só, já faz da suspensão uma penalidade injusta, imerecida e relembra velhas práticas da antiguidade, onde o ostracismo era a arma utilizada contra os adversários. Nunca, no entanto, o diálogo e o entendimento – específicos dos tempos de hoje.              

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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