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Educação/Vestibular
Segunda - 13 de Setembro de 2010 às 15:16
Por: Patrícia Neves

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Vinte e cinco professores cegos e outros 25 videntes participam nesta segunda-feira (13.09) até o próximo sábado (17.09), do curso de “Tecnologia Informática Assistiva para Alunos com Deficiência Visual”, promovido pela Gerência de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá. O evento é promovido pela Gerência de Educação Especial, com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

O curso, pioneiro em Mato Grosso, terá como instrutor o professor e analista de sistemas Sandro Laina Soares, servidor de carreira do Ministério Público do Rio de Janeiro e que atua junto ao Instituto Benjamin Constant, que é um centro de referência nacional para questões da deficiência visual.

“A informática está intimamente ligada ao dia a dia das pessoas. A Seduc, preocupada diante desse quadro, traçou um curso que poderá delinear um novo panorama para esses professores que também poderão atuar como multiplicadores do conhecimento adquirido aqui”, explica o especialista Marcino Benedito de Oliveira, que atua na Gerência de Educação Especial.

Durante o treinamento os professores irão aprender a trabalhar com o Windows e Internet Explorer. Para tanto, irão utilizar aplicativos para a leitura dos comandos como o Jaws (da Freedom Scientific), o Virtyal Vision e NVDA. Os sistemas funcionam por meio de um teclado comum, e o som é emitido através da placa de som, por meio de um sintetizador eletrônico. Nenhuma adaptação especial é necessária para que os programas funcionem e possibilitem a utilização do computador pelo deficiente visual.

Professor Sandro, cego desde o nascimento, explica que “a proposta é tornar cada vez mais o deficiente independente. Essas ferramentas os auxilia no processo de busca pela conhecimento” . O curso terá carga horária de 60 horas, sendo que 12 horas serão à distância. “Serão sugeridos um série de exercícios e eles terão a incumbência de resolvê-los e encaminharem por e-mail. A certificação só acontece mediante o cumprimento de todas as atividades”, finaliza Sandro.

Professor da rede pública há pouco mais de cinco anos, Marcelo Barcelos Rodrigues, de Alto Araguaia, se emociona diante da perspectiva do aprendizado. “Concluir uma faculdade é algo difícil, para um cego e muitas vezes nossas opções são reduzidas. Tenho acesso a computador, mas de forma tímida, com colegas ensinando, o que não garante aprendizagem adequada. Tenho esse curso com de suma importância já que são as inúmeras dificuldades que enfrentamos no dia a dia. O aprendizado vai garantir mais autonomia aos profissionais”, sintetiza.

Marcelo - vítima de glaucoma aos oito anos - contou ainda que só foi alfabetizado aos 15 anos e que, muitas vezes, a proteção excessiva da família, dos amigos, e falta de capacitação por muitos professores, impede a inclusão. “Esse treinamento não deixa de ser um reconhecimento ao trabalho que desenvolvemos. A preocupação hoje é total”, conta. Marcelo é professor de uma turma com quatro anos, sendo dois deles com subvisão e dois com a deficiência plena.

Marcelo veio à Cuiabá acompanhado da colega Silvia Aparecida Duarte. “A proposta é muito interessante. Sempre existe espaço para o aprendizado na vida de qualquer pessoa”, finaliza a educadora infantil.

Mato Grosso possui cerca de 50 profissionais cegos, sendo 15 na capital. São mais de 600 alunos com deficiência visual ou cegos. No total global, são mais de 11 mil estudantes matriculados na rede pública com algum tipo de deficiência. Desde o ano de 2000 a Seduc disponibiliza o Centro de Apoio Pedagógico (CAP) para deficientes visuais e atua em parceria com o Instituto dos Cegos e Associação dos Portadores de Deficiências.






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