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Saúde
Domingo - 11 de Julho de 2010 às 12:25

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Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) estão testando o uso da estimulação magnética do cérebro para conter a fissura de pessoas dependentes de cocaína em pó e "reorganizar" o funcionamento cerebral.

A técnica, chamada estimulação magnética transcraniana, é usada aqui desde 2006 no tratamento de depressão. Segundo os médicos, não é invasiva e quase sem efeitos colaterais.

Essa é a primeira vez que pesquisadores brasileiros resolvem investigar se os benefícios do método podem ser estendidos para dependentes crônicos da droga.

Um grupo de Israel, por exemplo, estudou os efeitos da estimulação contra a fissura provocada pelo tabaco. Os resultados mostram uma queda no desejo pela droga nos primeiros três meses.

Segundo o último levantamento da Senad (Secretaria Nacional de Políticas Antidrogas), 2,9% da população brasileira já usou cocaína ao menos uma vez na vida. E 7,7% dos universitários experimentaram a droga ao menos uma vez.

O psiquiatra Phillip Leite Ribeiro, responsável pelo teste na USP, explica que a ação da cocaína desorganiza os circuitos cerebrais, alterando o funcionamento das redes de neurônios. "A consequência é uma pessoa dependente da cocaína, com dificuldade de raciocínio e de decisão", diz Ribeiro.

COMO FUNCIONA

A estimulação magnética transcraniana é aplicada em consultório, sem anestesia. O paciente usa uma touca de natação e o médico aproxima o aparelho na região do cérebro a ser tratada. As ondas penetram cerca de 2 cm.

No caso da cocaína, o local exato da aplicação não foi divulgado por se tratar de algo ainda em estudo. As sessões são feitas durante 20 dias e duram 15 minutos. Custam, em média, R$ 400 cada uma.

Após um mês, o paciente faz tratamento para prevenir recaídas. Por enquanto, os resultados preliminares mostram que há, de fato, uma diminuição na fissura.

E, ao contrário do que parece, a estimulação magnética não provoca choques. É bem diferente da eletroconvulsoterapia -método em que o cérebro recebe uma descarga elétrica generalizada, entrando em convulsão.

"A estimulação transcraniana gera um campo magnético com uma pequena corrente elétrica. A ação é local", afirma Ribeiro.

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POUCO USADA

Segundo Paulo Silva Belmonte de Abreu, chefe do serviço de psiquiatria do HC de Porto Alegre e presidente da Associação Brasileira de Estimulação Magnética Transcraniana, embora seja reconhecida, a técnica não é muito usada no país.

"Ela tem efeitos positivos na depressão, em psicoses que provocam alterações auditivas [como esquizofrenia], no tratamento da dor fantasma. Mesmo assim, poucos centros a usam, ainda tem muito preconceito", avalia.

Para Abreu, é importante que o método seja testado para tratar outros problemas. "É uma ferramenta não invasiva que não lesa o cérebro. Quando não atinge os efeitos desejados, ela não faz mal."

Segundo Abreu, a única contraindicação é para pessoas com histórico de convulsão -a aplicação pode desencadear uma crise. Os principais efeitos colaterais são leve dor local e desconforto durante a aplicação.

O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, é mais cauteloso.

"É uma técnica que está sendo estudada para vários tipos de transtornos, mas não é totalmente eficaz. O que se sabe é que ela modifica circuitos neuronais, mas ainda não é possível dizer que resolve o problema", diz. 






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