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Saúde
Sábado - 03 de Julho de 2010 às 04:37
Por: Dulcinéia Novaes/de Curitiba

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Maicon Lenon , de 14 anos, voa em uma missão que para ele é quase impossível: chegar cedo à escola. Cada segundo é vital e parece demorar uma eternidade. Será que ele vai conseguir ou vai chegar mais uma vez atrasado na aula?

Para Ana Flávia Moura, de 14 anos, esse é o pior momento do dia. Ela sofre para levantar da cama às 6h. Fica sempre com a sensação de que não descansou o suficiente.

Ela e Maicon não estão sozinhos nessa luta diária para acordar cedo. Mas o problema começa muito antes.

Quando noite já caiu, quase às 22h, o nosso relógio biológico já recebeu o aviso: é hora de descansar. Mas os adolescentes sofrem um atraso no ritmo de dormir e acordar. E normalmente acabam sentindo sono bem mais tarde.

Conectados em videogames ou internet, eles não conseguem se desligar e acabam adiando cada vez mais a hora de ir para cama. Quando o dia amanhece, eles sofrem uma dificuldade enorme para sair da cama. E como driblar a irresistível vontade de dormir mais e mais?

São 7h de uma manhã fria em Curitiba. Na primeira aula do dia, o esforço para prestar atenção é grande. Não importa a matéria. O sacrifício de sair da cama é unanimidade. E cada um tem um drama para contar. “O meu pai me acorda. Tem vezes em que ele tem que puxar a coberta para eu levantar, porque eu não levanto”, conta Cleiton de Souza, de 13 anos.

Essa sonolência toda tem explicação cientifica. Uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com mais de 600 adolescentes de cinco escolas da rede municipal de Curitiba fez uma alarmante constatação: os alunos do turno da manhã sofrem um grande prejuízo quando comparados com os alunos que estudam à tarde.

“Eles vão para a escola com um débito diário de duas horas de sono”, aponta o doutor em neurociência Fernando Louzada, pela UFPR.

A perda é ainda maior no rendimento escolar. “Sabemos que o sono é essencial para a consolidação daquilo que a gente aprende, para formação dos arquivos de memória. Então, dormir bem após o aprendizado é fundamental”, declara o doutor Fernando.

É tão fundamental que o desempenho de Maicon Lenon, de 14 anos, na escola despencou em um período em que a hora de dormir estava fora de controle. Ele foi reprovado e repetiu o ano. Agora, tenta controlar um pouco mais o horário de ir para a cama. Mesmo assim, é comum acordar em cima da hora. “Tem dia em que eu acordo e não tenho vontade de vir para a escola, porque eu estou morrendo de sono. A vontade é de ficar na cama”, revela o estudante.

Essa vontade não é só de Maicon. A escola registrou no ano passado 150 alunos que chegaram atrasados na primeira aula do turno da manhã. E foi assim que conhecemos Ana Flávia Moura, de 14 anos: mais uma que chega atrasada. “Eu perdi o horário”, justifica a jovem.

À tarde, esse problema não existe. “Dificilmente, eles faltam a não ser por problemas de saúde, e não temos atraso também”, diz a professora Andreia Martins de Freitas.

Para o professor que fez a pesquisa com os adolescentes, o ideal mesmo seria alterar o horário das aulas da manhã. “Eu diria que o mais fácil seria atrasar o horário do inicio das aulas ou aumentar o número de aulas na parte da tarde”, defende Fernando Louzada.






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