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Meio Ambiente
Quinta - 10 de Junho de 2010 às 09:11
Por: Tania Rauber

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Queimadas é outro fator que ameaça natureza e biodiversidade do Parque Nacional
Queimadas é outro fator que ameaça natureza e biodiversidade do Parque Nacional

Além de ser famosa pelos paredões de pedras e recursos hídricos, Chapada dos Guimarães também possui uma rica biodiversidade de aves. São quase 400 catalogadas. Mas, nos últimos anos, algumas delas não foram mais vistas. Pelo menos 9 espécies já são consideradas extintas na região.

Esta realidade foi objeto de estudo do biólogo e doutor em zoologia Fábio Olmos, que apontou a ocupação e exploração descontroladas como principais ameaças as várias espécies do Cerrado.

"Isso ocorre principalmente nas áreas de campos limpos do Cerrado. Destas 9 espécies não mais vistas, 6 delas habitavam áreas abertas. As pessoas não dão a real importância ao bioma".

A atividade agropecuária é apontada como a principal ameaça para 1.065 espécies no país. Em seguida está a madeireira, que compromete a sobrevivência de 668 espécies. A caça ainda é preocupante e ameaça 400 tipos de aves, seguida da expansão urbana. "A maior decepção de quem vai conhecer a Amazônia é não ver nenhum bicho e nem aves, porque eles quase não existem mais, devido a estes fatores. Para se ter uma ideia, 35% da superfície do mundo, sem gelo, é ocupada pela atividade agropecuária".

A estudante Bianca Guimarães, 14, conta que já foi, por diversas vezes, nos pontos turísticos de Chapada dos Guimarães, mas nunca viu um animal ou ave. Somente durante uma aula, em que percorreu uma trilha no meio da mata, teve a oportunidade de deslumbrar um pássaro. "Não sei que ave era, mas foi a única vez, porque estávamos no meio da mata, sem muita gente".

E não é só ela. Jéssica Hanke, que cursa técnico em Meio Ambiente, só conseguiu observar algumas espécies durante uma aula de campo. "As pessoas afastam muito os bichos. Um dia, acompanhamos um animal ser morto por um veículo quando atravessava a rodovia".

A exploração turística na região também é apontada pelo especialista como um dos fatores que ameaça várias espécies. "Se for bem administrado, o turismo pode ser a salvação da pátria. Mas descontrolado, pode ser o fim. É só utilizarmos o Pantanal como exemplo. Se não tiver mais jacaré, a onça, as aves, o que as pessoas vão ver lá? Elas vão deixar de ir para lá. Esses bichos são ativos econômicos e vão garantir que as áreas continuem atraentes".

Ele ressaltou ainda que as pessoas devem mudar a ideia de que o turismo ambiental precisa de investimentos. "Não precisa de investimentos para estar lá. As pessoas queimam dinheiro".

Outros problemas - Olmos, que é formado em São Paulo, também citou a mudança de clima na região como consequência da interferência do homem no meio ambiente. Estudos comprovam que nos últimos 50 anos houve aumento de 1 grau na temperatura média anual. No caso de Cuiabá, nos últimos 20 anos tem ocorrido mais vezes a temperatura absoluta de 40 graus. Fenômenos estes que podem estar relacionados ao crescimento do sistema urbano, desmatamentos e às mudanças climáticas.

"Pelo menos 20% das chuvas que alimentam as áreas agrícolas na região são resultado da transpiração da floresta amazônica. Então, não adianta abrir áreas, plantar, se depende da floresta para fazer esta planta crescer e dar frutos".

Para o biólogo, o atual sistema de ocupação e exploração é resultado das políticas públicas do governo e citou a Reforma Agrária como exemplo. "Essas políticas incentivam a ocupação em áreas de florestas e criam verdadeiras "favelas no meio da floresta", já que o número de assentamentos bem sucedidos é muito baixo".

Outro fator questionado por ele são as queimadas descontroladas, como a registrada no Parque Nacional de Chapada no mês passado, em uma área de morro, conhecida como Quebra Gamela. As chamas foram destruindo tudo pela frente durante 5 dias e só foram contidas devido a ação do clima.

Mato Grosso, que é dividido em 52% de áreas de floresta, 41% de Cerrado e 7% de Pantanal, foi o Estado da federação, depois do Pará e Maranhão, com maior registro de focos de calor no ano passado. "Seria tudo mais fácil se o Código Florestal tivesse sido respeitado desde o início e essa ideia de preservação começado há 10. Mas essa região ainda tem chance de reverter essa tendência e mostrar que é possível conservar a natureza e ter lucro".

Parque - O Parque Nacional da Chapada foi criado em 1989, com a assinatura do Decreto Lei 97.656, após uma campanha nacional desenvolvida pela sociedade e que durou 3 anos. São 32.630 hectares que protegem amostras significativas dos ecossistemas locais e mais de 10 cachoeiras.





Fonte: A Gazeta

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