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Terça - 05 de Janeiro de 2010 às 01:40
Por: Fernando Duarte

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Chico Ferreira
Em algumas unidades de saúde pacientes ficaram mais de 10h na fila à espera de atendimento; muitos voltaram para casa
Em algumas unidades de saúde pacientes ficaram mais de 10h na fila à espera de atendimento; muitos voltaram para casa

Os casos de dengue estão superlotando as 5 policlínicas de Cuiabá e pacientes aguardam até 10 horas para serem atendidos. Há unidades que recebem mais de 300 pessoas por dia, sendo a maioria adulto. Por causa do aumento do número de casos da doença, pacientes com problemas considerados menos graves esperam nas filas.

Em Cuiabá são atendidos em média 40 mil pessoas por mês nas 5 policlínicas. Na do CPA 1, onde o box de emergência estava lotado na tarde de ontem, os bancos na recepção ficaram todos ocupados, fazendo com que as pessoas aguardassem em pé o atendimento. "Eu trouxe meu filho do Paraíso 1 para cá porque o médico do postinho de lá mandou. Agora, eu estou aqui há 4 horas esperando para ser atendido", disse o pai de um doente com sintomas de dengue que não quis se identificar.

O lavrador Ademilson Rodrigues estava de viagem de São Carlos (SP) a Alta Floresta (803 km ao Norte de Cuiabá). Como os vômitos se intensificaram, ele parou em Cuiabá e foi para a Policlínica do Planalto. Ele estava aguardando há 5 horas sem atendimento. "Eu não sei o que tenho. Estou aqui faz horas e não fui atendido ainda". Como a prioridade são os doentes com dengue, Daniele Castro, 17, que também estava há 5 horas na fila, ainda não tinha sido atendida. Ela tem bronquite, o que lhe causa falta de ar. Sem saber quando seria atendida, não tinha almoçado. Sua senha era a 103 e a chamada estava no número 40.

Também com bronquite, Benedita Rondon estava revoltada por estar desde a 4 horas aguardando ser atendida. "O meu cachorro é mais bem tratado que a gente aqui". Ela não se conformava porque ninguém lhe passava informação sobre quando seria atendida ou se havia médicos. Na policlínica faltava uma médica, que pediu demissão. A coordenadora da unidade, Marise Carvalho, disse que em 15 dias o aumento do fluxo de pacientes cresceu 50%, com até 300 pessoas (em média, 190 adultos) sendo atendidas diariamente. Ela argumenta que essa quantidade poderia ser evitada se as pessoas se conscientizassem sobre a sua situação. "Muitos dos casos não são de policlínicas, mas de centros de saúde". Indagada sobre como o paciente pode saber quando ir à policlínica, Carvalho afirmou que "as unidades são para urgência e emergência" e os centros de saúde para atendimento preventivo. Mesmo sem saber se o seu caso é urgente ou não, já que não tinha sido atendida, Luzinda Paulínia Franco, 53, mostrou as pernas inchadas e disse que tinha pressão alta e problemas no coração.

"Quem acredita sempre alcança", brincou o segurança da policlínica para o estudante Francisco dos Santos Moreira que estava a mais de 7 horas esperando ser atendido e ficou sem almoçar.

Na Policlínica do Coxipó a prioridade também era para os casos de dengue. Por isso, Judite Bezerra, 65, com pressão alta, estava 8 horas na fila. Há dois médicos atendendo, um clínico geral e uma pediatra, que deveria estar de férias, mas trabalhou pela falta de profissionais no local. A coordenadora Luzenir Alves de Souza disse que hoje estariam no local 2 clínicos gerais e 1 pediatra, e que a médica que atendeu ontem iria entrar de férias. "O atendimento não é por ordem de chegada, mas por gravidade".

Índice de infestação - A Secretaria Municipal de Saúde divulgou ontem o levantamento do índice de infestação predial até o dia 19 de dezembro. A Capital tem a média de 2,9. Para ser considerado surto deve chegar a 3,9.

Apesar da média de Cuiabá estar abaixo deste índice, alguns bairros ultrapassam 10, como Shangri-lá (10,2) e Jardim Umuarama (10,8). Outros apresentam número abaixo desse patamar como Jardim Passaredo II (8,9), Parque Ohara (7,7), Santa Laura I (7,3), Jardim Araçá (5,7), Altos da Boa Vista (5,2), Areão (6,7), Praeirinho (5,3) e Altos da Serra (6,0).

Outro lado - A diretora de Atenção Secundária da Secretaria Municipal de Saúde, Rosane Meciano, diz que os principais motivos para a superlotação nas policlínicas é, além dos casos de dengue, a reforma do Pronto-Socorro de Cuiabá.

Ela afirma que a prefeitura pretende contratar um médico generalista (que atenda como pediatra e clínico geral) em cada policlínica, mas que a intenção é que a contratação seja para mais 2 profissionais em cada unidade. "Estou sugerindo que seja contratado mais 2 generalistas pelo menos nas policlínicas que têm maior número de atendimento, como Verdão, CPA e Planalto". Sobre os problemas, ela argumentou que podem ser "casos pontuais" e que está "tentando de todas as maneiras melhorar as condições tanto para o paciente, quanto para o médico".





Fonte: A Gazeta

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