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Politica Brasil
Quinta - 06 de Agosto de 2009 às 07:16
Por: Kleber Lima*

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Pelo jeito, a sina de quem faz política e assina Maluf é envolver-se em escândalos ou, no mínimo, em situações controversas. Paulo Salim Maluf, o dono da Eucatex – que inclusive tem ou tinha até bem pouco tempo atrás negócios em Várzea Grande – dispensa apresentações, vez que é um dos políticos mais conhecidos e polêmicos do Brasil. Chegou a virar verbete, pelo menos em programas humorísticos do passado, e também em rodas políticas, devido à sua extensa ficha corrida. De acordo com o Dicionário Informal (www.dicionarioinformal.com.br), Malufar significa “ato ou efeito de roubar ou subtrair algo de propriedade de alguém ou do governo”. Há outras 3.700 ocorrências no Google para o termo.

A última notícia do Salim Maluf é um pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo para que o atual deputado federal e ex-prefeito da capital do Estado devolva ao erário municipal nada menos que R$ 303 milhões. Segundo os promotores de lá, esse dinheiro teria saído da municipalidade paulistana, rodopiado em duas ou três contas no exterior, até voltar ao Brasil para as contas da Eucatex. Aguardemos para saber se a justiça atenderá ao MPE ou se a família Salim Maluf não estaria, simplesmente, sendo vítima de uma grande injustiça. Mas, como dizem os americanos, “se parece pato e anda como pato, pra mim é pato”. Ou seja, os Maluf até podem ser inocentes, mas ninguém vai acreditar.

Já por aqui, temos o médico e político Guilherme Maluf. Ex-vereador do PFL por um mandato em Cuiabá, ele está hoje no seu segundo mandato de deputado estadual, já pelo PSDB. Nesse ínterim, foi secretário de Saúde da Capital por um período, já na gestão Wilson Santos.

Até então, o nosso Maluf tinha uma atuação discreta, o que nos dava a impressão que o sobrenome Maluf seria apenas uma infeliz coincidência entre Guilherme e Paulo Salim (em termos políticos, evidente, porque eu não cometeria a indelicadeza de criticar o nome de família de ninguém por outro aspecto).

Ao contrário do ditado “falem mal, mas falem de mim”, às vezes é melhor não ser notado que envolver-se em determinadas polêmicas. Porque em política, assim como na vida, há um processo simbólico conhecido por percepção, fundamental na formação dos conceitos que fazemos das coisas. Depois de cristalizado um conceito em nosso arsenal de valores, em nosso universo simbólico, dificilmente o negaremos ou superaremos.

Veja essa polêmica em que o Guilherme Maluf foi acusado de receber dinheiro da combalida saúde pública de Várzea Grande sem trabalhar. Olha como pega mal para um médico receber do SUS sem trabalhar. Pega mais mal ainda se esse médico é sócio do hospital mais ‘caro’ do Estado (outra percepção popular). E, ainda por cima, se esse médico, dono de hospital de rico, é político, aí sim é o fim da picada. Agora, se além de médico, dono de hospital de rico e político, ele assina Maluf, aí é um caso quase incurável de má sorte: ninguém vai acreditar na sua inocência!

Conheço o Guilherme Maluf e nutro por ele simpatia e respeito. Nunca acreditei que ele fosse capaz de tungar dinheiro da saúde pública sem trabalhar. Há limites para todo mundo. Logo, acredito que ele tenha recebido os quase R$ 30 mil do SUS de Várzea Grande sem seu conhecimento.E louvo sua iniciativa de devolver o dinheiro, sem a necessidade de uma petição do Ministério Público ou uma determinação judicial, como no caso do Salim Maluf. Bastou a imprensa divulgar para que o nosso Maluf tomasse conhecimento do fato e adotasse as providências adequadas. Pelo jeito, tão adequadas que nem mesmo o MPE faz reparos.

Isso prova que o nosso Maluf não tem nada a ver com o de São Paulo. Isso prova que o nosso Maluf é apenas um cara sem sorte por ter um homônimo com toda essa carga conceitual negativa. Entretanto, isso tudo explica seu infortúnio, mas não será capaz de devolver-lhe a dádiva. Digo isto apenas porque, reitero, nutro respeito e simpatia pelo Guilherme Maluf, e por essa razão temo que ele, ao insistir em ser presidente do PSDB, bem como se lançar a deputado federal, no momento, com esse babado dos salários em evidência, apenas ande e se pareça mais com um pato. Ou seja, vai acabar cristalizando o conceito negativo que ronda seu nome e seu mandato.

(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br.





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