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Saúde
Quarta - 02 de Abril de 2008 às 10:37

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A epidemia de dengue enfrentada pelo estado do Rio de Janeiro – sobretudo pela capital – é o retrato de um problema não apenas brasileiro: atualmente, 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo vivem em condições de risco de contágio pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

Os dados foram divulgados pelo médico Pedro Luiz Taul, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, durante audiência pública no Senado para tratar do combate à dengue, febre amarela e malária. "O mundo moderno criou condições para que esse mosquito se desenvolvesse, e ele se adaptou muito bem”, disse. Taul destacou que, dentre os países do continente americano, apenas o Canadá e o Chile não possuem registros do mosquito transmissor da dengue em seus territórios. Ao tratar o caso específico vivido pelo Brasil, ele afirmou que o padrão brasileiro, em termos de gravidade, se aproxima do padrão apresentado por países pobres do continente asiático.

Um dos problemas, segundo o médico, está no difícil acesso dos agentes de saúde às residências onde possa haver criadouros ou focos do Aedes aegypti. “Eles não conseguem inspecionar determinados locais”, disse, e lembrou que o problema do tráfico de drogas em favelas, como no Rio de Janeiro, também impossibilita o trabalho dos agentes, assim como o medo de assaltos, por parte de moradores de maior poder aquisitivo.

Taul disse ter esperança no desenvolvimento de uma vacina, que já está em estudo no país, e que seja eficaz na imunização para os quatro tipos de dengue – incluindo a hemorrágica. E criticou a aposta do governo de combater a doença apenas no período próximo ao de chuvas. “Devem-se promover pesquisas na área. O controle do mosquito não deve ser feito apenas a partir de novembro [mês em que o período de chuvas na maioria das regiões do país começa]. Deve ser uma ação permanente”, afirmou.

O médico citou exemplos positivos para a redução dos índices de letalidade da dengue no país. Niterói – cidade vizinha à capital fluminense – possui as mesmas condições climáticas e pluviométricas do Rio de Janeiro, mas segundo ele conta com "ações mais adequadas" para diminuir o número de mortes. Taul garantiu que, apesar de poucos, há municípios que chegam a registrar índices de 5% a 10% de letalidade para a dengue hemorrágica, um dos tipos mais graves da doença. "A redução da letalidade deve ser uma ação intersetorial e não só da saúde", sugeriu.

Dados do Ministério da Saúde informam que no mundo são registrados, a cada ano, entre 80 e 100 milhões de casos de dengue. O aumento da densidade populacional, sobretudo em áreas urbanas (81%), é apontado com uma das principais causas para a proliferação do mosquito transmissor.





Fonte: ABr

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