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Educação/Vestibular
Segunda - 24 de Março de 2008 às 13:38

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A Universidade Federal de Mato Grosso deixou de ser um centro de vanguarda no fomento de idéias e ações para o desenvolvimento do Estado. A tese é do professor doutor João Pedro Valente, candidato a reitor da entidade. Segundo ele, a UFMT foi criada na década de 1970 e assumiu um papel preponderante no desenvolvimento sustentável da região Centro-Oeste. Cumpriu esse papel durante certo período, mas se perdeu diante da dinâmica do crescimento de Mato Grosso.

“A sociedade vive hoje num estado de desencantamento com a UFMT. Ela espera mais da instituição, que perdeu o foco de sintonia e interação com o processo de desenvolvimento do Estado. Infelizmente, a instituição está sem rumo e não tem conseguido acompanhar a velocidade das mudanças em Mato Grosso, sobretudo, por não ter se modernizado e se preparado para acompanhar esse processo. A UFMT deixou de ser vanguarda”, afirmou Valente.

Para reverter essa realidade, ele defende o fortalecimento institucional da UFMT e a reconstrução de canais de interação com a sociedade. “Precisamos recuperar a capacidade de surpreender; de participar dos debates importantes ao Estado. Para isso, iremos executar um plano de ações contundente, que transforme a UFMT em excelência e referência em diversas áreas do conhecimento”, afirmou.

Valente destaca que a Universidade realiza trabalhos importantes na área de pesquisa, mas não dá visibilidade para essas ações, como as dissertações de mestrado e teses que deveriam ser divulgadas em veículos de comunicação e debatidas com a comunidade. “Precisamos de mais ações culturais e de ensino, que integrem a formação profissional com o processo de desenvolvimento do Estado e a geração de pesquisas. A prática acadêmica que vem sendo adotada há anos precisa mudar urgentemente”, disse.

“Hoje, quem chega no campus, se depara com um cenário intrigante: muitos prédios, cujas obras são de qualidade questionáveis. Vivemos a fase do ‘topa tudo por obra’. Há mais preocupação em se fazer uma obra física do que em preenchê-la com conteúdo, equipamentos e condições de ensino. A UFMT virou uma universidade com muitos prédios cheios de nada”, afirmou.

Valente faz uma crítica à postura da atual gestão da Universidade. “O reitor tem que estar sintonizado, não pode apenas centralizar ações, se fechar dentro da academia e trabalhar apenas retóricas. Temos que olhar para cenários, para o futuro. Nossos professores e servidores merecem mais atenção. Há a necessidade da preocupação constante com a saúde, com as condições de trabalho, com a implementação do plano de carreira e salários, Precisamos investir pesado na qualidade do ensino, tanto de graduação como de pós-graduação e nas ações de pesquisa”, disse.

Orçamento - Professor da instituição desde 1985, Valente apresenta sua proposta de gestão para o período de 2008 a 2012 em quatro eixos estratégicos: Plano Diretor de Gestão, Política Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão, Política Institucional e Política de Infra-Estrutura.

Pragmático, Valente ressalta que o orçamento da UFMT para este ano, estimado em R$ 280 milhões, não é suficiente para as mudanças necessárias. “Pretendemos ampliar esses valores por meio de programas especiais, pesquisas e extensão, além de convênios. A UFMT precisa de mais recursos para ter plenas condições de funcionamento já que, desse orçamento, pelo menos R$ 200 milhões são gastos anualmente com a folha de pagamento, aposentadoria e direitos trabalhistas”, afirmou.

Ele defendeu investimentos em equipamentos, mobiliário e na melhoria das condições de trabalho. “Hoje, não há estrutura nenhuma. A grande maioria dos professores dá aulas com seus próprios equipamentos. O que falta na UFMT é uma gestão que eleja prioridades”, observou.

Caso seja eleito reitor, João Valente afirma que uma das primeiras ações de sua gestão será a execução de uma reforma administrativa acadêmica. “Há muitos problemas de gestão. O comportamento de determinados chefes de setores é constantemente questionado. É preciso mudar. E isso passa por uma profunda discussão interna”, disse.

“Todas essas ações devem ser feitas após uma ampla discussão com a comunidade interna. Hoje, tem sido muito mais fácil se proibir determinadas ações do que dialogar e conscientizar. Reitor não é patrão, ele representa as unidades. A Universidade é um espaço onde convivem todas as ideologias, todas as tendências, todas as correntes. Na UFMT, existe excelência nas diversas áreas do conhecimento. Portanto, é preciso humildade para ouvir e, a partir daí, criar condições de trabalho”, afirmou.

O candidato também condenou a “excessiva centralização administrativa” e a “falta de transparência” nas ações da atual Reitoria. Para ele, esses pontos negativos impedem que a sociedade conheça o que se faz e o que pode ser feito. Além disso, a comunidade interna (professores, técnicos e alunos) se queixa, sobretudo, da falta de qualidade no ensino. Valente cita como exemplos o vestibular extremamente concorrido, a falta de aulas práticas de qualidade e os laboratórios sucateados.

“A estrutura da UFMT não suporta a demanda por novos cursos e ações curriculares em quase todos os campi. Em Rondonópolis, por exemplo, o curso de Zootecnia já formou três turmas, mas os alunos não dispõem de fazenda experimental. Em Cuiabá, os alunos do quinto semestre de Comunicação Social nunca entraram em um estúdio, e o laboratório de Química não tem a mínima infra-estrutura”, disse.

Em relação aos professores e servidores técnico-administrativos, Valente aponta um processo de marginalização, na medida em que a atual gestão se nega a discutir, por exemplo, temas ligados à reivindicação salarial. “A administração superior tem que ser parceira da comunidade e estar na frente das lutas por melhorias das condições de trabalho. A partir do momento em que os servidores têm dificuldade de se manifestar, são punidos ou perseguidos por fazê-lo, há um assédio moral”, afirmou.

Natural de Jardinópolis (SP), casado e pai de duas filhas, João Pedro Valente ressalta ter bagagem acadêmica para dirigir a UFMT. Ele cursou Agronomia na própria Universidade, entre 1979 e 1983; ingressou no quadro técnico-administrativo e, em 1984, assumiu a cadeira de docente por meio de concurso público. Com mestrado e doutorado, atualmente, ele é professor de Fruticultura, com curso de especialização em Metodologia de Ensino Superior.

“Não sou candidato a reitor por acaso. Conheço a UFMT por dentro, fui aluno, técnico, professor e gestor (diretor das Faculdades de Agronomia e de Medicina Veterinária), além de assessor da Reitoria. Isso me dá a legitimidade necessária para garantir que tenho compromisso e irei transformar a UFMT numa universidade melhor para seus funcionários e para a sociedade mato-grossense”, completou.





Fonte: Olhar Direto

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