HIV se 'esconde' no organismo por pelo menos sete anos, diz estudo
A equipe capitaneada por Sarah Palmer, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, descreve as preocupantes descobertas na edição desta semana da revista científica americana "PNAS". Para os pesquisadores, tudo indica que o HIV está se "escondendo" no interior de células de longa vida. Essas células seriam uma fonte viral constante e de baixa intensidade, de forma que, se por algum motivo o paciente relaxar a guarda, seria fácil para o vírus da Aids voltar à ativa.
Palmer e seus colegas utilizaram técnicas que vão além da sensibilidade dos testes de Aids mais comuns. Enquanto o normal é que o vírus pareça "indetectável" quando sua presença cai abaixo de 50 partículas virais (as "cópias" do vírus) por mililitro de sangue, os pesquisadores usaram um teste que "pesca" até a quantidade ínfima de menos de uma cópia de vírus por mililitro. Outra novidade do estudo é o tempo de acompanhamento dos 40 pacientes, que chegou a sete anos de amostragem constante.
Fases da infecção
O principal achado da equipe foi a observação de que o HIV não perde a força no organismo de forma linear. Enquanto nas primeiras semanas de tratamento com o coquetel contra a Aids a contagem de vírus pode cair de 83 mil por mililitro de sangue para apenas 50 partículas virais por mililitro, eram necessários vários meses para a nova diminuição (para cerca de 10 cópias virais).
Depois disso, praticamente não havia mudanças, independentemente do tempo de tratamento. Cerca de 80% dos pacientes continuava com pelo menos uma cópia do vírus por mililitro de sangue, mesmo após tomar o coquetel durante sete anos.
O que explicaria essa queda em degraus na quantidade de vírus? Para os cientistas, o mais provável é que cada fase esteja associada a um compartimento diferente de células que o HIV infecta. Enquanto a maioria delas é de vida curta e acaba morrendo, algumas poucas continuam a produzir novas partículas virais quando se dividem. Um indício desse fato é que, nos infectados de longo prazo, a maior parte do HIV encontrado é o clone de um único vírus que conseguiu sobreviver aos medicamentos.
Agora, os pesquisadores querem identificar essa subpopulação "imortal" de células para tentar, de alguma forma, erradicar os últimos vestígios do HIV. Do contrário, "é improvável que a erradicação aconteça durante o tempo de vida de um paciente usando-se apenas drogas antivirais", escrevem eles.
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