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Saúde
Sexta - 30 de Novembro de 2007 às 15:55

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O trabalho noturno, que emprega cerca de 20% das pessoas nos países desenvolvidos, foi tido como "provavelmente cancerígeno" pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc/Circ), agência da Organização Mundial da saúde (OMS).

"O trabalho no turno da noite, seja o que apresenta alternâncias irregulares entre dia e noite, seja o que é integralmente noturno, mas que deixa os finais de semana de folga, perturba o relógio biológico e, por isso, se encontra na mesma categoria de outras 'prováveis' causadoras de câncer como as emissões dos motores a diesel ou de outras substâncias (como os "PCBs", o bifenil ploriclorado, tricloretileno, alguns pesticidas) ou ainda os raios ultravioletas, o chumbo das pinturas e antigas tubulações de água", explicou à AFP Vincent Cogliano, epidemiologista do Circ.

A agência especializada da OMS para o câncer, baseada na cidade francesa de Lyon, publicou seus trabalhos, resultado de uma avaliação de estudos já publicados, na edição de dezembro da revista médica britânica "The Lancet Oncology".

Segundo o estudo, o trabalho noturno por um longo período aumentaria o risco de câncer de mama entre as enfermeiras e as aeromoças se comparadas as ocorrências entre as funcionárias da noite e as do dia: "Mas este aumento é inferior ao de a uma duplicação do risco, sendo então um risco real, mas que os epidemiologistas qualificam de modesto", explicou Vincent Cogliano.

Os estudos entre as mulheres estão de acordo com os resultados encontrados nas pesquisas realizadas em animais. Eles demonstram que a luz constante e a tamisada a noite ou o jet lag (desorientação provocada por diferenças de horário) podem favorecer o aparecimento de tumores.

De acordo com os especialistas, o trabalho de noite pode também ser perigoso devido aos seus efeitos nos ritmos cardíacos, que regulam o organismo na alternância dia/noite sobre cerca de 24h. A luz interrompe a produção de um hormônio, a melatonina, normalmente secretada pelo corpo à noite. Esta supressão de melatonina favoreceria o desenvolvimento de tumores e a alteração do ritmo do sono poderia desregular os genes envolvidos no desenvolvimento de tumores.

Por outro lado, sabe-se que, entre os humanos, a privação de sono e a decorrente supressão de melatonina conduzem a uma baixa das defesas imunológicas.

No entanto, revelou Cogliano, os vieses de interpretação não podem ser totalmente descartados, como, por exemplo, a influência dos raios cósmicos nas pessoas que trabalham com aviação. E, acrescentou ele, "nos falta resultados que dizem respeito ao trabalho masculino noturno, por exemplo, entre os caminhoneiros e os motoristas de táxi".

"É por este motivo que os estudos complementares são necessários: para examinar o risco potencial em outras profissões e de outros tipos de câncer, especialmente entre os homens", resumiu ele ao Circ.





Fonte: Terra

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