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Educação/Vestibular
Terça - 30 de Outubro de 2007 às 20:33

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A memória cultural vem sendo cada vez mais valorizada no país e oferece postos de trabalho para historiadores, como Mônia Silvestrin, 30. Ela é técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e trabalha com o patrimônio imaterial, que são as manifestações culturais do país.

Rata de biblioteca assumida, Mônia escolheu o Iphan como uma alternativa à docência. Mas, mesmo assim, não abandona as aulas de história que ministra em um curso de turismo. “Quem constrói a memória é normalmente o historiador. A atividade não é reunir documentos, é elaborar uma narrativa sobre o passado”, explica. Veja abaixo a entrevista que a historiadora concedeu ao G1.

G1- Como foi a decisão pelo curso de história?

Mônia Silvestrin - Eu gostava muito de história da arte e resolvi fazer o curso. Estudei na Federal do Paraná [UFPR].

G1 – E como foi o início da sua carreira?

Mônia - Dei aula na rede estadual de ensino, que é na verdade o mercado que mais recebe os historiadores. Cerca de 95% dos profissionais estão nessa área. Depois, dei aulas no ensino superior e fiz o concurso do Iphan. E hoje ainda continuo com as aulas no curso de turismo de uma faculdade.

G1 – Qual é seu trabalho no Iphan?

Mônia - Trabalho no Departamento de Patrimônio Imaterial. É uma dimensão do patrimônio cultural brasileiro que, a princípio, não se enquadra no patrimônio material. É um setor que trabalha com uma série de expressões culturais, um conjunto de práticas que eram do domínio do folclore, da cultura popular.

G1 – Quais são suas atividades?

Mônia - Trabalho na gerência de identificação. Na sede do Iphan, em Brasília, a gente trabalha mais a parte de coordenação de projetos. Existe muito trabalho de planejamento para os projetos de inventário de manifestações culturais. Quem trabalha nas regionais, não trabalha só com patrimônio imaterial; não existe essa divisão. Como órgão, temos o papel de executor, que é diferente de um pesquisador da academia. Fazemos pesquisa que sejam importantes para as políticas públicas de patrimônio público. A atividade é um pouco de gestor e um pouco de historiador.

G1 – Existem muitos historiadores nessa área?

Mônia – Essa área de patrimônio imaterial exige a presença de cientistas sociais, e o historiador acaba entrando. Na parte material, o que se vê mais em ação é arquiteto, restaurador. O patrimônio imaterial tem como embasamento a área das ciências sociais, antropologia, e também dos historiadores.

G1 – Como é o salário?

Mônia – O financeiro é horrível. Se for pensar no campo profissional, tem pouquíssimas oportunidades. Ou existem institutos só de pesquisa ou a docência no magistério. E o Iphan acaba sendo uma oportunidade a mais. No Brasil, a gente não tem mercado formado para historiador, como consultorias e assessorias para produções artísticas, que existem no exterior. Raras empresas têm produção de memória e contratam o historiador, não para fazer pesquisa, mas para cuidar de arquivo.

G1 – Esse mercado pode melhorar?

Mônia - A tendência, pelas políticas públicas na área de cultura e o crescimento da visibilidade das atividades culturais, é o mercado abrir, tanto para assessoria, quanto para o patrimônio público. A gente vê muitas ONGs, e algumas acabam se fortalecendo. Quem constrói a memória é normalmente o historiador. A atividade não é reunir documentos, é elaborar uma narrativa sobre o passado. Até com a museologia há uma interface interessante. A história é uma disciplina que é mãe, perpassa todos os campos de conhecimento. A história dá esse chão.

G1 – Qual o perfil que deve ter um estudante que busca história?

Mônia - O aluno que vai procurar história deve saber que é uma atividade teórica, de pesquisa em arquivos. Existe trabalho com documentos antigos, e a pessoa tem de sentar e ler. Tudo isso exige disciplina. Não é uma atividade essencialmente prática: é um exercício de reflexão que vem da leitura e escrita.





Fonte: G1

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