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Politica Brasil
Sexta - 05 de Outubro de 2007 às 13:04

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A destituição dos senadores do PMDB Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcellos (PE) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está causando revolta na bancada do partido no Senado. O senador Garibaldi Alves (RN), filiado à a legenda há 39 anos, afirmou nesta sexta-feira, 5, que jamais presenciou "tamanha agressão" a dois dos mais ilustres representantes históricos do PMDB.

Os dois fazem parte do grupo "rebelde" do PMDB e estão entre os críticos da permanência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no comando da Casa. A vaga de Jarbas será ocupada por Almeida Lima (SE), principal defensor de Renan no Conselho de Ética. No lugar de Simon assumirá Paulo Duque (RJ), que era suplente e assumiu a vaga quando Sérgio Cabral foi eleito para o governo do Rio de Janeiro. Ofício do líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), lido em plenário, formalizou a saída, mas ela fora acertada na terça-feira, num jantar na casa de Raupp e teve Renan como principal incentivador.

"Quem está incorrendo nas condenações do Supremo Tribunal Federal (STF) é a direção e a liderança do PMDB, porque estão perseguindo politicamente dois senadores e quebrando a verdadeira doutrina do partido", afirmou Garibaldi Alves, referindo-se à decisão tomada quinta-feira à noite pelo STF, que implantou a fidelidade partidária e definiu que os mandatos dos parlamentares não pertencem a eles, e sim aos partidos pelos quais foram eleitos.

Garibaldi Alves contou ter recebido um telefonema do senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC), também indignado com a destituição de Simon e Jarbas, decidida pelo líder do partido no Senado, senador Valdir Raupp (RO). Segundo Garibaldi, o caso exige não apenas uma manifestação pública de solidariedade aos dois senadores, mas também o lançamento de um movimento para trazer o partido "de volta a uma atitude digna e fiel ao seu passado de luta."

O senador disse ainda que a destituição dos dois senadores no mesmo dia em que o plenário do Senado homenageava outra personalidade histórica do partido - o ex-deputado Ulysses Guimarães -, foi um "desacato" à memória do ex-presidente da Câmara e ex-presidente peemedebista.

Já o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) protestou, no primeiro discurso da sessão plenária desta sexta, contra a destituição dos dois senadores da CCJ. Segundo Heráclito Fortes, "o afastamento foi um ato político e revoltante".

Ordem de Renan

Jarbas e Simon atribuíram a saída a Renan. "Passei pela ditadura sem ter sofrido violência como essa", reagiu Simon. Para Jarbas, a destituição da CCJ "só agrava a situação de podridão" na Casa. "Tudo tem limite e isso rompe todos os limites."

Renan afirmou na quinta-feira que não tem nada a ver com a decisão tomada por Raupp. "Não tem nenhuma matéria de interesse para ser votada agora. Não acredito que Simon e Jarbas me atribuam isso. Foi uma decisão da bancada."

O presidente do Senado também criticou a nota em que o presidente da CCJ, Marco Maciel (DEM-PE), diz que a decisão do líder Valdir Raupp "não está em harmonia com a tradição da Casa, caracterizada pelo respeito às opiniões dos parlamentares". Para ele, nenhum outro partido, no caso o DEM, tem direito de questionar uma decisão soberana do PMDB. "As pessoas precisam aprender a conviver com a democracia", disse ele.

Logo antes da leitura do ofício, Raupp negou que a substituição estivesse em andamento. Mas não deixou de comentar que os dois rebeldes "nunca votaram com a bancada, nem nas comissões nem no plenário".

Cristovam Buarque (PDT-DF) propôs que a oposição abandone todos os cargos nas comissões para mostrar que o governo domina a Casa. "Ontem nos deram um tapa, hoje nos deram um golpe, amanhã vão cuspir na gente", reclamou. O líder do DEM, José Agripino (RN), disse que buscará uma saída com colegas da oposição. "É uma atitude que desfigura o PMDB."





Fonte: AE

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