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Meio Ambiente
Terça - 04 de Setembro de 2007 às 22:25

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De acordo com levantamento da Associação de Moradores da Favela Jardim Edith (Zona Sul da Capital), que pegou fogo na manhã desta terça-feira (4), cerca de 200 pessoas estão desabrigadas. Ao todo, seriam 91 famílias em busca de um novo teto depois que seus barracos de madeira foram destruídos no incêndio.

A contagem da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo mostrava durante o dia que entre 40 e 60 famílias haviam perdido suas casas. Por volta de 20h, o G1 entrou em contato com a secretaria, mas nenhum representante foi localizado para atualizar os números.

Pela manhã, o secretário Floriano Pesaro esteve na favela, que fica na região da Avenida Luis Carlos Berrini, junto com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab e o secretário municipal da Habitação, Orlando Almeida Filho. De acordo com Pesaro, as famílias desabrigadas serão levadas ao abrigo Espaço Cancioneiro, que fica a cerca de 500 metros da favela.

Lá, além de camas, colchões e cobertores, os moradores do Jardim Edith receberão uma cesta básica, comida e um "kit higiene", com sabão, pasta de dente, escova de dente e xampu. Antes de serem levadas ao abrigo, serão cadastrados. De acordo com Pesaro, as famílias poderão ficar no Espaço Cancioneiro "por tempo indeterminado", até serem transferidas a moradias definitivas.

Para a remoção dos outros moradores, que seguem no Jardim Edith, o secretário de Habitação, Orlando Almeida, disse acreditar que seriam necessários entre 6 meses e um ano. Almeida não soube dizer se a área poderia ser urbanizada.

De acordo com o secretário, 20% do terreno ocupado pela favela são propriedade particular e podem ser desapropriados. Do restante, 60% pertencem ao estado e 20% ao município. A situação do Jardim Edith será discutida ainda nesta semana, em uma reunião entre representantes do governo e da prefeitura de São Paulo.

Três feridos

Segundo o Corpo de Bombeiros, três pessoas ficaram feridas no incêndio na Favela Jardim Edith: um jovem que tentava fugir do fogo caiu e torceu o tornozelo, uma senhora que passou mal e uma mulher que teve queimaduras de 1º e 2º graus no braço. Eles foram encaminhados a hospitais da região.

Cerca de 400 m² da Favela Jardim Edith foram destruídos pelo fogo. “O problema é que não é uma favela plana. Cada casa tem dois ou até três andares”, afirmou o capitão Luiz Cezar Freire, que comandou a operação dos bombeiros no local.

O incêndio começou por volta das 9h30. Quinze equipes dos bombeiros foram enviados ao local. A altura das chamas chamava a atenção de quem passava pela região. Às 10h40, ainda havia risco do fogo voltar a se alastrar por causa do vento. Por volta das 12h, a situação estava controlada e começava o trabalho de rescaldo.

Barracos

"Começou com um barraco só". Era a frase que mais se ouvia dos curiosos que tentavam registrar com as máquinas de seu celulares o incêndio na favela, que margeia a Avenida Roberto Marinho.

O motoboy André Cardoso, de 27 anos, conta que passava pelo local quando o fogo ainda não havia se alastrado. "Começou em um barraco só e foi se espalhando rápido", relata.

Alguns moradores e parentes deles passavam nervosos pela avenida, sem acreditar no que viam. Muitos não quiseram dar declarações.

A estudante Karine, de 16 anos, estava chorando, preocupada com a irmã mais velha, que mora na favela. "Já é a segunda vez que isso me acontece. Em 2005, essa região toda também pegou fogo", conta. A adolescente, que ainda não havia conseguido falar com a irmã, estava na escola, a poucos quarteirões de distância, quando o incêndio começou. "Os meninos estavam brincando na sala e viram", relata.

De acordo com funcionários da Subprefeitura de Pinheiros, o último incêndio na favela do Jardim Edith ocorreu em abril de 2005, no dia em que era disputada a Maratona de São Paulo. Na época foram queimados cerca de 80 barracos.

Protesto

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), foi hostilizado por parte dos moradores da favela ao visitar o local. Ele evitou polemizar e ficou próximo de um carro do Corpo de Bombeiros.

Os moradores cobraram do prefeito um projeto da administração anterior de tirar pelo menos metade das 800 famílias para um conjunto habitacional no bairro do Campo Limpo. "Queremos moradia", disseram os manifestantes que, enquanto falavam, caminhavam em direção ao prefeito. "Calma, calma", pedia Kassab.




Fonte: G1

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