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Saúde
Quinta - 19 de Abril de 2007 às 15:02

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No Dia do Índio, comemorado hoje (19.04), vale a pena dar ênfase ao primeiro estudo em genética sobre a ausência do câncer de mama em índias brasileiras. Trata-se de uma pesquisa inédita e revolucionária, coordenada pelo especialista em Oncologia/Mastologia de Cuiabá, Guilherme Bezerra de Castro, médico do Núcleo de Terapia Especializada em Cancerologia (Nutec) do Hospital Santa Rosa. Em outubro do ano passado, ele divulgou o resultado da pesquisa, realizada durante dois anos na reserva indígena de Sangradouro, próximo ao município de Primavera do Leste.

Segundo o especialista, a observação com relação à ausência do câncer entre a comunidade feminina indígena surgiu em 1993. “Na época eu trabalhava no atendimento para o serviço público de saúde e tinha algumas índias como pacientes em Cuiabá. O fato de nenhuma delas apresentarem este tipo de câncer despertou curiosidade e levou ao questionamento, através de um estudo detalhado sobre o assunto. Foi quando, juntamente com uma equipe especializada, estruturamos um Centro de Pesquisa, criado especialmente para o desenvolvimento deste trabalho”, contou Dr. Bezerra.

Em 2001, foi coletada a primeira mostra de material biológico de 178 índias da reserva. Esse material inclui peso, altura, coleta de sangue, além de histórico reprodutivo e de amamentação de cada uma delas. “Uma mostra foi utilizada para estudo genético e outra para estudo hormonal. É bom deixar claro que toda pesquisa foi realizada com total consentimento dos índios e da Funai. O estudo ainda teve o auxílio de três índios auxiliares de enfermagem e a coordenação de um médico da Filadélfia”, destacou o especialista.

O estudo em genética sobre a ausência do câncer de mama em índias já ganhou repercussão internacional, em três revistas americanas, e nacional. Ele será, inclusive, discutido nesta quinta-feira (19) durante o programa “Sem Censura”, realizado ao vivo pela TVE-Rio de Janeiro, pela jornalista Leda Nagli.

RESULTADOS – O primeiro fato curioso surgiu devido ao tipo sanguíneo das índias, já que todas têm sangue tipo “O Positivo”. A explicação se deve ao tempo prolongado sem miscigenação.

A pesquisa também revelou a presença de Polimorfismo, ou seja, alteração na seqüência das bases hidrogenadas (T, C, G e A), que não permite a manifestação do câncer de mama. “As índias possuem um gene mitocondrial, não nuclear. Nelas, esse gene está super ativo e, muitas vezes, acima da população em geral. É ele que atua no mecanismo da antioxidação celular, evitando que o oxigênio danifique as células”, explicou o médico.

O que se pode concluir então é que os agentes antioxidantes são fundamentais na prevenção do câncer de mama. O mais curioso é que eles estão presentes em grande quantidade nos alimentos naturais como frutas, legumes e verduras. “Sabemos que a dieta da população indígena se baseia no extrativismo de caça e pesca, não tem lavoura e pecuária. Eles não ingerem proteínas do leite”, lembrou Dr. Bezerra.

Diante desse resultado, está sendo desenvolvido um grande projeto na Europa, onde um grupo de mulheres será submetido a uma dieta com alta quantidade de antioxidantes, no intuito de descobrir se esse realmente é o fator de proteção da doença. “A partir do momento em que ficar comprovado que esses agentes reduzem a incidência do câncer de mama, programas de prevenção com custos muito baixos serão implantados no mundo inteiro”, frisou o oncologista.

No Brasil mais de 35 mil mulheres adquirem a doença todo ano, sendo que oito mil morrem em decorrência deste tipo de câncer.





Fonte: Primeira Hora

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