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Cidades/Geral
Sábado - 07 de Abril de 2007 às 15:08

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De acordo com o autor do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, Julio Jacobo, a ausência do poder público e apropriação ilegal de terras são as principais causas da violência na região de desmatamento da Amazônia brasileira. Jacobo afirma que existe, sim, uma coincidência entre o arco do desflorestamento da Amazônia e o Mapa da Violência. “Dos 10 municípios mais violentos do Mapa da Violência, cinco ficam na região do Arco do Desflorestamento. Isso já é um bom indicador”, avalia o pesquisador. Colniza, Juruena, São José do Xingu e Aripuanã receberam destaque no levantamento, devido aos altos índices de violência apresentados.

O pesquisador explica que, ao fazer o estudo, a intenção não era diagnosticar a situação de cada município do país, mas apenas medir a violência nas cidades. Entretanto, segundo ele, a partir da divulgação dos dados, foram feitas diversas análises que apontam três principais focos da violência no Brasil.

O primeiro, nas capitais e regiões metropolitanas está ligado à exclusão social, que afeta principalmente a juventude do país. Os outros dois focos, situados no interior dos estados, têm a ver com a interiorização do desenvolvimento e com a ausência do Estado.

Segundo ele, em alguns municípios, houve um crescimento econômico violento a partir da década de 90, quando as indústrias começaram a se deslocar da capital para o interior. Já nas cidades onde o desenvolvimento econômico não é um fator predominante, a falta de ação do poder público permite a atuação de grupos econômicos ligados especialmente à grilagem de terras e ao desflorestamento.

Ele também alerta que, junto com o desflorestamento, ocorre o trabalho escravo, com desrespeito absoluto às normas trabalhistas de segurança. Entre as saídas para resolver o problema, segundo Jacobo, está a atuação dos municípios e da sociedade civil. “O município tem que assumir que tem violência. Não há cura se não há a consciência da enfermidade. Isso não significa automaticamente chegar à cura, mas é uma condição indispensável”, afirma.

Jacobo também acredita que a sociedade deve agir demandando a presença do poder público e denunciando a presença ilegal de madeireiras. “Obviamente que há, nos próprios municípios, setores cuja expansão econômica depende desses atos e que não estão muito interessados em acabar com isso. Mas a população não se beneficia em nada. Ao contrário, é prejudicada pela violência imperante. Então, ela deve se juntar, denunciar, solicitar a presença do poder público, da força de segurança, do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], para reprimir esse tipo de atividade”, conclui Jacobo.

Em entrevista no dia 6 de março, o governador Blairo Maggi (PR), contestou os dados do Mapa da Violência, afirmando que a metodologia utilizada na pesquisa não é correta. “Eles (OEI) partiram de bases irreais para fazer a pesquisa, e ela infelizmente não está nos ajudando em nada para tomar nenhuma providência. Na minha avaliação, a pesquisa só denegriu a imagem do Mato Grosso e do país”, afirmou o governador na ocasião.





Fonte: ABr

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