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Nacional
Domingo - 04 de Março de 2007 às 11:18

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Por razões de natureza processual, cresce entre os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) a avaliação de que talvez seja necessário recusar a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, a respeito do escândalo do mensalão.

Com 40 denunciados, há possibilidade de que o tribunal tenha de ouvir até 360 testemunhas no processo. É uma ação complexa e que se arrastaria por anos, sujeita a manobras protelatórias.

Ministros do STF já comentam reservadamente que o tribunal correrá o risco de não julgar o processo antes da prescrição --prazo após o qual é extinta a punibilidade de um crime. Se isso acontecer, seria uma confissão explícita de fracasso e inviabilidade do funcionamento do tribunal nos moldes atuais, atolado em ações e moroso nas decisões.

A rejeição da denúncia, porém, não é uma decisão fácil. De início, seria um petardo no Ministério Público, instituição com a qual o Supremo anda às turras ultimamente. E o efeito na opinião pública?, indagam reservadamente ministros do tribunal. Temem ser acusados de facilitar a tradicional impunidade de crimes de corrupção.

Na avaliação da maioria dos ministros, teria sido mais adequado denúncias individuais ou de grupos menores. Isso é exatamente o que poderá acontecer se o STF rejeitar a denúncia por razões processuais. Novas denúncias teriam de ser feitas Algumas seriam julgadas em instâncias inferiores.

Na avaliação de alguns integrantes do STF, a reunião de 40 réus numa única ação teria sido um tropeço do procurador-geral, ávido por passar a batata quente para outras mãos.

Havia ainda, na época da denúncia, uma avaliação política corrente em setores jurídicos de Brasília: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não seria reeleito. Logo, pegava bem o procurador-geral mandar ficha em 40 pessoas, no que, então, foi visto como prova de independência e não de inabilidade jurídica.

Para acusados como o ex-ministro José Dirceu, uma eventual prescrição das acusações, como a de chefe de quadrilha, seria um desastre político. A versão seria a de que Dirceu escapara por falha da justiça e não por falta de provas, o que o ex-ministro sustenta. Já para Marcos Valério seria sopa no mel. Ele não tem pretensão de recuperar sua imagem pública, ao contrário de Dirceu, que sonha um dia retornar à política partidária.

A expectativa é que o STF tome uma decisão final no início do segundo semestre. Aventa-se setembro. O tribunal está numa posição nada fácil.





Fonte: Folha Online

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