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Saúde
Quarta - 03 de Janeiro de 2007 às 08:37

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Em respeito à religião da paciente, uma adolescente de 14 anos que é Testemunha de Jeová e tinha leucemia fez um transplante de medula óssea e não recebeu transfusão de sangue nem durante nem depois do transplante. A técnica é rara na medicina brasileira.

Segundo reportagem do jornal Estado de S.Paulo, o caso foi parar nas mãos do hematologista Roberto Luiz da Silva, do hospital São Camilo, há cerca de um ano. Depois da aprovação da diretoria do hospital, foi decidido que a menina seria transplantada, mas com uma condição: se corresse risco de vida, receberia sangue.

"Ele foi o único médico que se comprometeu a se esforçar ao máximo para nos atender", diz Júlio Borba, pai da paciente.

Patrícia passou por uma preparação especial no pré-operatório. "Ela tomou hormônios para elevar a quantidade de componentes do sangue e entrar no transplante com níveis acima do normal", conta Luiz da Silva.

Em um procedimento desse tipo, o risco de não receber sangue é enorme. A medula é justamente o órgão que produz os componentes mais importantes do sangue, como glóbulos vermelhos e plaquetas. Até a nova medula ter suas funções normalizadas depois do transplante, são necessários pelo menos 15 dias.

As transfusões são de plaquetas, que são responsáveis pela coagulação sanguínea, e glóbulos vermelhos, que têm a função de transportar oxigênio no sangue. Sem os componentes, a chance de o paciente ter sangramentos e anemia profunda é altíssima.

Para estimular os glóbulos vermelhos, foi dado eritropoietina. Para plaquetas, interleucina. E mais doses altas de ferro e ácido fólico. Os remédios fizeram com que ela começasse o transplante com 214 mil plaquetas. Durante o procedimento, o número caiu para 33 mil. Ela recebeu alta, 35 dias depois, com 72 mil plaquetas. "Em nenhum momento ela correu risco de vida. Mas fiquei praticamente 15 dias sem dormir", lembra o hematologista.

"Essa técnica com remédios não é usada como rotina em nenhum centro de transplante do mundo", analisa Mair Pedro de Souza, hematologista do Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, um dos maiores centros de referência em transplantes do País. "Seria muito interessante que houvesse um protocolo grande (pesquisa clínica) a partir de agora."

O Brasil tem 1,6 milhão de Testemunhas de Jeová. Para eles o sangue é sagrado e, por isso, não pode haver doação de terceiros. Componentes do sangue, como plaquetas e glóbulos, são proibidos. Já com os derivados, como albumina, proteína usada em casos graves de desnutrição, a religião é mais flexível.





Fonte: Terra

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