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Educação/Vestibular
Sexta - 15 de Dezembro de 2006 às 13:34

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Projetos que facilitam o processo pedagógico e a interdisciplinaridade. Essas são as armas usadas pela direção e corpo docente da Escola Estadual “Córrego do Ouro”, que atende 250 alunos da comunidade de mesmo nome, localizada na Serra de São Vicente, no município Santo Antônio do Leverger (a 35km de Cuiabá), para combater a evasão e melhorar os indicadores da escola.

Ao todo, os profissionais desenvolveram dez projetos durante todo o ano de 2006, que foram incorporados às atividades de sala de aula e nas extra-curriculares, sempre voltados à realidade dos alunos e que ajudaram a compor uma atmosfera de troca de experiências e comprometimento com os estudos.

“Com os projetos, que já desenvolvemos há alguns anos, conseguimos conquistar os alunos e reduzir o índice de evasão escolar. Além disso, essas ações extras ajudam para a conservação do prédio da escola e no processo ensino e aprendizagem”, salienta o diretor Marcos Peixoto.

O carro-chefe é o projeto “Horta Escolar”, que incrementa a Merenda Escolar e estimula os alunos a desenvolverem, com prazer, a atividade que seria obrigatória em casa: o cultivo de hortaliças. E, de forma interdisciplinar, a horta leva até essas crianças conhecimentos novos sobre sua própria realidade.

Os alunos da escola “Córrego do Ouro” são filhos de pequenos agricultores, que têm no cultivo de hortaliças a principal fonte de renda. Para a implantação da horta, os professores usaram o conhecimento prático dos alunos, a estrutura dos pais.

“Ainda tornamos útil um espaço no terreno da escola que estava sujo e servia de abrigo para cobras. Nessa região existe muita cobra e às vezes uma saía do mato. Então, limpamos a área, pegamos mudas de verduras com os pais dos alunos e os professores e alunos fizeram os canteiros e plantaram”, contou o diretor.

Depois a horta foi dividida em setores: cada série cuida de uma parte. Para estimular os alunos, o diretor e professores premiam os alunos do setor melhor cuidado com viagens a Cuiabá, ao Horto Florestal e até a um Clube Aquático. A metodologia usada na horta é a mesma adotada para os projetos: “Bananal”, “Abacaxizal”, “Mandiocal”, “Primavera” e “Arborização”.

“Servimos até duas refeições a cada turno. Além da alimentação reforçada, com o Abacaxizal foi possível que a gente acrescentasse sucos às refeições”, observou a professora Marluce Mirian Peixoto. Ela é a coordenadora do projeto “Primavera”, que visa fazer a jardinagem da escola. “Este ano a 4ª e a 2ª série ficaram encarregadas de cuidar do jardim. Com esse projeto, a escola ficou mais bonita, confortável e aconchegante”, disse a professora.

Enquanto os alunos participam dos projetos, a abordagem pedagógica se dá, esclarece a professora, com a produção de textos, “tendo o jardim como inspiração”, nas aulas de Língua Portuguesa; a pesquisa sobre o tipo de plantas, nas aulas de Ciências; a medição dos canteiros, nas aulas de Matemática; entre outras atividades. “Todos os projetos são amarrados no PDE [Projeto Desenvolvimento Escolar] da escola para que haja um compromisso do corpo docente”, destaca Marluce.

Embora não sejam obrigados, todos os 250 alunos estão inseridos em algum projeto da escola. Um dos projetos que mais atrai os estudantes é o “Bola 100, nota também”. Com ele, o aluno destaque – com boas notas, assíduo e que tenha bom comportamento em casa – participa da escolinha de futebol. Duas vezes por semana, eles são levados até o ginásio do Centro Tecnológico Federal (Cefet), (a 15km da escola) para as aulas.

“Eles acham o máximo sair daqui e ir fazer as aulas lá no Cefet. E se esforçam para tirar boas notas e se comportam em casa para não serem impedidos de ir ao treino”, conta o diretor Marcos, que é o coordenador do Projeto. Para levar os alunos, o diretor conta com a parceria da cooperativa que faz o Transporte Escolar e com uma empresa de alimentos, que doou o uniforme.

De forma interdisciplinar, o professor de História, Cleomar Eterno dos Santos, proporcionou aulas diferenciadas aos alunos e resgatou a história da comunidade “Córrego do Ouro”. O objeto de estudo da turma foi uma casa de pau-a-pique, construída ha 13 anos e que serviu de sede para a escola, a igreja e para a Associação de Moradores. Com o projeto ““Restaurar é reconhecer”, o professor e alunos planejaram a restauração da casa e fizeram entrevistas com os moradores mais velhos.

Varandão Cultural

No decorrer do ano, eles ganharam madeira de uma comunidade vizinha, a “Mata-Mata”, e a doação de telhas para cobrir a casa, mas uma fatalidade impediu a restauração: uma forte chuva derrubou a casa. Mas, relata o professor, a pesquisa não foi em vão. “Sistematizamos todas as entrevistas e vamos lançar um livro neste final do ano”, garantiu.

De acordo com o professor, o livro será lançado entre os dias 21 e 23 de dezembro, durante o “Varandão Cultural”. Durante o evento ainda acontecerá um seminário sobre o processo histórico de Mato Grosso e a apresentações que visam valorizar a cultura local.

A aluna Ingrid dos Santos, de 10 anos, relata que adora ir à escola “Córrego do Ouro” e, principalmente, de cuidar do “Abacaxizal”. O setor que ela e os outros colegas da 3ª série são responsáveis é todo enfeitado por girassóis e gergelim. “O gergelim também protege os abacaxis da formigas”, ensina a aluna. A tática é adotada pelos alunos de todos os setores, porque conta ponto para a premiação. Agenda 21

O trabalho desenvolvido pela escola ganhou visibilidade nacional e chamou atenção da equipe da gestora ambiental Ecology Brasil e da empresa Itubiara Transmissora de Energia Ltda, que fizeram em 2006 um trabalho de implantação de um Programa Ambiental, visando a Agenda 21 do Ministério do Meio Ambiente.

O Programa surgiu a partir da demanda da construção de uma linha de transmissão de energia, que saiu de Goiânia/GO e passou por 23 municípios até chegar a Cuiabá. “Realizamos o trabalho com aproximadamente 16 escolas. Entre elas a “Córrego do Ouro” tem um diferencial: alunos, professores e pais em conjunto, preocupados com a qualidade de vida da comunidade”, disse uma das coordenadoras do Programa, Aline Santos Dias.

Aline destacou ainda que, durante o trabalho na escola, observou a preocupação da comunidade escolar com dois grandes problemas: o lixo e as embalagens de agrotóxicos. “No local não existe coleta de lixo e mesmo assim, eles selecionam e enterram o lixo orgânico”.

O trabalho desenvolvido pelos professores da “Córrego do Ouro” foi destacado na Cartilha lançada pelas duas instituições, a “Agenda 21 com energia”, como “Ação que merece todo o reconhecimento e serve de exemplo de como a integração e cooperação são essenciais para o sucesso de projetos”.





Fonte: Assessoria/Seduc-MT

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