Dermatologistas vão alertar população sobre perigos do câncer de pele

No dia 18 de novembro, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realizará a VIII Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele. A campanha será das 9h às 15h. Os dermatologistas prestarão atendimento gratuito à população em 180 postos espalhados por 24 estados brasileiros, incluindo Mato Grosso.

Além das consultas, o objetivo da ação é orientar a população sobre como se proteger do sol e examinar a pele para detectar sinais precoces do câncer de pele. Caso seja detectada alguma lesão suspeita, será agendada a realização de biópsia ou cirurgia na rede pública de hospitais. Para facilitar e incentivar o acesso à campanha, a SBD disponibilizou um serviço de telemarketing gratuito: 0800 707 74 94. Após ligar para este telefone, o usuário deve digitar o CEP da localidade onde ele se encontra e o serviço informa o posto de atendimento mais próximo.

"O Programa Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele é uma ação institucional promovida pela SBD desde 1999 com o objetivo de desenvolver uma cultura de prevenção e transmitir os conhecimentos básicos sobre a doença e os cuidados com a exposição solar", esclarece o dermatologista Lúcio Bakos, coordenador nacional da ação.

A doença

Dentre os tumores existentes, o câncer de pele é o primeiro no ranking mundial, mas a doença tem cura. Se identificada no início, as chances são de 98%; em contrapartida, 25% dos casos não detectados precocemente são fatais. Muitos deles poderiam ser evitados, através de medidas de prevenção, e curados, quando diagnosticados precocemente. A exposição excessiva e prolongada ao sol, além do risco de câncer de pele, contribui também para o envelhecimento precoce, principalmente do rosto.

A Sociedade alerta que os cuidados e a prevenção do câncer de pele devem começar desde cedo, pois os danos causados pelo sol no DNA das células ficam armazenados para sempre. Não é à toa que, quanto mais idade, maior a incidência de câncer de pele. "O efeito da radiação ultravioleta é cumulativo, ou seja, mesmo se a pessoa parar de se expor ao sol, a doença pode vir a se manifestar anos depois. Até os 20 anos, a pessoa recebe 80% do sol necessário para danificar a pele. Por isso os pais têm que proteger seus filhos desde a infância", ressalta o doutor Edson Virgílio Martins, coordenador da campanha no Mato Grosso.

Estudos comprovam que o número de casos de câncer de pele aumenta na mesma proporção da idade. De acordo com o Censo Dermatológico da SBD, um levantamento inédito que analisou 54.519 pacientes, o pré-câncer é a que mais acomete pessoas acima dos 65 anos (17%). Do grupo de idade entre 40 e 64 anos, o pré-câncer é a terceira doença mais identificada (8,7%). Na comparação entre homens e mulheres, os casos de pré-câncer são equivalentes: é a quarta doença de pele que mais acomete as mulheres (5,6%) e a quinta em relação aos homens (4,2%).

O câncer de pele é o crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Estas se dispõem formando camadas e, dependendo de qual delas é afetada, surgem os diferentes tipos de câncer. Os mais comuns são o carcinoma basocelular, espinocelular e melanoma. A principal responsável pelo desenvolvimento da doença é a radiação ultravioleta (UVB), emitida pelo sol principalmente entre 10h e 15h. Em menor escala, outros fatores, como raio-x e certas substâncias químicas também podem levar ao câncer. Hábitos simples, como não se expor nos horários inadequados, usar óculos escuros, chapéu e protetor solar diariamente, inclusive em dias nublados, ajudam a evitar o problema. Segundo dados da SBD, 70% dos brasileiros não fazem uso de proteção solar.

Dois tipos de fatores contribuem para o aparecimento do tumor: os individuais, como a predisposição genética, cor da pele, dos olhos e cabelos; e os ambientais, como a localização, região, moda, tipo de trabalho que exerce. Os médicos consideram o melanoma um câncer urbano, cuja incidência se dá, majoritariamente, em pessoas que pegam sol com pouca freqüência, porém, em grande quantidade (70% dos casos são relacionados ao sol de lazer). Já o carcinoma, menos perigoso do que o melanoma, é um tipo de câncer mais rural, típico de pescadores e agricultores que trabalham sob o sol.

Embora o câncer de pele seja mais freqüente na população branca, qualquer pessoa pode ter a doença. Embora a incidência de tumores seja menor na raça negra, eles costumam ser mais agressivos do que nas outras raças. Os negros costumam apresentar poucos casos de carcionomas e mais de melanomas de extremidades, em pés, mãos e lábios, causados por trauma. As primeiras manifestações da doença costumam ser manchas escuras. Sem o cuidado necessário, as manchas evoluem e viram feridas.

A Sociedade de Dermatologia recomenda a realização do auto-exame de pele a cada três meses. Sem roupa e na frente de um espelho, observe o corpo todo, incluindo a área genital. Ferida que não cicatriza, sinal com aspecto irregular, uma "pinta" preta ou acastanhada que muda de cor, textura, torna-se irregular nas suas bordas e cresce de tamanho ou uma mancha que continua a crescer apresentando coceira ou sangramento devem ser analisados com mais rigor.

Uma maneira simples e prática de identificar o melanoma é utilizar o que os dermatologistas chamam de Teste ABCD. Repare se o sinal ou a pinta apresenta: Assimetria (os dois lados têm formatos e tamanhos diferentes); Bordas irregulares; Cores variadas, principalmente tons de preto e Diâmetro maior que 6 milímetros.

As crianças merecem cuidado especial, principalmente no verão. Bebês até seis meses não devem usar filtro solar. "Mantenha-os fora do sol e assegure-se de que há sombra total nos carrinhos e na cadeirinha do carro. Quando sair à rua, use sempre sombrinhas para o sol", aconselha dr. Martins. O médico esclarece que alguns remédios podem deixar a pele da criança mais sensível ao sol. Por isso, quando o pediatra prescrever alguma medicação, pergunte se o sol deve ser evitado.

Como se proteger

Evite o sol entre 10h e 15h. Os raios que bronzeam são os UVA, emitidos até as 10h e após as 15h. No entanto, os raios da manhã ou do final da tarde também causam envelhecimento e tumores;

Escolha um filtro que tenha proteção contra os raios UVA e UVB e seja adequado ao seu tipo de pele. No entanto, o produto não é 100% garantido contra os malefícios solares. A proteção eficaz inclui o uso de chapéus de abas largas, óculos escuros, blusas de mangas e calças compridas.

A proteção deve ser feita no dia-a-dia, principalmente nas regiões aonde o sol aparece o ano todo. A regra também vale para os dias nublados, pois a radiação UVA, responsável pelo envelhecimento e pelo aparecimento de melanoma, atinge a Terra durante todo o dia. A incidência da radiação UVB, causadora dos carcinomas, se intensifica entre 10h e 15h.

A cabeça, lábios, orelhas, mãos e pés também exigem proteção;

Reaplique o filtro solar a cada duas horas. Se houver transpiração excessiva ou imersão prolongada na água, antecipe a reaplicação;

Os raios ultravioleta podem refletir em qualquer superfície, como areia, água e concreto.

A exposição em máquinas de bronzeamento artificial provoca riscos de câncer de pele e não são recomendadas pela SBD. As loções auto-bronzeadoras são aprovadas.

Ao contrário do que muitos pensam, é a luminosidade solar, e não a exposição ao sol, que libera endorfina e melhora o humor. O único benefício da exposição aos raios UVB é que eles estimulam a síntese de vitamina D pelo organismo. No entanto, dez minutos de sol pela manhã, com protetor, são suficientes para isso.

Atendimento

Os pontos de atendimento da campanha em Mato Grosso serão o Centro de Especialidades Regional de Media e Alta Complexidade (Cermac), na rua Major Gama, 740, bairro Centro Sul, em Cuiabá; Centro de Especialidades de Várzea Grande, na rua Filinto Muller, s/n, centro de Várzea Grande. Em Sinop, será na Unidade de Saúde Central, na avenida Figueiras, 1102, centro; em Rondonópolis será no Ceadas, na rua Fernando Corrêa da Costa, 713, na Vila Aurora; e em Cáceres será no Rotary Club, na rua 13 de junho, 399, centro da cidade.