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Quarta - 08 de Novembro de 2006 às 14:05
Por: José Ribamar Trindade

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Agora, 17 anos depois, a Polícia Civil localiza o Boletim de Ocorrência (BO) da Polícia Militar sobre a morte do vendedor Pedro Gomes Pinheiro, assassinado com vários tiros pelas costas em dois de abril de 1989. É mais um peça do quebra-cabeça que está sendo montado por investigadores da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP). Agora a Polícia vai fazer uma acareação entre o delegado David Montania, presidente do inquérito desaparecido há mais de 17 anos, e o principal acusado, o empresário José Valdir de Jorge, na época cunhado da vítima.

O laudo de necopsia e o atestado de óbito, já já localizado pela Polícia, confirmam que os tiros foram disparados pelas costas, segundo uma denúncia anterior. A Polícia Civil também já localizou parte do inquérito desaparecido há 17 anos. O Boletim de Ocorrência, cuja cópia estava dentro do inquérito, foi recuperado com a ajuda da PM, que guardava uma outra cópia nos arquivos.

O delegado Montania, ouvido em depoimento na DHPP confirmou que abriu inquérito, indiciou o empresário José Valdir e ainda reconheceu a assinatura dele num documento localizado pela Polícia. Já o empresário José Valdir, além de negar a autoria do crime, alega que nunca, sequer pisou numa delegacia e também nunca foi chamado, muito menos ouvido pela Polícia na morte de Pedro Gomes.

Como os dois: o delegado Montania e o empresário José Valdir falam coisas diferentes, o delegado João Bosco de Barros, titular da DHPP e presidente do inquérito vai ter que colocar frente a frente os dois para uma acareação. O delegado Bosco, no entanto, está evitando falar sobre o assunto, mas não pôde deixar de balançar a cabeça positivamente - dizendo que sim, que haverá uma acareação -, quando questionado sobre quem estava mentindo?

Apesar do silêncio do delegado João Bosco, a reportagem do Site 24 Horas News, conseguiu algumas informações extras DHPP, como por exemplo, faltam poucas peças para encaixar no quebra-cabeça que está sendo montado na reconstituição do inquérito que sumiu misteriosamente há mais de 17 anos de dentro da Polícia Civil.

ENTENDAO CASO

O Ministério Público Estadual mandou a Polícia Civil apurar uma denúncia grave: o sumiço do inquérito policial que apurava o assassinato de Pedro Gomes Pinheiro, executado com vários tiros pelas costas em dois de abril de 1989, no bairro Dom Aquino. A pessoa que fez a denúncia anônima para o Ministério Público, também garante que, além desse caso, existem pelo menos outros seis assassinatos envolvendo um mesmo grupo de pessoas, todas ligadas a uma mesma empresa do ramo de factoring. Crimes que vão surgir, segundo a denúncia, durante as novas investigações.

A peça investigativa, cujas cópias teriam que estar na hoje Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), não foi localizada. O inquérito também nunca chegou ao Fórum Criminal de Cuiabá. O empresário José Valdir de Jorge, do ramo de factoring de Cuiabá é o principal acusado pelo assassinato e pelo sumiço do inquérito – nesse caso, contou com a colaboração de alguém da própria polícia -, fato que está sendo investigado.

Depois de receber a denúncia enviada para investigações pelo Ministério Público, o delegado João Bosco de Barros, titular da DHPP, determinou uma busca nos arquivos.

Na busca – que durou quase uma semana - o inquérito não foi localizado. Dias depois, a Polícia localizou apenas alguns dados que estavam arquivados no computador – o que comprova a abertura do inquérito e o indiciamento do empresário -, na época pelo delegado David Montania, então titular da Delegacia Municipal de Cuiabá.

O delegado confirma que indiciou José Valdir de Jorge e enviou o caso para novas investigações na Delegacia Distrital do bairro do Porto, de onde o inquérito teria desaparecido misteriosamente.

O acusado - impune há quase duas décadas -, também já foi localizado e ouvido pelo delegado João Bosco. O empresário negou seu envolvimento no caso. Disse que desconhecia os fatos e que não esteve na polícia à época do crime.

“Ele alegou que não sabia de nada e que nunca havia sido chamado para depor na polícia. Agora nós vamos reconstituir toda a trajetória do crime e também vamos refazer o inquérito por determinação da Justiça, até porque, a família da vítima também está cobrando a solução para o caso” afirmou o delegado João Bosco.

O delegado Bosco também confirmou que já ouviu em declarações o delegado David Montania, hoje aposentado da Polícia Civil. O delegado confirmou que no dia 25 de abril de 1989 indiciou o empresário e que depois enviou o inquérito para a Distrital do Porto.

O que a polícia ainda não entende, foram as negativas do empresário, alegando desconhecer o caso. Logo em seguida as confirmações do delegado David Montania, que também reconheceu a assinatura do nome dele num documento arquivado em computador, que vieram a desmentir o empresário.

“O acusado diz que nunca foi ouvido. O delegado afirma que recebeu o acusado, o ouviu em depoimento e o indiciou em crime de homicídio qualificado”, afirmou Bosco, que completa: “Não sei quem está mentindo, mas se for o caso, mais lá na frente posso até fazer uma acareação entre os dois”, ponderou o delegado.

O ASSASSINATO

Em dois de abril de 1989, foi assassinado com seis tiros pelas costas Pedro Gomes Pinheiro, que na época era casado, justamente com a irmã do empresário José Valdir de Jorge. Várias testemunhas foram ouvidas, inclusive familiares da vítima, todos foram unânimes nas acusações.

No dia 25 de abril do mesmo ano o empresário se apresentou à polícia. Foi ouvido, segundo conta o delegado David Montania. Foi indiciado e liberado para responder processo em liberdade.

Tanto é verdade, segundo o delegado João Bosco, que consta do documento encontrado no computador da Polícia Civil, que o inquérito foi transferido com autoria definida para a Delegacia Distrital do bairro do Porto.

Hoje, 17 anos depois, o Ministério Público recebeu uma denúncia anônima relatando todos os detalhes dos acontecimentos da época e determinou que a Polícia Civil investigasse. O inquérito não foi localizado e nunca chegou ao Fórum Criminal conforte atesta certidão da Justiça.

OUTROS ASSASSINATOS

Questionado sobre uma suposta denúncia feita pela mesma pessoa sobre mais seis assassinatos, atribuídos ao empresário, o delegado João Bosco de Barros desconversa. Ele afirma que está trabalhando apenas em um, mas garante que se chegarem mais denúncias terá que investigar.

Uma das denúncias seria sobre uma chacina ocorrida em 1994 na rodovia Cuiabá-Santo Antonio de Leverger, quando seis pessoas de uma mesma família teriam sido assassinadas. Conforme a nova denúncia – que seria um fato novo -, foram mortas apenas duas pessoas. As outras quatro pessoas tidas como mortas teriam sido levadas para fora do Estado.

O empresário José Valdir de Jorge foi procurado pela reportagem várias vezes. Em algumas delas conversou por telefone. Negou as acusações e prometeu dar uma entrevista acompanhada de um advogado, mas não o fez até o momento.





Fonte: 24HorasNews

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