Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Educação/Vestibular
Segunda - 06 de Novembro de 2006 às 16:48
Por: Soraia Ferreira

    Imprimir


Canarana, MT – Professores índios que lecionam as séries iniciais do Ensino Fundamental nas aldeias de 33 municípios de Mato Grosso passam, atualmente, por uma qualificação profissionalizante em nível de Magistério. O curso, denominado Haiyô, teve início em julho de 2005 e neste mês chegou à segunda etapa presencial, momento em que os docentes índios, de várias etnias, se reúnem nos pólos para as aulas teóricas nas áreas de Linguagens, Ciências Sociais e Matemática.

O Haiyô é oferecido pelo Governo do Estado de Mato Grosso, via Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a 298 índios de 36 etnias, beneficiando 9.033 estudantes índios. Os cursistas participam das aulas presenciais nos pólos de Juína, Campinápolis, Canarana e Xingu (Baixo-Médio e Alto).

Nesta segunda-feira (06.11), a 2ª etapa do Haiyô chegou ao pólo de Canarana (município localizado a 780 km de Cuiabá), ao qual estão vinculados 11 municípios: Água Boa, Barra do Garças, Bom Jesus do Araguaia, Confresa, General Carneiro, Luciara, Nova Nazaré, Paranatinga, Poxoréo, Santa Terezinha e Canarana. Ao todo, 75 índios das etnias Xavante, Karajá, Tapirapé e Bororo fazem o curso no pólo.

Ao falar para os cursistas durante a aula inaugural, que ocorreu na Câmara Municipal de Canarana, a superintendente de Ensino e Currículo da Seduc, Dolores Schusller, destacou a importância da qualificação para a inclusão social, para a qualidade de ensino e o respeito à diversidade sócio-cultural. “Este curso possui três aspectos importantes para a comunidade indígena: o conhecimento teórico, a melhoria do ensino e condições de igualdade aos alunos das aldeias e a melhoria salarial dos docentes”, observou Dolores.

Ela destacou ainda que o objetivo do Haiyô é habilitar professores, mas com um currículo diferenciado, intercultural e bilíngüe. “O Haiyô não é um curso de qualificação tradicional. Os ensinamentos são repassados respeitando às diferenças de cada etnia, ou seja, direcionados a 36 grupos indígenas diferentes”, explica.

Ensinamentos esses que começam a surtir efeito. Para o professor da Terra Indígena Pimentel Barbosa, Elsio Xavante, as dificuldades encontradas para assimilar o conteúdo durante a primeira etapa foi apenas um obstáculo a enfrentar. “O curso é muito difícil. Mas quero aprender mais e poder ensinar melhor os meus alunos”, afirmou.

Elsio leciona com mais três colegas xavantes para aproximadamente 100 estudantes na aldeia Caçula, em Canarana. Ele conta que fez apenas o Ensino Fundamental ofertado na própria aldeia e há cinco anos foi convidado para dar aulas, mas apenas agora tem a oportunidade de concluir a Educação Básica.

O Haiyô é uma formação em serviço, isto é, assim como Elsio, todos os cursistas não possuem Ensino Médio e estão no exercício da docência. De acordo com o gerente do setor de Educação Indígena da Seduc, Sebastião Ferreira, a contratação desses professores se deu por um entendimento entre as instituições formadoras - Ministério da Educação (MEC), Seduc, Secretarias Municipais e segmentos indígenas - às especificidades de cada etnia. “Mesmo sem a formação básica, as aulas aplicadas por professores da aldeia, consequentemente, da mesma etnia e que fala a mesma língua, são mais eficientes”.

Cada etapa presencial do curso tem aproximadamente um mês, sendo que em Canarana se encerrará no dia 29 de novembro. A segunda etapa do Haiyô já aconteceu no pólo de Juína, que atende 104 cursistas; no dia 1 de novembro iniciou no Xingu; e também hoje iniciou no pólo de Campinápolis;

Haiyô

O Haiyô terá duração de cinco anos, organizado em etapas presenciais e intermediárias, quando a Seduc e parceiros fazem o acompanhamento nas aldeias.

Embora realizado pelo Estado, a um custo de R$ 1,3 milhão anual, o curso é ofertado não só aos professores das Escolas Estaduais Indígenas, mas também aos das Escolas Municipais Indígenas. Para tanto, o Estado conta com a parceria do Ministério da Educação (MEC), Fundação Nacional do Índio (Funai), Funasa, Conselho Estadual Indígena e municípios.

Durante o mês de formação que passam nos pólos, os professores índios recebem material pedagógico (cadernos, livros, canetas, lápis, tintas para pinturas, etc), passagem, alimentação e hospedagem. “Em Canarana, os professores terão aulas de informática, esporte e cultura no decorrer da segunda etapa, ofertadas pela prefeitura”, informou a secretária Municipal de Educação, Beatriz Irber.

Presenças

A aula inaugural desta segunda-feira contou ainda com a participação do secretário de Administração de Canarana, Fábio Marcos Pereira, representando o prefeito; do presidente da Câmara de vereeadores, Joá José Porto Santos; da vice-prefeita, Marilei Bier; assessora pedagógica, Marlene Fátima; da representante da Funai, Elza Rodrigues; e do representante da Funasa, Nilton Orland.

A abertura do evento foi marcada pelas apresentações da Banda de Música de Canarana, que tocou o Hino Nacional; dos alunos do Projeto Aplauso, que dançaram músicas nordestinas; e pelos alunos da Escola Municipal Indígena “Água Branca”, com idade entre 3 e 15 anos, que apresentaram danças e ritos da etnia Xavante, como a dança do Sol.





Fonte: Da Assessoria

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/262712/visualizar/