Físico diz que impasse teórico de sua disciplina é uma questão democrática
O caminho mais natural na física teórica no início da década de 1980 era mergulhar nas minúcias do Modelo Padrão das Forças e Partículas Elementares. O Modelo Padrão tinha (e tem ainda) um grave buraco: não inclui a força da gravidade. Mas os físicos faziam de conta que esses problemas não existiam.
O sonho de principiante de Smolin era retomar o trabalho no ponto em que Albert Einstein o deixou, depois de 30 anos de tentativas infrutíferas de unificar gravitação com o eletromagnetismo, criando uma nova teoria quântica.
Smolin explica sua decisão no livro "My Einstein", que reúne depoimentos de vários cientistas sobre o pai da relatividade. "Decidi que havia pouco a ganhar tanto cientificamente quanto profissionalmente num assalto frontal à teoria quântica", diz. "Em vez disso resolvi atacar o problema de combinar a teoria quântica com a gravidade". Era um caminho pavimentado de boas intenções, mas com péssimos resultados.
Por algum tempo Smolin aderiu ao modismo da teoria de cordas e produziu vários artigos com esse enfoque. Decepcionado com a falta de resultados das cordas em quase 30 anos de esforços, Smolin resolveu voltar ao caminho einsteniano: desvendar as questões de fundo sobre a natureza do espaço e do tempo, relegadas ao limbo tanto pela teoria quântica quanto pelas cordas.
Nessa nova empreitada ele espera contar com a ajuda do brasileiro Roberto Mangabeira Unger, professor-titular de Harvard e colunista da Folha. "Estamos colaborando num projeto de fôlego sobre o tempo, não apenas na cosmologia mas também na ciência em geral", diz Mangabeira.
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