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Cidades/Geral
Quarta - 25 de Outubro de 2006 às 15:18

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De julho para cá, somam três mulheres que foram assassinadas com requintes de crueldade em nossa cidade, sem falar das duas que foram encontradas mortas, uma na chácara do Garibaldi e outra no sítio do Pica-Pau Amarelo. Por se tratar de uma cidade de pequeno porte do interior é considerado alarmante o número. O homem contemporâneo perdeu a noção do valor da vida do semelhante, por futilidade se tira a vida do próximo. Mas, desde a criação do mundo, já estava escrito nas Escrituras Sagradas, que tempos críticos e difíceis de manejar viriam, eis que estamos vivendo esta época.

O caso mais recente dessa natureza aconteceu provavelmente na madrugada do domingo, 15 de outubro, com a baiana Maria Nunes da Fonseca (74), de Santana dos Brejos–BA. Ela foi localizada pela manhã, do domingo, 15, por populares da região do Ponteiro, nas proximidades da Fazenda Cabeceira do Barreiro e Assentamento Banco da Terra. Por se tratar de um local de bacia leiteira, porém onde existe muito roubo de gado e com os vestígios deixados pelo assassino se tornou fácil a localização do cadáver, haja vista, que, um sitiante da região ao chegar no local para extração do leite, notou algo errado, uma vez, que a vegetação estava amassada e com bastante sangue espalhado, de imediato pensou que algum bicho do mato tivesse matado algum animal da propriedade e tivesse saído rastejando-o, ou até mesmo algum roubo de gado, até porque é de praxe esses acontecimentos por lá.

Ao seguir a trilha deixada, beirando a cerca, deparou com o cadáver da conhecidíssima Maria Nunes da Fonseca, na posição de barriga para cima em meio a uma poça de sangue. A vítima trajava blusa preta e calça comprida, cujas vestes estavam rasgadas e a calça abaixada. O corpo aparentava bastante machucado, com sangramento na boca e no nariz. Bastante assustado com a barbaridade presenciada acionou a polícia.

O Delegado de Polícia Dr. João Paulo de Andrade Farias, com a morte do Dr. Waldomiro de Lima Pereira, entres outros que foram afastados por motivo de aposentadoria, facilitação ao tráfico de drogas, foi trans-ferido para Rondonópolis, haja vista, que ele com tamanha aptidão para o cargo continua respondendo pela nossa comarca, inclusive esteve no local realizando as primeiras investigações para conhecer a real identidade da vítima, bem como, as principais e prováveis pistas deixadas pelo assassino.

Os motivos para o crime ainda são desconhecidos, até porque a polícia trabalha em cima de pistas e in-formações, mas presume-se que tenha ligações com negócios, tendo em vista, que a vítima era viúva, aposentada e mexia com vários tipos de negócios na cidade. E por ultimo ela tinha revelado a alguns familiares que estava fazendo um negócio muito bom, só não especificou que tipo de negócio, tampouco com quem estaria fazendo. Acrescentou ainda que iria no domingo, 15, para Cuiabá e retornaria na quarta-feira para Guiratinga.

A polícia investiga o caso a fundo, esse é o terceiro registro de homicídio bárbaro contra mulher de julho para cá. O primeiro aconteceu na madrugada do dia 07 de julho com a lavadeira Leonída Barbosa de Queiroz (50), que foi covardemente espancada até a morte pelo seu ex-companheiro Vanderlúcio, que inclusive acompanhava toda trajetória da polícia através do periódico Folha de Guiratinga, encontra se recolhido aguardando decisão da Justiça. O outro caso aconteceu também na madrugada do dia 30 de julho com a jovem Regina Pinto de Souza (34), que teve morte similar traumatismo craniano encefálico, provocado pelo ex-companheiro Artêmio, o vulgo calango, que graças ao bom trabalho da polícia, encontra-se preso na Cadeia Municipal, também aguardando decisão da Justiça.

Ainda com relação ao último caso, o delegado Dr. João Paulo de Andrade Farias instaurou Inquérito Policial 079/06, já ouviu várias pessoas, principalmente a família e acredita-o que dentro de poucos dias estará a par do motivo do suposto acusado deste bárbaro homicídio que chocou a comunidade guiratinguense. Foi encontrado pelos peritos da Criminalista de Rondonópolis, que também estiveram no local realizando os primeiros levantamentos sobre o crime, a importância supra de R$ 450,00 (quatrocentos e cinqüenta) reais na parte íntima da vítima (seio), além de jóias e relógio, uma arma branca. Uma carteira marrom, aparentando ser de couro, com uma Identidade, Título de Eleitor, CPF, Carteira da Associação dos Aposentados e uma Procuração pertencente a vítima foi entregue na Delegacia de Polícia Municipal pela Sra. Rose Auxiliadora da Conceição, do bairro Boa Esperança, que segunda a mesma, foi encontrada pelo seu filho menor nas proximidades do laticínio Damash meio a uma poça de lama. Até o fechamento de nossa edição (Folha de Guiratinga) a polícia não tinha em mãos os exames necroscópicos da Criminalística, mas tudo indica e caracteriza que a vítima teve morte de traumatismo craniano encefálico por instrumento contundente.

Violência contra a mulher é um sério problema, não somente em Guiratinga como no mundo todo, é um termo de múltiplos significados, e vem sendo utilizado para nomear desde as formas mais cruéis de tortura até as formas mais sutis da violência que têm lugar no cotidiano da vida social, na família, nas empresas ou em instituições públicas, entre outras.

Alguns pesquisadores propõem definições abrangentes da violência que levem em conta o contexto social, a distribuição desigual de bens e informações. Para compreender a violência devem-se levar em consideração as condições sociais geradoras de violência - sociais, políticas, econômicas e não apenas os episódios agudos, como a violência física explícita. Distingue-se nesse campo de estudo, a delinqüência (ferimentos, assassinatos e mortes), a violência estrutural do Estado e das instituições que reproduzem as condições geradoras de violência e a resistência às condições de desigualdade.

No Brasil, um marco na história do movimento foi a exigência do fim da impunidade aos criminosos que agiam "em nome da honra". A legítima defesa da honra foi um argumento bastante utilizado por advogados que não hesitavam em denegrir a imagem das mulheres assassinadas, para garantir a absolvição de seus clientes. Invertendo os valores da justiça, as vítimas eram acusadas de sedução, infidelidade, luxúria, levando o homem ao desequilíbrio emocional e à atitude extrema do homicídio.

A violência afeta mulheres de todas as idades, raças e classes sociais e tem graves repercussões sociais. Agravos à saúde física e mental, dificuldades no emprego, na aprendizagem, riscos de prostituição, uso de drogas e outros comportamentos de risco. Segundo diversos estudos, com populações de várias partes do mundo, e em diferentes culturas, um grande número de mulheres relata que já foi agredida física, psicológica ou sexual-mente, pelo menos uma vez na vida.

Nesse contexto destaca-se a violência sexual, apontada por pesquisadores como uma das principais formas de agressão, que predomina sobre as outras. Embora se classifique a violência em tipos distintos, as diferentes formas de agressão nunca aparecem isoladas. As mulheres estupradas, ou as meninas submetidas ao abuso sexual, em geral são espancadas e sofrem ameaças de toda sorte. Sob o domínio do medo, elas não denunciam, não procuram ajuda, se fecham em si mesmas e sofrem caladas até que um fato como a gravidez venha revelar a situação. A violência física, no mínimo é acompanhada da violência psicológica. Essa diferenciação faz sentido apenas na discussão da abordagem, para que se possa compreender melhor a necessidade que a vítima apresenta ao buscar ajuda. Em qualquer situação, porém, é o olhar sobre o problema deve ser o mais amplo possível, para que a mulher, criança ou adolescente agredida, seja vista e acompanhada na sua integralidade.

A violência contra a mulher constitui uma violação aos direitos humanos e às liberdades fundamentais e limita total ou parcialmente à mulher o reconhecimento, gozo e exercício de tais direitos e liberdades. "violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado.”

Quem de nós poderia dizer que jamais se deparou com uma situação de violência, durante toda a vida pelo fato de ser mulher? Quem nunca ouviu comentários ofensivos na rua, num ônibus ou espaço público? Ou nunca foi assediada no trabalho por alguém que se deu a liberdade de avançar sexualmente sem ter sido convidado? A violência pode ocorrer de maneira sub-reptícia, dissimulada, mas mesmo em suas formas leves ela se baseia na dominação de um gênero sobre outro.





Fonte: 24HorasNews

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