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Polícia Brasil
Terça - 26 de Setembro de 2006 às 10:03

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O Ministério Público Estadual mandou a Polícia Civil apurar uma denúncia grave: o sumiço do inquérito policial que apurava o assassinato de Pedro Gomes Pinheiro, executado com vários tiros pelas costas em dois de abril de 1989, no bairro Dom Aquino. A pessoa que fez a denúncia anônima para o Ministério Público, também garante que, além desse caso, existem pelo menos outros seis assassinatos envolvendo um mesmo grupo de pessoas, todas ligadas a uma mesma empresa do ramo de factoring. Crimes que vão surgir, segundo a denúncia, durante as novas investigações.

A peça investigativa, cujas cópias teriam que estar na hoje Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), não foi localizada. O inquérito também nunca chegou ao Fórum Criminal de Cuiabá. O empresário José Valdir de Jorge, do ramo de factoring de Cuiabá é o principal acusado pelo assassinato e pelo sumiço do inquérito – nesse caso, contou com a colaboração de alguém da própria polícia -, fato que está sendo investigado.

Depois de receber a denúncia enviada para investigações pelo Ministério Público, o delegado João Bosco de Barros, titular da DHPP, determinou uma busca nos arquivos.

Na busca – que durou quase uma semana - o inquérito não foi localizado. Dias depois, a polícia localizou apenas alguns dados que estavam arquivados no computador – o que comprova a abertura do inquérito e o indiciamento do empresário -, na época pelo delegado David Montania, então plantonista na Central de Polícia.

O delegado confirma que indiciou José Valdir de Jorge e enviou o caso para novas investigações na Delegacia Distrital do bairro do Porto, de onde o inquérito teria desaparecido misteriosamente.

O acusado - impune há quase duas décadas, também já foi localizado e ouvido pelo delegado João Bosco. O empresário negou seu envolvimento no caso. Disse que desconhecia os fatos e que não esteve na polícia à época do crime.

“Ele alegou que não sabia de nada e que nunca havia sido chamado para depor na polícia. Agora nós vamos reconstituir toda a trajetória do crime e também vamos refazer o inquérito por determinação da Justiça, até porque, a família da vítima também está cobrando a solução para o caso” afirmou o delegado João Bosco.

O delegado Bosco também confirmou que já ouviu em declarações o delegado David Montania, hoje aposentado da Polícia Civil. O delegado confirmou que no plantão de 25 de abril de 1989 indiciou o empresário e que depois enviou o inquérito para a Distrital do Porto.

O que a polícia ainda não entende, foram as negativas do empresário, alegando desconhecer o caso. Logo em seguida as confirmações do delegado David Montania, que também reconheceu a assinatura do nome dele num documento arquivado em computador, que vieram a desmentir o empresário.

“O acusado diz que nunca foi ouvido. O delegado afirma que recebeu o acusado, o ouviu em depoimento e o indiciou em crime de homicídio qualificado”, afirmou Bosco, que completa: “Não sei quem está mentindo, mas se for o caso, mais lá na frente posso até fazer uma acareação entre os dois”, ponderou o delegado.

ENTENDA O CASO

Em dois de abril de 1989, foi assassinado com seis tiros pelas costas Pedro Gomes Pinheiro, que na época era casado, justamente com a irmã do empresário José Valdir de Jorge. Várias testemunhas foram ouvidas, inclusive familiares da vítima, todos foram unânimes nas acusações.

No dia 25 de abril do mesmo ano o empresário se apresentou à polícia. Foi ouvido, segundo conta o delegado David Montania. Foi indiciado e liberado para responder processo em liberdade.

Tanto é verdade, segundo o delegado João Bosco, que consta do documento encontrado no computador da Polícia Civil, que o inquérito foi transferido com autoria definida para a Delegacia Distrital do bairro do Porto.

Hoje, 17 anos depois, o Ministério Público recebeu uma denúncia anônima relatando todos os detalhes dos acontecimentos da época e determinou que a Polícia Civil investigasse. O inquérito não foi localizado e nunca chegou ao Fórum Criminal conforte atesta certidão da Justiça.

MAIS SEIS ASSASSINATOS

Questionado sobre uma suposta denúncia feita pela mesma pessoa sobre mais seis assassinatos, atribuídos ao empresário, o delegado João Bosco de Barros desconversa. Ele afirma que está trabalhando apenas em um, mas garante que se chegarem mais denúncias terá que investigar.

Uma das denúncias seria sobre uma chacina ocorrida em 1994 na rodovia Cuiabá - Santo Antonio de Leverger, quando seis pessoas de uma mesma família teriam sido assassinadas. Conforme a nova denúncia – que seria um fato novo -, foram mortas apenas duas pessoas. As outras quatro pessoas tidas como mortas teriam sido levadas para fora do Estado.

O empresário José Valdir de Jorge foi procurado pela reportagem várias vezes. Em algumas delas conversou por telefone. Negou as acusações e prometeu dar uma entrevista acompanhado de um advogado, mas não o fez até o momento.





Fonte: 24HorasNews

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