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Saúde
Terça - 22 de Agosto de 2006 às 08:18

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Três pessoas morreram em uma semana em Tangará da Serra com suspeita de hantavirose. Todas trabalhavam em fazendas de Campo Novo do Parecis. Outro caso foi registrado este mês e em junho e julho foram confirmados mais quatro casos da doença na região. Entre as vítimas está uma menina de sete anos.

A doença é transmitida pelas fezes, urina e saliva de ratos silvestres. Campo Novo, Sapezal e Tangará da Serra são os municípios que mais preocupam os especialistas. O tratamento destinado ao paciente pode ser o diferencial na cura da doença. Os sintomas, febre alta, dor no corpo, dificuldades para respirar, são parecidos com a gripe, o que pode complicar o quadro clínico e levar a pessoa à morte.

O médico Cláudio Cozzani explica que a doença compromete alguns órgãos do corpo, o que prejudica o restabelecimento do paciente. "Da mesma forma que o pulmão fica comprometido, o rim também fica. O rim tem que estar sempre funcionando para descarregar aquela sobrecarga de líquido que se impõem ao pulmão. Esses pacientes têm como complicação pior a insuficiência renal aguda, que é o que vem a apressar o óbito deles", explica Cozzani.

Representantes do Ministério da Saúde fizeram, em Campo Novo do Parecis, uma pesquisa de hantavirose inédita no Brasil. No final do ano passado, um grupo de biólogos, veterinários e sanitaristas espalharam armadilhas para capturar ratos silvestres. "No primeiro ano você já tem um perfil epidemiológico. No segundo ano você vai comparar esse perfil, esses dados com o ano anterior. Aí sim, que a gente pode mostrar à população o quanto esse trabalho será importante, não só para Campo Novo, Mato Grosso, mas também para o Brasil. Partindo daqui, teremos alguma coisa melhor ainda ou então achar um novo hospedeiro que a gente não conhece nessa região", argumenta o Mauro Elkhauky, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

O diretor do Pólo Regional de Saúde, Paulo Roberto Araújo, diz que os especialistas fazem um trabalho de conscientização, de pesquisa e de divulgação. Ele ressalta que os produtores rurais também precisam fazer a prte deles. "A gente tem batido muito em cima com relação ao uso e à prática do EPI [Equipamento de Proteção Individual] nas propriedades rurais e também disseminando a questão da educação e saúde, a questão da prevenção, que na situação em que está o trabalho é voltado para a prevenção", frisa Araújo.

O técnico da Secretaria Estadual de Saúde, Rinaldo Cardoso, diz que o grande problema é que as pessoas que moram ou freqüentam o meio rural subestimam a doença. Ele argumenta que as pessoas não se protegem da maneira recomendada porque acreditam que não vão se contaminar. "Quando você fala em equipamento de proteção individual, no caso de hantavirose, o equipamento em si pode causar transtornos na hora do trabalho e conseqüentemente eles evitam o uso. Evitando o uso de EPI, consequentemente a doença pode vir a acontecer de forma mais intensa em regiões como aquela".

O presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Normando Corral, concorda que muitos agricultores e funcionários não usam o equipamento de segurança obrigatório. "Às vezes eu vejo funcionário que você dá a máscara para ele e ele está com ela no pescoço, na testa, porque atrapalha para falar. Esse trabalho tem que ser massificado e isso é um trabalho para a Secretaria de Saúde", conclui Corral.

De acordo com a delegada regional do Trabalho, Marilete Mulinari Girardi, não há no Estado um trabalho específico para fiscalizar se agricultores e funcionários usam o equipamento de proteção obrigatório.

A doença

A hantavirose é uma doença infecciosa grave causada por vários tipos de vírus, existindo mais de 20 tipos pelo mundo. A vítima adquire a doença através de água e comida contaminada; por via respiratória, através do pó das fezes, urina e saliva dos roedores, principalmente ratos; por mordidas de ratos e lesões na pele. O período que leva para desenvolver a doença é de cinco a 42 dias.

Os sintomas são febre, dor de barriga, dores pelo corpo, dor de cabeça e vômitos inicialmente. Segue-se tosse com catarro, falta de ar, pressão alta e edema pulmonar, levando a insuficiência respiratória aguda. O número de mortes é bem grande devido à gravidade dos órgãos atingidos.

Como não existe tratamento direto contra esse vírus, a prevenção é fundamental nessa doença, através:

do controle de roedores: eliminar tudo que possa servir de ninhos ou tocas de ratos, evitar entulhos, armazenar produtos agrícolas longe das residências e em galpões elevados acima do solo, fazer coleta do lixo adequada;

da limpeza de ambientes contaminados: usar desinfetantes como hipoclorito de sódio; em ambientes fechados, fazer ventilação dos locais antes de entrar, usar proteção respiratória (máscara). A limpeza do piso e móveis deve ser feita com pano úmido para não levantar poeira. Alimentos devem ser enterrados em sacos plásticos molhados com detergentes.

só mexer em bichos mortos e alimentos com luvas de borracha. o treinamento dos trabalhadores é importante para evitar contato com o vírus.





Fonte: RMT Online

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