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Cidades/Geral
Segunda - 07 de Agosto de 2006 às 07:48

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A menina fica calada, sentada no bar, ao lado da mãe embriagada. A mulher, que já dorme no chão, em decorrência do efeito do álcool, ignora a rotina da filha de apenas seis anos na escola. A professora conta que por duas vezes ela já urinou nas calças. Tudo porque tem medo de pedir para ir ao banheiro. Acha que a "tia" vai gritar com ela como a mãe faz. Não se socializa, nem se concentra. Tem dificuldade para aprender. Auto-estima em baixa. Vai para escola suja e com fome. Mora com a mãe e a tia alcoólatras. Este é apenas um dos casos comuns na periferia da Capital.

A professora Elisângela Castelo, 31, disse que na escola municipal em que atuou em Cuiabá, os professores praticamente adotaram uma menina de seis anos. Ela chegava na escola com fome e suja. Os professores sempre tinham disponível uma roupa, toalha e sabonete. Se não providenciassem o banho, a criança passava a semana toda suja. Era o irmão de 10 anos que "cuidava" da menina. A mãe é alcoólatra e a criança tinha marcas freqüentes de agressões pelo corpo.

No Brasil, milhares de crianças e adolescentes convivem com algum parente que sofre de alcoolismo. Pesquisadores estimam que eles podem representar até 11,2% da população do país, ou quase 20 milhões de brasileiros.

Estudos recentes mostram que crianças e adolescentes filhos de pais com o vício estão mais sujeitos a desequilíbrios emocionais e psiquiátricos. Normalmente, o primeiro problema identificado é um prejuízo severo na auto-estima, com repercussões negativas sobre o rendimento escolar e as demais áreas do funcionamento mental. Esses adolescentes e crianças tendem a subestimar a própria capacidade e qualidades. De acordo com o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, presidente executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), filhos de mulheres que consomem álcool em excesso durante a gravidez estão sujeitos à síndrome alcoólica fetal, que pode provocar seqüelas físicas e mentais no recém-nascido.

A professora relata que no bairro 1º de Março, onde atuou muitos anos, quatro meninos que passaram a infância e a adolescência de bar em bar, acompanhando a mãe, acabaram ingressando na delinquência. Usam álcool e drogas. Um já foi baleado dentro da escola quando fugia de outros marginais.

Os professores, que atuam na escola, já sabem que os sintomas de alcoolismo na família são facilmente perceptíveis nos alunos. Agressivos, com dificuldade no aprendizado não se socializam. O Instituto Nacional de Saúde fez um estudo envolvendo 350 crianças de sete anos de idade e descobriu que 46% dos que nasceram de mães alcoólatras tinham um índice de Quociente Intelectual (QI) abaixo de 79. Apresentavam grave retardamento mental.





Fonte: Gazeta Digital

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