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Politica Brasil
Quarta - 02 de Agosto de 2006 às 08:17
Por: Onofre Ribeiro

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A tradição democrática no Brasil é cheia de vácuos. Períodos de eleições transparentes são muito menores do que os de exceção. Logo, não cabe mais pensar em tomar ou reformar o poder pelas armas, pelas conspirações políticas ou pelos golpes militares.

Hoje, com uma intensa fiscalização da mídia, das nações do mundo, e com a construção de instituições mais fortalecidas, definitivamente, não há mais lugar para golpes.

Logo, a única revolução moderna possível é pelo voto. Nesta segunda-feira o ministro Marco Aurélio de Mello, presidente do Tribunal Superior Eleitoral disse que nas eleições de 2006 espera uma revolução pelo voto, tal a indignação da sociedade brasileira com a política.

Só pra lembrar: o Império no Brasil caiu derrubado por conspirações, a República nasceu de conspirações, a Revolução de 1930 nasceu de conspirações, a queda de Vargas em 1945 foi fruto de conspirações, o seu retorno, eleito em 1950, veio através de conspirações, sua queda e suicídio em 1954 veio de conspirações. Outras conspirações tentaram impedir a posse de JK, conspirações levaram Jânio Quadros a renunciar, os militares tomaram o poder por meio de conspirações civis, assim também caíram.

Chegamos a 2006, num ambiente político sujo e conturbado. Mais sujo do que conturbado.

A sociedade não está ainda organizada o suficiente para impor um basta à política vigente no país em todos os níveis. Ainda está longe disso. O máximo que alcançou foi o nível de indignação, que ainda está longe de efetiva ação política.

Ação política é a mobilização dos interesses sociais em defesa dos interesses sociais. Não há no Brasil nenhuma instituição capaz de promover essa mobilização. Daí, que mais uma vez a sociedade vai votar emocional e não racionalmente. Vai votar para derrubar pela punição. Num programa de entrevista de rádio, onde o tema era a pena de morte, ouvi de uma senhora do povo, bem simples, uma lição em todos que opinamos sobre o assunto. Ela disse com simplicidade: “sou contra a pena de morte, porque quem morre não aprende”.

Logo, pôr e derrubar presidentes e parlamentares como pena de morte sem exigir-lhes compromissos efetivos, é imensa burrice. Então, esta eleição será mais uma eleição burra!

A forma de levar os políticos a reformarem a política colonial brasileira que ainda vive embutidas nas nossas leis e nos nossos códigos convenientes, é puní-los pelo voto, com “Aviso de Recebimento”, como usa os correios em documentos importantes.

Seria muita burrice votar nos mesmos que hoje condenamos por sua participação em operações policiais, e escolher seus substitutos por causa “dos seus belos olhos”. Voto não serve para outra coisa, senão legitimar a representação política dos interesses da sociedade, confiados aos políticos.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.br




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