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Saúde
Terça - 30 de Maio de 2006 às 14:45

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Vinte e cinco anos depois de sua identificação, o mundo tem melhores chances para acabar com a Aids, mas ainda há falhas em muitas frentes de batalha, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) na terça-feira.

"Apesar de algumas conquistas notáveis, a resposta à epidemia da Aids até agora esteve longe da adequada", afirmou a Unaids, agência da ONU que coordena a campanha global contra a doença.

Nos anos que se seguiram à primeira descrição da Aids, em junho de 1981, o vírus HIV "disseminou-se de modo incansável de alguns focos isolados para praticamente todos os países do mundo, infectando 65 milhões de pessoas e matando 25 milhões", disse a Unaids em seu décimo relatório anual.

Os pesquisadores produziram "montanhas de evidências sobre como prevenir e tratar essa doença", afirmou o documento, baseado em dados coletados pela ONU em 126 países, desde dezembro de 2005.

Mas as iniciativas anti-Aids e seus resultados variam muito de país para país, e várias nações não estão conseguindo cumprir as metas que estabeleceram na histórica sessão da Assembléia Geral da ONU em 2001, afirmou a Unaids.

"Como não é possível reverter essa pandemia e seus prejuízos no curto prazo, precisamos sustentar uma reação em grande escala durante as próximas décadas", disse a organização, na véspera de uma sessão de acompanhamento que acontece na quarta-feira, em Nova York.

Entre as conquistas registradas desde a última sessão especial, o relatório mencionou evidências de mudanças significativas de comportamento: cada vez mais gente usando preservativos, tendo menos parceiros sexuais e dando início à vida sexual mais tarde.

Acredita-se que a taxa de incidência global da Aids tenha atingido seu pico no final dos anos 1990, e cerca de 1,3 milhão de pessoas no mundo em desenvolvimento já recebem os medicamentos anti-retrovirais, que salvaram cerca de 300 mil vidas só no ano passado.

O sangue usado em transfusões é testado rotineiramente para a presença do HIV, na maioria dos países.

O número de pessoas que buscam os exames e orientação é hoje o quádruplo do que há cinco anos, segundo pesquisas realizadas em mais de 70 países. Segundo os dados de 58 países, 74 por cento das escolas do ensino fundamental e 81 por cento das escolas de ensino médio oferecem aulas sobre a Aids, disse a Unaids.

Mas cerca de 4,1 milhões de pessoas se infectaram em 2005, e 2,8 milhões morreram. Em 2004, tinham sido registradas 4,9 milhões de novas infecções e 3,1 milhões de mortes.

Menos da metade dos jovens está bem-informada sobre a Aids, e os serviços de prevenção atingem números muito pequenos de indivíduos que usam drogas ilegais injetáveis ou que praticam sexo homossexual, mostraram as pesquisas.

O suprimento global de preservativos representa menos de 50 por cento da quantidade necessária, e as drogas anti-retrovirais, embora estejam mais disponíveis do que no passado, ainda são caras e difíceis de conseguir.

E, como os indivíduos afetados ainda sofrem com o ostracismo e a discriminação, a grande maioria dos 40 milhões de infectados do mundo nunca fizeram um exame para a presença de HIV e não sabem de seu estado, afirmou o documento.

A expectativa é de que haja recursos de 8,9 bilhões de dólares em 2006 para combater a Aids nos países em desenvolvimento, mas a quantia necessária seria de 14,9 bilhões de dólares, segundo a Unaids. Em 2008, serão necessários 22,1 bilhões de dólares, previu a entidade.

O relatório defende estratégias de educação e prevenção mais específicas, além de mais oportunidades de tratamento e mais pesquisa de medicamentos, especialmente de drogas para crianças, cujas necessidades "têm ficado de fora de nossa agenda de pesquisa".

A organização também recomendou aos governos, "quando necessário", considerar a possibilidade de usar mecanismos emergenciais das leis internacionais de comércio para reduzir o preço de remédios patenteados contra a Aids.

"Sabemos o que tem de ser feito para conter a Aids. Precisamos agora é de vontade para fazê-lo", disse o relatório.





Fonte: Reuters

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