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Saúde
Domingo - 27 de Janeiro de 2013 às 15:26

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Assim como o controverso composto que substituiu, o composto usado em notas de caixas registradoras [e em plásticos] altera ação do sistema hormonal, de acordo com uma nova pesquisa publicada em 17 de janeiro.

O estudo de cientistas da University of Texas é o primeiro relacionar baixas concentrações de bisfenol S (BPS) – uma alternativa ao bisfenol A (BPA) – à alterações na função do estrogênio e pode, por isso, ser prejudicial à saúde humana.

Pesquisadores submeteram células de ratos a níveis de BPS equivalentes aos que pessoas são expostas. Assim como o BPA, o composto interferiu no modo como as células respondem ao estrogênio natural, hormônio vital para a reprodução e outras funções.

Estudos anteriores já mostraram que o BPS imita o estrogênio, mas o novo estudo avança essas descobertas ao mostrar que ele pode alterar o hormônio mesmo em doses baixas.

“As pessoas automaticamente pensam associam doses baixas com efeito menor do que doses altas”, observa Cheryl Watson, professora de bioquímica da University of Texas e principal autora do estudo publicado em Environmental Health Perspectives. “Mas tanto hormônios naturais quando artificiais [como o BPS] produzem efeitos em doses surpreendentemente baixas”.

Laura Vandenberg, pós-doutoranda da Tufts University e especialista em BPA, explicou que o uso de células de animais é uma limitação da pesquisa mas que o método é extremamente informativo para prever o que ocorre com o um animal e é um primeiro passo importante na pesquisa sobre o BPS. Em sua opinião, deveria ser suficiente para afirmar que BPS é um estrogênio e que não o queremos em nossos corpos.

Como seu nome sugere, o BPS tem uma estrutura semelhante ao BPA, que é usado desde a década de 1950 para vários propósitos, incluindo a produção de plásticos de policarbonato. Nós últimos anos, o BPS substituiu o BPA na impressão de papel térmico usado em caixas registradoras. Cada nota térmica testada em estudo publicado no ano de 2012 continha BPS.

Bill Van Den Brandt, administrador da Appleton Papers, com sede em Wisconsin, declarou que os representantes da empresa não estavam preparados para comentar o estudo de Watson dizendo que recebem com prazer as pesquisas científicas continuadas sobre o BPS e outros possíveis substitutos do BPA. A Appleton é a maior produtora de papéis térmicos da América do Norte. Passou a usar o BPS em 2006 em decorrência das preocupações com os efeitos do BPA sobre a saúde.

Quase todas as pessoas do mundo estão expostas ao BPA. Estudo publicado durante 2012 mostrou 81% de amostras de urina de coletadas em oito países diferentes com traços da substância. Cerca de 93% dos americanos têm BPA na urina. Todos os anos, mais de dois bilhões de quilogramas de BPA são produzidos no mundo todo, e mais de 450 mil quilogramas são liberados no meio-abiente, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.

Watson está preocupada com a disseminação do BPS sem testes adequados sobre impactos sobre a saúde. "Deveríamos ser muito cuidadosos em vez de simplesmente aceitar essa substância como substituto do BPA. Deveríamos questionar todo o processo pelo qual introduzimos novos compostos químicos no mercado sem antes testá-los adequadamente”.

Além dos papéis térmicos, o BPS também é usado em alguns plásticos duros, lembrou Vandenberg. “Muitos produtos de consumo se dizem livres de BPA, mas eles não dizem que o BPS, um composto semelhante, é o substituto”, observa ela. É menos provável que o BPS contamine comidas e bebidas porque as ligações que mantém o composto no plástico são mais fortes que as usadas em produtos com BPA.

Um uso menos conhecido do papel térmico é em ultrassons e outras impressões de máquinas médicas. De acordo com um relatório de 2012 da EPA, essas impressões livres de BPA contém grandes quantidades de BPS. “Esse deve ser o uso mais assustador, com mulheres grávidas nessas salas de ultrassom e imageamento manipulando impressões com BPS”, declara John Warner, presidente do Instituto para Química Verde Warner Babcock.

Não há dados exatos sobre a produção de BPS. O Conselho Americano de Química, que representa a indústria químicaq, não respondeu aos pedidos para comentar sobre o BPS.

Pesquisas investigando os possíveis impactos do BPS sobre a saúde indicaram que o BPS imita o papel do estrogênio, mas usaram doses muito altas, muito superiores ao que é provável encontrar em pessoas. Em 2005, pequisadores no Japão concluiram que o BPS só é um pouco menos potente que o BPA enquanto um estudo europeu de 2012 afirma que os dois compostos são igualmente capazes de imitar o estrogênio.

Com a descoberta das mudanças hormonais induzidas pelo BPS, alguns cientistas afirmam que os efeitos sobre a saúde também são semelhantes aos do BPA como problemas reprodutivos, obesidade e cânceres em animais. Em humanos adultos, o BPA foi associado a maior risco de diabetes e doença cardíaca.

De acordo com Vandenberg, pesquisadores não se concentraram muito no BPS porque ainda estão tentando fazer legisladores prestarem atenção ao BPA. Atualmente, a Environmental Protection Agency e a Food and Drug Administration estão revisando o BPA para determinar se regulamentações são necessárias. A EPA também organizou um programa em 2010 com produtores e químicos voltados para a preservação ambiental para avaliar o BPS e outras alternativas usadas em notas.

Este artigo foi originalmente publicado em Environmental Health News, uma fonte de notícias publicada pela Environmental Health Sciences, uma empresa de mídia sem fins lucrativos.

N.E. - Em Janeiro de 2012 a Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária brasileira proibiu a venda de mamadeiras e outros utensílios destinados a lactentes que contenham BPA.





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