Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Internacional
Quarta - 08 de Março de 2006 às 12:55

    Imprimir


Michelle Bachelet receberá um país ordenado política e institucionalmente cuja economia cresce graças aos eficazes acordos de livre-comércio e da avidez da China pelo cobre.

No entanto, o milagre chileno arrasta a mácula da desigualdade social, um dos problemas herdados por Bachelet.

A explosiva demanda do metal vermelho pela China deu um impulso adicional à economia do Chile, principal produtor mundial de cobre, cuja cotação sobe há três anos.

Nesse período, o preço do cobre se multiplicou três vezes e superou pela primeira vez os US$ 4.550 por tonelada.

Para o Chile, cada centavo de dólar no preço médio anual do cobre supõe para o fisco mais de US$ 40 milhões e US$ 72 milhões em termos de balança de pagamentos.

Por outro lado, o Chile tem assinado tratados de livre-comércio com a União Européia, México, Canadá, Estados Unidos, Coréia do Sul, Nova Zelândia, Cingapura e recentemente com a China, além de preparar outros com a Índia e Japão, o que elevou seu intercâmbio comercial ao equivalente a 60% do Produto Interno Bruto (PIB).

Os acordos supõem exportações chilenas subsidiadas que chegarão a mais de 2 bilhões de consumidores em 47 países de todo o mundo.

No entanto, mais de um milhão de "pobres com teto", em torno de Santiago, fazem parte das bolsas de pobreza que ainda persistem no Chile, que aparece como um dos piores países no quesito distribuição de renda.

Nas ruas, exuberantes edificações e veículos de última geração, especialmente na zona leste da capital chilena, contrastam com seus arredores, onde há um anel de pobreza, delinqüência e drogas.

O modelo neoliberal imposto pela ditadura (1973-1990), com salários paupérrimos e com crescimento baseado em abertura ilimitada ao capital externo não foi modificado pelos Governos democráticos que se seguiram, que optaram por dar maior eficiência ao modelo já adotado com justiça social, sem, contudo, acabar com os contrastes sociais.

Chilenos de classe média baixa viajando pelo mundo, a maioria donos de automóveis novos, de procedência japonesa ou sul-coreana - e, muito em breve, chineses - e com televisores de plasma em suas casas fazem parte da "maravilha econômica".

A renda por habitante dos chilenos passou de US$ 4.568 em 2003 para US$ 7.300 em 2005 e a projeção para 2006 é de um crescimento econômico entre 5,5% e 6%, muito próximo ao de 2005 que, segundo dados preliminares, chegou a 6,3%.

Por outro lado, o superávit comercial do Chile em 2005 foi de US$ 9,236 bilhões, permitiu que, pela primeira vez, o Produto Interno Bruto (PIB) chileno chegasse no ano passado próximo de US$ 110 bilhões.

Mas, outro ponto obscuro são as dívidas contraídas pelos chilenos, especialmente pela facilidade de crédito nos bancos e nas lojas.

Atualmente a dívida das famílias compromete 43% de suas receitas, segundo dados do presidente do Banco Central, Vittorio Corbo, que qualificou como "natural" essa situação em uma economia que cresce "em forma sólida".

"Acho que é natural que uma economia que está crescendo de forma sólida, onde se estão melhorando as condições para conseguir um emprego, que os consumidores avaliem a idéia de pedir créditos", disse Corbo.

Em todo caso, a dívida dos chilenos ao ano ainda está muito abaixo dos 80% que devem os alemães e espanhóis e aos 120% dos Estados Unidos, acrescentou.

Segundo Arturo Martínez, presidente da Central Unitária de Trabalhadores (CUT), o grande desafio de Bachelet será convencer os grandes empresários, "que tanto ganharam com os tratados de livre de comércio" a colocarem a mão no bolso e pagarem "salários decentes".

Martínez disse à EFE que no Chile 0,5% dos 15 milhões de habitantes "são muito ricos e têm todo o poder".

Segundo sua opinião, o Chile, apesar de sua eficiente macroeconomia, "jamais chegará será um país desenvolvido se não acabar com a grande brecha que existe entre ricos e pobres".

Segundo analistas econômicos 5% dos chilenos mais ricos ganham 220 vezes mais que os 5% mais pobres, enquanto que 80% da população ganha menos de 300 mil pesos (US$ 576) ao mês, herança de difícil solução para Bachelet.





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/314239/visualizar/