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Segunda - 09 de Janeiro de 2006 às 07:16
Por: Keka Werneck

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A polícia perdeu o rastro do pistoleiro Célio Alves, que fugiu, às 16h15 do dia 24 de julho do ano passado, da Penitenciária do Pascoal Ramos, em Cuiabá, portanto há 168 dias.

"Em tese, sim, perdemos ele, porque se soubéssemos onde o Célio está, iríamos prendê-lo", admite o secretário Adjunto de Justiça, Sebastião Ribeiro, que administra o sistema prisional.

A resposta para a maioria das perguntas sobre o caso, feitas pela reportagem a diversas autoridades policiais, é sempre a mesma: "Isso é sigilo".

Indagado sobre o paradeiro de Célio, Ribeiro admite. "Eu não sei". Perguntado se ele estaria na cidade, no Estado ou no País, mais dúvidas. "Não sei, o Brasil é muito grande e todo foragido tem suas artimanhas para se esconder, documentos falsos, fazer cirurgia plástica..." - supõe. Indagado se Célio teria refeito a face, outra negativa. "Não sei". Com que dinheiro Célio Alves estaria sobrevivendo? Da família, do João Arcanjo (para quem trabalhava)? "Não posso responder isso".

Questionado sobre o rumo das investigações, ele compara as ações policiais ao trabalho de catadores de grama da espécie "tiririca". "A gente arranca aqui e brota outra ali e a gente arranca lá e brota outra aqui".

Não há uma equipe específica por conta de capturar o Célio. O que se diz é que todo o aparato policial do Estado está envolvido nisso.

A cada informação que chega, geralmente pelo 0800 65 39 39, o serviço de inteligência afirma agir. "Até que chega um momento em que não há nada mais para fazer", admite Sebastião Ribeiro.

"De fato, há algum tempo que não ouço falar sobre o Célio", admite também o delegado adjunto de Inteligência, Marcelo Martins, embora ele afirme não ter trabalhado diretamente no caso.

O que faz de Célio um foragido perspicaz é que ele já foi policial, então "sabe onde vai encontrar quem o ajude dentro da própria corporação. Ele tem até familiares na polícia, um irmão", lembra Ribeiro.

As investigações sobre a fuga dele também não estão concluídas. O delegado adjunto do Centro Integrado de Segurança e Cidadania Sul, Clocy Hugueney, é responsável pelo inquérito que já tem quase mil páginas. Perguntado sobre o que já sabe, Hugueney é constrito, mas fornece uma meia-novidade, vamos dizer assim. "Há grandes chances de ter havido envolvimento de servidores na fuga do Célio", revela o que já era provável pelas circunstancias. Célio passou por dois portões e andou por todo setor administrativo da penitenciária antes de pular o muro dos fundos. O que faz o delegado acreditar nesta hipótese da colaboração é o laudo da reconstituição da fuga, feita dia 15 de setembro. "Agora preciso de fazer outras diligências e por isso pedi mais 60 dias de prazo para continuar as investigações", alega o delegado. Indagado sobre quais diligências vai fazer, o delegado repete que isso é sigilo.

Sobre as pistas que levam as investigações para fora da penitenciária, "além-muro", o delegado afirma que tem informações importantes sobre o que aconteceu antes de Célio escapar. Mas sobre isso também não pode falar. "Bandido lê jornal", argumenta.

Hugueney afirma ainda que o excesso de trabalho atrasa as apurações deste e de outros casos que estão sob sua responsabilidade. "Tenho 140 inquéritos e não só este", justifica.

Indagado se tem orientação para priorizar este caso, o delegado despista. "Não, mas este temos uma certa necessidade de que ele termine porque tem repercussão e a sociedade cobra".




Fonte: A Gazeta

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