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Cidades/Geral
Domingo - 01 de Maio de 2005 às 07:46
Por: Fabiana Batista

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Crescem as denúncias de erros médicos em Mato Grosso. Apenas nos quatro primeiros meses deste ano 20 queixas foram feitas no Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM/MT), mesmo número verificado em todos os 12 meses de 2004. A ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS) de Cuiabá também registrou aumento de processos abertos por suspeita de erro médico. Foram cinco casos entre janeiro a abril deste ano, número expressivo se considerar que em todo ano passado a ouvidoria abriu oito processos por esse motivo.

A maior parte das ocorrências envolvem ginecologistas e ortopedistas. São crianças com paralisia cerebral resultante de possível atraso no parto, causado por suposta negligência médica. Cirurgias com erros grosseiros, como colocação de pino mecânico em artérias com consequências irreversíveis para pacientes. Ainda há registro de mulheres com infecções vaginais que saem do hospital com problemas sérios resultantes de cirurgias mal sucedidas.

Para o corregedor do CRM em Mato Grosso, José Fernando Vinagre, a confiabilidade da população no conselho ajuda a explicar o motivo do acréscimo das estatísticas. "As pessoas sabem que podem recorrer ao conselho que terão uma resposta; por isso estão denunciando mais", acredita Vinagre.

No entanto, essa confiança não é tão grande quanto a classe médica imagina. Pelo menos se considerar a postura da Associação das Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso (Avem-MT). Por desacreditar no conselho, a entidade não envia nenhum caso para julgamento no CRM. O trâmite para a Avem, segundo o advogado Luís Antônio Siqueira Campos, começa na Justiça, que determina perito médico para avaliação dos processos.

"As ações da Avem que, em algum momento obtiveram parecer do CRM, foram anteriores à entrada na associação", observa a presidente da entidade, Maria de Fátima Oliveira. Ela pontua ainda a dificuldade de encontrar peritos "neutros" para dar pareceres médicos.

O corregedor do CRM protesta e não considera o conselho corporativista. Essa visão é equivocada, na sua opinião. "Milito há 12 anos no conselho e tenho consciência tranquila quanto aos julgamentos que fazemos", avalia Vinagre.

Ele também delega ao ensino de baixa qualidade nas faculdades de medicina e à falta de infra-estrutura nos hospitais públicos parte da responsabilidade pelos erros decorrentes da prática da medicina. "Muitas vezes faltam materiais básicos de trabalho", denuncia.




Fonte: A Gazeta

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