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Saúde
Quinta - 28 de Abril de 2005 às 08:04

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Um novo aliado contra a transmissão do vírus da aids poderá ser testado em voluntários de Belo Horizonte (BH). A mais recente arma dos médicos para combater a doença é o microbicida, um gel que seria capaz de matar o HIV, aplicado na parte íntima do corpo antes das relações sexuais.

O método de prevenção é um dos assuntos que promete esquentar os debates do VI Simpósio Brasileiro de Pesquisa em HIV/Aids (Simpaids). A partir desta quinta-feira até o próximo domingo, 300 especialistas da doença no Brasil e dez dos Estados Unidos e Europa estarão em Ouro Preto (MG) para discutir os avanços no tratamento, as políticas públicas de prevenção e as pesquisas de vacinas.

O método está em fase final de teste, mas os médicos já alertam que o microbicida deve ser usado junto com o preservativo, evitando a contaminação do vírus da Aids. O imunologista do Hospital das Clínicas, Jorge Andrade Pinto, um dos coordenadores do simpósio, afirma que a intenção é testar o microbicida em pacientes voluntários.

"O microbicida é muito importante na prevenção, já que o uso é prático, além do custo de produção da vacina ser muito maior", explicou.

A intenção do imunologistas e infectologistas do Hospital das Clínicas é aproveitar o contato com os especialistas dos Estados Unidos que estão testando o microbicida para que cedam o produto ao Hospital das Clínicas, com a finalidade de realizar testes. A palestra sobre esta forma de prevenção será proferida pelo médico norte-americano Ian McGowan, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do microbicida.

Novo remédio

Especialistas do exterior e de outros estados brasileiros também vão ouvir em Ouro Preto relatos de uma experiência no tratamento da aids, que está dando resultado em Minas Gerais.

O imunologista Jorge Andrade Pinto destaca os bons resultados obtidos em três crianças com menos de seis meses infectadas pelo vírus da aids. Elas estão fazendo o uso há quatro meses do Kaletra, um dos medicamentos que compõem o coquetel.

"O medicamento era usado em crianças acima de seis meses de idade e em adultos. Os testes feitos em Belo Horizonte comprovam que a carga viral nas crianças infectadas vem diminuindo, comprovando sua eficácia", explicou.

De acordo com o imunologista, os medicamentos estão sendo cedidos pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.

O coordenador do Simpaids, o infectologista do Hospital das Clínicas Dirceu Greco, afirma que os especialistas reunidos em Ouro Preto vão debater a eficácia de 23 vacinas que estão sendo testadas em todo o mundo. Uma norte-americana, que está sendo estudada na Tailândia, está entre as que poderão ser colocadas no mercado ainda neste ano.

O programa do governo brasileiro que fornece o coquetel de medicamentos da Aids para 340 mil pessoas também será debatido pelos representantes do Ministério da Saúde e de entidades não governamentais que participam de uma mesa redonda, no domingo.

A polêmica será em torno do atraso na compra de medicamentos que compõem o coquetel no mês de fevereiro último, o que obrigou o governo brasileiro a comprar remédio da Argentina.

Entidades pedem exame

Entidades não governamentais vão pedir ao Ministério da Saúde que adote em outros estados o programa que garante exames de carga viral em pessoas infectadas pelo vírus da Aids, realizado em Minas Gerais.

Pelo menos 600 exame são feitos por mês no Hospital das Clínicas em pessoas soro-positivas. O exame, repetido a cada quatro meses, é feito com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).

"É através do exame de carga viral que o médico pode aumentar ou diminuir a dosagem dos medicamentos do coquetel, evitando o surgimento de doenças. Quando a quantidade de vírus é pequena, a pessoa pode tomar apenas três medicamentos", declarou D.G, 23 anos, estudante de Salvador e que há quatro anos descobriu que estava infectado.

Ele veio a Minas para participar do simpósio e promete cobrar do Ministério da Saúde que os exames sejam ampliados na Bahia, onde a fila de espera para fazer o exame de carga viral é de dois meses.

"Muitas vidas serão salvas e a qualidade de vida das pessoas soro-positivas vai melhorar", disse.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, o número de mortes de pessoas vítimas da aids vem caindo em Minas. No ano passado, foram 748 mortes, sendo 508 homens e 240 mulheres.

A redução é atribuída à ampliação da distribuição do coquetel, bem como ao controle da carga viral.

Segundo a Secretaria, em 2003 foram registrados 852 óbitos. Destes, 595 foram do sexo masculino e 257 do sexo feminino. Em 2001, a doença matou no Estado 859 pessoas e no ano seguinte o número de óbitos chegou a 810. Belo Horizonte e Curitiba foram escolhidas foram as cidades escolhidas pelas Nações Unidas e pelo Ministério da Saúde para integrar o Centro Internacional de Cooperação Técnica en HIV/aids.

A entidades escolhida de Minas Gerais foi a Coordenação Municipal DST/aids da Secretaria Municipal de Saúde. Este programa será um dos assuntos do seminário "Prevenção da Aids em Homens Heterossexuais", que será realizado hoje na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), em Belo Horizonte.

No seminário, será lançada a campanha publicitária "no jogo da vida, vista a camisa da prevenção". Os zagaueiro Adriano, do Atlético, e o centroavante Fred, do Cruzeiro, cederam as imagens deles para a campanha que será lan çada em maio.




Fonte: Terra

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