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Educação/Vestibular
Quinta - 17 de Março de 2005 às 22:10
Por: David Moisés

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Birmingham (Inglaterra) - Os desenvolvedores de softwares pedagógicos não estão oferecendo produtos que atendam às escolas e seus alunos, e vão ficando para trás enquanto as crianças do século 21 tentam dominar a leitura e a escrita de maneiras novas e diferentes. “Estão perdendo a corrida, com programas chatos” numa era em que “o leitor pode escolher formas diferentes de ler um texto” e que “a própria capacidade de ler e escrever tem novos significados”, afirmou nesta quinta-feira o professor Gordon Askew, num dos seminários de abertura da Education Show, a maior feira de educação do Reino Unido, em Birmingham.

Askew coordena a força-tarefa do governo britânico para a aplicação de novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) nas escolas de ensino básico e desenvolveu, com uma pequena equipe, um conjunto de programas que devem ser aplicados dentro dos próximos três anos em toda a rede pública.

“Para ter programas de qualidade é preciso contar com gente que liga para o processo de aprendizado, e não tanto com especialistas em tecnologia”, disse ele ao Portal Estadão, lembrando que basta um sistema simples como o do Power-Point para fazer coisas muito avançadas.

Além de simples, os programas podem ser mais baratos, ressaltou. “Produzimos sete CD-Roms que vão para todas as escolas, numa caixa azul, a um custo bem menor do que de outros projetos voltados às escolas”, contou Askew.

Na apresentação, ele mostrou alguns exemplos de textos dos CD-Roms que permitem “ler não apenas palavras, mas informações de diversas formas”, organizadas numa “orquestração”.

Decisão do leitor

O “texto” aparece na tela do computador como uma imagem, a foto de uma cena com os personagens da pequena história que vai ser contada. O leitor pode, então, clicar sobre qualquer personagem e ler, em balões de HQ ou caixa de texto, o que ele está pensando e falando, ou mesmo uma narração sobre ele.

Em qualquer momento é possível voltar ao menu principal para, entre outras coisas, ler caixas de texto com explicações sobre cada personsagem.

Ao longo da história as crianças têm momentos em que podem escolher qual atitude o personagem tomará (borrar ou não o desenho da colega, por exemplo), e então entrar em sub-páginas para ler e discutir as repercussões da atitude escolhida.

“Assim se estimula a discussão e se dá voz às crianças”, observou o professor. “Não precisamos mais somente da leitura linear, determinada pelo autor do texto; o leitor decide como ler

Paixão por livros

Askew se defendeu previamente dos que possam acusá-lo de atentar contra os livros. “Sou um apaixonado por livros e não posso imaginar a escola sem eles”, garantiu.

O programas foram feitos para ser aplicados em pequenos grupos, que vão trabalhar com eles enquanto o restante da turma faz as atividades com textos em papel.

O objetivo deste projeto – apresentado justamente num seminário sobre desafios e oportunidades no letramento com o uso de TICs – é habilitar as crianças a dominar formas de texto que não existiam antes e que agora estão na rotina das pessoas, com formatos específicos e recursos como hipertexto e animação, além do próprio fato de poderem tão facilmente ser apagados e refeitos, parcial ou totalmente.

Estratégia Nacional

Em outro seminário no Education Show, a conselheira para ensino básico Janice Staines apresentou outros projetos de uso de TICs nas escolas, em diversas outras disciplinas, e a estrutura de suporte aos professores que está sendo montada para sua implementação.

Enquanto Askew faz parte da chamada Estratégia nacional, um programa do governo Tony Blair para a área de educação, Janice atua na Agência Britânica de Comunicações e Tecnologia para Educação (Becta).

São dois braços de um amplo programa governamental iniciado há sete anos e que vem procurando redefinir diretrizes para o ensino básico e secundário. O mote do programa é “colocar quem aprende no centro do sistema educacional” e parece disseminado nesta edição do Education Show.

O evento, na segunda maior cidade britânica, reúne mais de 600 empresas ligadas ao mercado da educação, oferecendo desde brinquedos educativos a sofisticadas lousas e carteiras eletrônicas. Cerca de 20 mil pessoas devem passar pela feira nestes três dias.





Fonte: Agência Estado

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