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Educação/Vestibular
Domingo - 27 de Fevereiro de 2005 às 16:40
Por: Liésio Pereira

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São Paulo – O Projeto Farmácias Notificadoras, lançado na última semana em São Paulo, facilita a comunicação entre o usuário de medicamentos e os órgãos de vigilância sanitária, responsáveis pelo controle dos remédios. Quando houver alguma reação adversa, os usuários podem procurar as farmácias credenciadas para notificar e receber orientações dos farmacêuticos.

O projeto foi idealizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em parceria com o Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo (CVS/SP) e o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF/SP). Inicialmente, o projeto funciona em 37 farmácias paulistas, cujos profissionais foram treinados para receber as notificações e orientar os consumidores.

"Nós fizemos um curso para sermos capacitados a tirar dúvidas de pacientes, explicar coisas que constam na bula e são exageradas. Até desvios de qualidade podem ser notificados", explica a farmacêutica Cíntia Aparecida Ruano, uma dos profissionais que fizeram curso promovido pela Anvisa.

Segundo o presidente do CRF/SP, Francisco Caravante Jr, os farmacêuticos treinados estão preparados para esclarecer dúvidas e, nos casos mais graves, encaminham a queixa diretamente à vigilância sanitária. "O farmacêutico vai saber se é um problema de qualidade do produto ou de ação do medicamento no organismo das pessoas. Eles aprenderam tudo em relação a farmacovigilância e como devem se comportar, entrevistar as pessoas que chegam com problemas a uma farmácia desse projeto", observa.

Caravante Jr diz que é comum os usuários de medicamentos se confundirem ao ler bulas de remédios. "As pessoas que não são formadas na área interpretam aquilo com uma gravidade maior do que significa", explica. Ele lembra que no Brasil as pessoas costumam procurar as farmácias para denunciar problemas dos medicamentos, até mesmo pela proximidade de suas casas e pela relação que mantêm com os farmacêuticos.

"O projeto também é muito importante para resgatar o papel da farmácia e do farmacêutico na sociedade, ou seja, deve ser um instrumento de saúde e não de vender chocolate, como muitos acham", observa. Para Caravante Jr, a medida representa um "grande avanço" no sentido de permitir que a população aprenda, se eduque, e se conscientize do "grande problema de saúde pública que é usar um medicamento de maneira ruim".

O coordenador de Farmacovigilância do CVS/SP, Marcos Mendes, lembra da dificuldade da população em procurar um médico do sistema público de saúde para relatar as reações aos remédios, porque uma consulta pode demorar até mesmo alguns meses. "A população tem dificuldade para fazer qualquer queixa, seja problema de qualidade seja uma reação. Se a queixa for feita direto com o farmacêutico, o acesso é mais rápido, fácil e direto", explica.

Mendes destaca que os consumidores devem indicar qualquer tipo de reação adversa, até mesmo as previstas em bula. Quando houver muitas notificações sobre um determinado efeito colateral, os laboratórios devem ser alertados a especificar claramente na bula. "Os farmacêuticos fazem uma espécie de mini-consulta. Se for realmente uma notificação adversa decorrente de qualidade, eles preenchem a ficha. O que for considerado grave, será enviado para nós por fax ou e-mail. O que não é grave vai para o Conselho Regional de Farmácia, que encaminha relatórios mensalmente para nós analisarmos tudo", acrescenta.

As farmácias que participam da primeira fase do projeto, de seis meses, receberam um selo, exposto em local visível. Elas foram selecionadas porque cumpriram os critérios de ter a presença de um farmacêutico durante todo o horário de funcionamento, atenderem às exigências sanitárias e não terem pendências no CRF/SP. A intenção é estender o projeto para as cerca de 14 mil farmácias do estado e ampliar o projeto para todo o país.





Fonte: Agência Brasil

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