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Educação/Vestibular
Terça - 22 de Fevereiro de 2005 às 06:27
Por: Karine Rodrigues

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Rio de Janeiro - Universitários de baixa renda de cinco instituições federais vão participar de um projeto piloto do Ministério da Educação, o Conexões de Saberes, que dará bolsas de extensão a alunos que moram em favelas e periferias. O objetivo estimular a troca de experiências entre a academia e as comunidades onde residem. Espera-se, com isso, promover a produção de trabalhos científicos relacionados às favelas e periferias e auxiliar na adaptação dos alunos dentro do novo ambiente de estudo.

"Há um grande autoritarismo da universidade em relação aos espaços populares. É necessário promover uma troca, pois a interação entre os dois universos é fundamental para a elaboração de políticas públicas. Precisamos saber quais são, na verdade, as demandas e a lógica de cada comunidade", observa o geógrafo Jailson de Souza, coordenador nacional do Conexões de Saberes, acrescentando que, para este ano, estão garantidos R$ 3 milhões para o projeto. "A idéia é adotá-lo em todas as federais", adianta.

Além de buscar subverter a forma de concepção de programas governamentais, geralmente baseada no "de fora para dentro", a iniciativa, segundo Jailson, é uma maneira de preparar a universidade para receber estudantes que, até então, participavam de um sistema de ensino menos eficiente. "É inevitável que, com a universalização do acesso à universidade, o ensino foi precarizado. Precisamos criar condições de permanência, considerando a especificidade dos alunos", diz, ressaltando que é preciso também fazer com que os laços de origem sejam mantidos. "A referência com a comunidade não pode ser perdida. Não há razão para ter vergonha".

Na primeira fase do projeto, que inicia em março, serão selecionados 125 estudantes, sendo 25 de cada uma das cinco instituições participantes: Universidade Federal Fluminense e as federais do Rio, de Pernambuco, de Minas e do Pará. Após uma entrevista e uma prova de redação, os escolhidos receberão uma bolsa de iniciação científica no valor R$ 241,50 e o acompanhamento de um professor e dois alunos de pós-graduação, que irão orientá-los na elaboração de trabalhos.

Inclusão social - De acordo com o pró-reitor de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marco Antônio França, o projeto é uma forma de inclusão social. "Os estudantes vão receber conhecimentos extras, que vão além do curso de graduação, e participarão ativamente dentro da comunidade onde moram, realizando, por exemplo, cursos de pré-vestibular e de reforço. Esta é a melhor maneira de recuperar o ensino público, ou seja, promover a inclusão", destaca ele, que evitar comentar a política de cotas.

Diretora da Divisão de Programas e Projetos da UFRJ, Ana Inês explica que o único pré-requisito para participar da seleção é ser morador de comunidade de baixa renda. No entanto, no caso da instituição, será dado prioridade para estudantes de duas regiões do Rio, o complexo Alemão e do Caju, ambas na zona norte. "São áreas muito carentes e também próximas daqui", justifica, acrescentando que uma das primeiras atividades do grupo será a realização de um levantamento sobre o número e o perfil dos alunos carentes da UFRJ.




Fonte: Agência Estado

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