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Saúde
Quinta - 09 de Dezembro de 2004 às 16:46
Por: Marcelo Torres

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Um estudo publicado na revista científica The Lancet, que analisou dados de cinco anos de pacientes britânicas, mostra que o atual tratamento para mulheres que já passaram pela menopausa e tiveram diagnóstico de câncer de mama deve ser mudado. O trabalho mostra que a droga anastrozole é mais eficaz que o tamoxifen - a droga mais usada e mais barata - para evitar que o câncer se espalhe ou que retorne em mulheres que já passaram pela menopausa.

Os autores do estudo recomendam que pacientes nessas condições que estejam recebendo tamoxifen tenham o tratamento interrompido imediatamente - entre os efeitos colaterais estaria a possibilidade de desenvolver câncer de útero.

O maior problema está no preço da medicação. O custo anual do tratamento com anastrozole na Grã-Bretanha é de 1 mil libras (aproximadamente R$ 5 mil) por ano. O tratamento com tamoxifeno sai por menos de 30 libras (cerca de R$ 150) pelo mesmo período.

Brasil

Os autores do estudo duvidam da capacidade do serviço público britânico oferecer o anastrozole a curto prazo.

No Brasil, que tem ainda menos recursos nesse setor, a tendência é a mesma. O chefe do serviço de oncologia pública do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Carlos José Coelho de Andrade, diz que médicos do mundo inteiro receitam o tamoxifen em casos de câncer de mama.

Ele diz que as vantagens do anastrozole já são conhecidas da comunidade médica brasileira, mas que o remédio só é usado quando as outras alternativas falham.

"Nem os Estados Unidos, nem nenhum outro país que tenha um serviço público têm facilidade de incorporar essas novas drogas de oncologia", diz Andrade.

"O benefício existe, não há dúvida. Mas, do ponto de vista bioético, você tem que oferecer o melhor ao maior número de pessoas possível."

O médico diz, ainda, que equipes técnicas do Ministério da Saúde discutem constantemente a incorporação de novas drogas ao serviço público.

O resultado da pesquisa publicada na The Lancet deve ser discutido no ministério.

Até agora, apenas o "abstract" (resumo) do trabalho havia sido divulgado. A falta de detalhes não permitia a discussão.

Panorama mundial

Atualmente, mulheres com câncer de mama e que já passaram pela menopausa são aconselhadas pelos médicos a tomar tamoxifen por cinco anos.

Mas o tratamento com a droga nesse grupo pode ter efeitos colaterais, incluindo câncer de útero e desordens sangüíneas.

Há também o risco de o câncer de mama retornar ou se espalhar.

A pesquisa britânica foi feita com nove mil mulheres com câncer de mama que já haviam passado pela menopausa.

Elas receberam os dois tipos de drogas em algum período dos últimos cinco anos.

Na comparação com o tamoxifen, o anastrozole aumentou em 10% o número de casos em que as mulheres se livraram totalmente da doença.

Houve também um crescimento de 20% no período de tempo em que o câncer voltou a aparecer, nos casos em que houve recorrência.

De acordo com o levantamento, o anastrozole reduziu em 14% a chance de o câncer se espalhar para outros órgãos e em 40% a chance de atingir a outra mama.

Os dois tipos de droga atuam na produção do hormônio feminino estrógeno.

"As altas taxas de recorrência, o grande número de eventos adversos e de tratamentos interrompidos associados com o tamoxifen servem de apoio para a idéia de oferecer as terapias mais efetivas e toleradas assim que for possível", diz o chefe da equipe de pesquisa, Anthony Howell, do Christie Hospital NHS Trust, na cidade de Manchester.




Fonte: BBC Brasil

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