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Saúde
Terça - 30 de Novembro de 2004 às 16:43

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O Boletim Epidemiológico da Aids 2004, divulgado hoje em Brasília pelo Ministério da Saúde, mostra pela primeira vez os números da epidemia segundo raça e cor.

Os dados apontam que a população branca representa a maior parte dos registros (51,35%), seguida da população negra e parda (33,44%). A porcentagem de casos entre índios é a menor e representa 0,17% do total.

Observa-se que, proporcionalmente, há uma tendência de estabilização entre a população branca e crescimento entre a população parda e negra.

A publicação apresenta uma base de dados reformulada e ampliada, a partir do cruzamento com duas bases de dados oficiais.

O procedimento permitiu demonstrar, com mais realidade, o registro de casos de aids no Brasil.

A nova composição do boletim une as informações do Sistema de Controle Laboratorial (Siscel), do Programa Nacional de DST/Aids; e do Sistema Nacional de Agravos de Notificação/Aids (Sinan/Aids).

Isso permitiu a recuperação de 41.249 casos que ainda não tinham sido notificados no Sinan/Aids.

Com isso, o total de casos da doença acumulados desde 1980 passou de 321.163 para 362.364.

Os dados apontam que a epidemia de aids está em um processo de estabilização, embora mantenha patamares elevados. Um outro destaque do Boletim 2004 são os casos de sífilis congênita, que constam pela primeira vez da publicação e muitas vezes não são notificados. De janeiro a junho deste ano, foram 2.221 casos da doença congênita – o que representa uma incidência de 0,7 casos a cada mil nascidos vivos.

Se os números da sífilis se mantiverem no segundo semestre, 2004 terminará com ligeira queda dos índices em relação a 2003, quando foram registradas 4.607 ocorrências congênitas (incidência de 1,5 casos a cada mil nascidos vivos).

Considerando as características maternas, a maioria dos casos de sífilis ocorre em mulheres entre 20 e 29 anos, com acompanhamento pré-natal, tendo sido a doença diagnosticada durante a gestação, e cujos parceiros não receberam tratamento adequado. A abordagem correta seria diagnosticar e tratar a mãe e o seu parceiro (no caso de ela ter um fixo), para evitar recontaminação da mulher. Homens e mulheres Os números da aids entre homens demonstram a tendência de estabilização da doença.

Em 1998, foram notificados 21.056 casos, contra 19.648 em 2003.

Até junho deste ano, o registro é de 8.306 casos. Essa estabilização pode ser vista principalmente na categoria de exposição homo/bissexuais.

A porcentagem de casos entre homens que fazem sexo com homens, que era de 30% em 1998, caiu para 25% em 2004.

Já entre os homens da categoria heterossexual, o índice tem crescido. Nesse mesmo período, foi observado um aumento de 30% para 42%.

Entre as mulheres, por outro lado, o número de casos é o maior desde o início da epidemia.

Enquanto em 1998 havia 10.566 registros, em 2003 esse número chegou a 12.599. Até junho de 2004, mais 5.538 casos já tinham sido notificados.

A proporção entre homens e mulheres, que era de 16 casos em homens para cada mulher, no começo dos anos 80, atualmente é de dois para um. Esses números demonstram a importância da mobilização do Dia Mundial de Luta contra a Aids, comemorado em 1º de dezembro, que tem como tema este ano "Mulheres, meninas, HIV e aids".

Entre os usuários de drogas injetáveis, o número de casos de aids vem mantendo a tendência de queda observada nos últimos anos. A porcentagem de casos nessa categoria de exposição, que era de 27% em 1994 (no sexo masculino), desceu para 13% em 2004. Entre as mulheres da mesma categoria, o índice de uma década atrás era de 17%. Hoje, é de apenas 4,3%.

Já a taxa de mortalidade aponta para um quadro de estabilidade, nos últimos anos. No público masculino, o índice registrado em 2003 é o mesmo de 2001 – 8,8 mortes a cada grupo de 100 mil homens. Entre as mulheres, houve um discreto aumento: em 2001, foram 3,9 óbitos por 100 mil mulheres; em 2003, o total registrado foi de 4 mortes a cada 100 mil mulheres.

Situação regional Considerando a taxa de incidência da aids (número de casos da doença por grupo de 100 mil habitantes), o crescimento da epidemia é observado em todas as regiões do país, exceto no Sudeste, onde há estabilização com tendência de queda. Entre 1998 e 2003, a taxa de incidência nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo caiu de 29,4 para 24,3. No mesmo período, o Nordeste apresentou um discreto aumento na incidência, que passou de 6,7 para 6,8.

Nas demais regiões, a taxa de incidência da aids só aumentou, no comparativo entre 1998 e 2003. No Sul, saltou de 24,9 para 26,6 (crescimento de 6,8%). No mesmo período, o Centro Oeste viu seu índice saltar de 13,9 para 19,9 (mais de 43% de aumento). O Norte experimentou o maior crescimento (46,6%) na taxa de incidência: passou de 6,0 para 8,8 casos a cada 100 mil habitantes. A taxa de incidência deve ser mais levada em conta do que o número absoluto de casos porque revela o risco de determinada população ter a doença.

Faixa etária No corte por idades, o boletim epidemiológico revela algumas diferenças entre os sexos. Nos homens, observa-se um certo deslocamento do aumento na taxa de incidência para a população acima de 40 anos. Os indivíduos masculinos na faixa dos 40-49 anos apresentam taxa de incidência estável: 51,0 em 1998; 50,9 em 2003.

Já na faixa dos 50-59 anos registra aumento no mesmo período: a taxa passa de 25,2 para 26,4.

Considerando todas as faixas etárias, a taxa geral de incidência caiu de 26,4 para 22,6 em cada grupo de 100 mil homens.

Entre 1998 e 2003, observa-se que o aumento da taxa de incidência na população feminina desloca-se para os grupos acima dos 30 anos.

Nas mulheres, há crescimento da taxa de incidência em todas as faixas etárias a partir dessa idade. A exceção é entre as jovens, que demonstram discreta queda do indicador nos grupos entre 13 e 29 anos.

Considerando todas as faixas etárias, a taxa geral de incidência subiu de 12,9 para 14,0 em cada grupo de 100 mil mulheres.





Fonte: RMT Online

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