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Cidades/Geral
Sexta - 29 de Outubro de 2004 às 21:56
Por: Suzi Bonfim

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Os índios da Reserva Bakairi, localizada entre os municípios de Paranatinga e Planalto da Serra, receberam do Governo do Maggi, nesta sexta-feira (29/10), 70 sacas de sementes de arroz e 30 de milho para plantio na Safra 2004/2005. As sementes são da terceira etapa de distribuição do Programa Panela Cheia, da secretaria de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso (Seder). Pela manhã, o secretário-adjunto de Gestão e Agronegócio da Seder, Farid Tenório Santos e o superintendente de Assuntos Indígenas do governo do Estado, Idevar Sardinha, oficializaram a distribuição das sementes durante a primeira assembléia da Associação Kura Bakairi (Akurabi) realizada na aldeia central Pakuera, a 350 km de Cuiabá, com a presença de caciques de sete aldeias da reserva.

Em quatro horas de discussão os caciques, que representam uma população de quase mil índios Bakairis, falaram sobre o crescimento das aldeias e da preocupação com a geração de renda em um processo auto-sustentável de produção. Os índios querem firmar parcerias com o governo e estão definindo que rumos irão tomar e como poderão ser incluídos de forma mais incisiva nas políticas públicas do Estado. Os caciques querem insumos para os 140 hectares de arroz e maquinários. "Estamos dependendo de adubo para plantar. Este ano queremos variar, e além de arroz, plantar milho e soja. Temos apenas um trator pequeno, e precisamos de pelos menos duas máquinas grandes para nos ajudar", explicou o presidente da Akurabi, Marcides Catulo Peruare.

Uma das principais lideranças do povo Bakairi, Estevão Taukane, disse que a reunião foi altamente positiva em relação ao encaminhamento das ações de auto-sustentação econômica das aldeias. "A presença dos representantes do governo do Estado aqui é muito importante. O governador Blairo Maggi está de parabéns. Ele está demonstrando que governar um Estado, com a diversidade cultural que tem, é preciso caminhar muito, é preciso ouvir as bases e, na minha opinião, ele (Blairo) está fazendo isso muito bem", constatou Taukane, eleito 1º suplente de vereador pelo PPS, em Paranatinga, em 03 de outubro. "Queremos mostrar para o governador que o índio Bakairi é trabalhador e responsável. Nós queremos contar com o apoio dele. Estamos de braços abertos para conversar com o governador", concluiu.

ARTICULAÇÃO - De acordo com o secretário-adjunto da Seder, o governo irá fazer uma articulação junto a Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato) para acionar os sindicatos rurais nos municípios de Paranatinga e Planalto da Serra, que fazem divisa com a Reserva Indígena, e com as prefeituras para elaborar um protocolo de intenções. "Com o acordo, a comunidade Bakairi poderá participar do processo de produção agrícola que já vem acontecendo em outras áreas indígenas do Estado", disse Farid Tenório referindo-se ao protocolo de intenções firmado em Primavera do Leste, entre produtores rurais, prefeituras e índios Xavantes e em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecís onde um acordo foi firmado entre os índios Pareci e agricultores da região para produção de soja.

O secretário-adjunto lembra que para haver parceria com a comunidade indígena, os insumos terão que ser repassados por outros parceiros. "A Seder cedeu a semente e os outros parceiros somados ao processo entram com a infra-estrutura, como máquinas, estradas e armazenagem, e ainda, tecnologia para o cultivo (adubo, herbicidas, inseticidas e fungicidas) para o devido manejo da cultura nessa área. Vamos acionar os outros setores para que eles possam dar um bom retorno à comunidade indígena e ela sim, buscar a auto-sustentabilidade depois da primeira safra viabilizada. Hoje os índios estão tendo que assumir custos do desenvolvimento, energia e combustível. Benefícios que estão implantados, mas eles não têm renda para pagar", ressaltou Farid.

Com a saudade de quem morou dez anos na aldeia central, Idevar Sardinha ficou emocionado ao lembrar do amigo Apoena Meireles, o indigenista morto durante um assalto, na semana passada, em Brasília. Um minuto de silêncio marcou a homenagem dos Bakairi a uma das pessoas que lutaram pelos direitos dos índios no Brasil. "Os interesses das próprias organizações do governo - Funai e Funasa - são divergentes e a superintendência de Assuntos Indígenas, em Mato Grosso, tem procurado intermediar a relação deles (os índios) na cidade, buscado o estreitamento com a sociedade e em situações de conflito busca a construção de um processo de paz regional", destacou o superintendente da área, Idevar Sardinha. O superintendente recebeu do chefe da Funai na aldeia, Gilson Cautu o pedido para liberação da carteira de habilitação de 17 índios no Detran. Segundo Cautu, os índios querem dirigir os veículos da aldeia dentro da lei.

A situação do povo Bakairi é razoável "O povo está conduzindo com muita inteligência e vai redescobrir o caminho do seu autodesenvolvimento", garantiu Estevão Taukane. A aldeia central Pakuera tem a melhor estrutura das nove aldeias da reserva de 63 mil hectares (duas ainda não têm registro). Com energia elétrica, poço artesiano e água encanada em boa parte das casas. Antenas parabólicas garantem a imagem da televisão. A escola estadual tem cerca de 220 alunos, há um posto de saúde e um posto da Funai. A Pakuera surgiu com o antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), hoje Funai, na época do Marechal Rondon. Participaram da reunião os caciques das aldeias: Pakuera, Aturuã, Paikun, Kayahoalo, Cabeceira do azul, Ato Ramalho e Sawâpa.




Fonte: Secom - MT

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