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Internacional
Quinta - 14 de Outubro de 2004 às 19:58

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As ligações entre o terrorismo internacional e o crime organizado foram destacadas nesta quinta-feira por especialistas na luta anti-terrorista, incluindo o juiz espanhol Baltasar Garzón, na VI "Cúpula Mundial sobre Criminalidade Trasnacional".

"Hoje, as novas formas de terrorismo misturam todos e cada um dos elementos" usados pelas organizações criminosas, disse o juiz. Garzón presidiu uma sessão sobre terrorismo internacional no primeiro dos dois dias que reúnem altos funcionários, magistrados e especialistas de 50 países e entidades internacionais.

Outro aspecto do terrorismo internacional é a "horizontalidade", a falta de hierarquia claramente estabelecida como nas organizações terroristas ocidentais ou tradicionais, disse o juiz.

Garzón afirmou que organizações criminosas prestaram apoio ou até se integraram com organizações terroristas.

O diretor da Interpol para crimes especializados, Stephen Schmerbeck, mencionou as dificuldades de diferenciar os fins políticos e criminais.

Ele disse que cada vez mais os terroristas recorrem a atividades criminosas para se financiar e utilizar sistemas paralelos de transferência. As contas das quadrilhas são difíceis de rastrear, pois os pequenos valores não são detectáveis.

Schmerbeck citou os crimes contra a propriedade intelectual como fonte de renda para os terroristas e menos punida que a venda de drogas.

Alex Yearsley, da organização não-governamental "Global Witness", mencionou o tráfico de diamantes como fonte de financiamento do terrorismo internacional. Ele citou operações do chefe da Al Qaeda, Osama bin Laden, na África.

Segundo Yearsley, os diamantes são fáceis de esconder, difíceis de detectar e seu valor é estável.

Gabriele Crespi, especialista da Europol, disse que Bin Laden ainda tem "papel significativo como propagandista" e mesmo quando sair de cena, a militância islâmica não será detida.

Para ele, o "Al Qaedismo" se fortalece a cada dia. A Al Qaeda se tornou "um movimento de massas" dinamizado pela guerra do Iraque.

Já Garzón ressaltou que as novas formas do terrorismo são "as velhas formas do crime". Ele destacou a importância da coordenação entre países, governos, serviços de inteligência, polícias e juízes.

Para o juiz espanhol, a prevenção é o campo de maior trabalho. Garzón insistiu na necessidade de reorganizar as forças de prevenção e repressão, necessidade demonstrada com os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, quando "todos os alarmes falharam".

Para Garzón, também houve descoordenação nos atentados na Espanha, em 11 de março deste ano. "Provavelmente não estávamos preparados para assimilar uma ação terrorista desse porte", disse.

Para a imprensa, ele ressaltou que não existe outro caminho contra o terrorismo internacional "além da legalidade e do conhecimento das organizações terroristas", assim como a união de forças.

"É preciso uma vontade claríssima" de aproximação e de acordo, disse Garzón.

"Se não formos capazes de ver isto, se os governos não forem capazes de esquecer suas diferenças, se os partidos políticos não forem capazes de elaborar um projeto comum tomando o fenômeno da luta contra o terrorismo como uma questão de Estado, não vamos conseguir", advertiu.

Amanhã, Garzón dividirá o Prêmio 2004 da Fundação Forum Universale, organizador da "cúpula", com o decano dos juízes antiterroristas franceses, Jean-Louis Bruguiere, que se mostrou "razoavelmente otimista" sobre as circuntâncias atuais.

"Estamos muito melhor que anos atrás", disse. Apesar disso, Garzón concluiu que existem muitas coisas a melhorar e que ainda não se sabe aplicar todas as forças "no ponto e no momento adequado".




Fonte: EFE

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